Quando príncipe Charles completou 40 anos, em 1988, sua proximidade da Coroa ainda parecia algo mais próximo. Herdeiro direto da Rainha Elizabeth II, que tinha 62 anos na época, muitos julgavam que ela abdicaria de sua posição pelo filho, se não em 3 anos, pelo menos em 8, quando completasse 70 anos de vida. Porém, 34 anos depois, Charles está ainda na mesma posição de herdeiro e pela primeira vez em sua vida substituiu sua mãe na abertura do Parlamento britânico, na primeira ausência da monarca em 69 anos. Desta vez, porém, com a Rainha a apenas 4 anos de seu centenário e com problemas de locomoção, parece que seu dia como Rei está cada vez mais perto. Foram mais de sete décadas de treinamento e espera.


Atrás de Charles está seu primogênito, William, que em junho de 2022 chega ao marco de 40 anos, superando os anos de vida de sua mãe, princesa Diana, morta com apenas 37 anos de vida, e pouco mais da metade de seu pai. Treinado diretamente pela avó e pelo avô, príncipe Philip, falecido em 2021, por muitos anos príncipe William disfrutou de uma popularidade e aceitação públicas ímpares, em parte herdadas da admiração de sua mãe, que o chamava de seu “melhor amigo e conselheiro”, mesmo que mal tivesse 15 anos na época. Porém, toda essa imagem de tímido, doce e preparado está vindo por terra no seu confronto com o irmão, príncipe Harry, que herdou o carisma e a impulsividade de Diana, colocando William em uma posição delicada em um momento crucial, sendo inclusive vaiado em público.
Quando nasceu, em 20 de junho de 1982, o mundo estava completamente apaixonado por Diana e ainda acreditando na farsa do casamento perfeito com Charles, sem desconfiar dos dramas dos bastidores já em andamento. As imagens dele no colo da mãe, rindo, rodaram o mundo e toda uma geração de meninas cresceu com ele simbolizando o sonho do príncipe ideal. Sua conhecida timidez, associada com o ressentimento da intrusão da imprensa, o fizeram uma espécie de mistério. Enquanto Harry sempre se sentiu à vontade para fazer piadas, desde que era criança William se comportou em público como “o futuro Rei”, portanto poucos momentos espontâneos foram efetivamente vistos.



A essa altura, pelo menos nos últimos anos, ficou claro que atrás das paredes dos palácios William não é a figura que muitos imaginavam. De personalidade forte, ele tem “temperamento forte”, brigou muito com o pai, a madrasta e os filhos dela, se indispôs com Harry contra Meghan Markle, e possivelmente teria traído Kate Middleton por volta de 2018, em um caso que ainda é abafado e apenas comentado nas redes sociais. Com a briga com o irmão, a imagem de William foi alterada para sempre como se ele fosse na verdade mais um espelho do pai e de tudo que magoou Diana do que jamais ela pudesse sonhar para seu filho tão querido.


Fora as fofocas, William chega aos 40 de forma bem diferente de Charles. Pai de três filhos, segue casado com Kate, com quem na verdade está há 21 anos (foram 10 de namoro e 11 de casamento), com uma união que deve ter seus podres, mas é alinhada. Como Charles tem 73 anos, a “espera” de William será indiscutivelmente menor, mesmo que a vida entre os Windsors seja bem longa. No entanto ele e Charles herdam um reino ultrapassado, com valores que não se encaixam nos atuais e encaram um senhor desafio de se reinventar. E, por escolha, sem a participação ou apoio de Meghan e Harry.
A vida pública de William já estava ganhando fôlego nos últimos anos, mas certamente a partir de 2022 terá maior velocidade. Não será fácil e o primeiro desafio será definir sua persona, que em tempos binários não o tem na mais populares das esquinas…

