Mary Tyler Moore é um ícone americano e uma estrela internacional. Um nome lendário na TV americana, brilhou no cinema e no teatro, porém sempre guardou para si um certo mistério sobre quem “realmente” era a pessoa, não a artista que inspirou gerações. O documentário Being Mary Tyler Moore tenta decifrar o enigma. Não chega a acertar o alvo…
Com uma carreira que cobriu seis décadas, Mary encarnava a “americana perfeita”: bonita, sem ser linda; inteligente, mas capaz de ser inocente e independente, mas romântica. Por ter estrelado em dois sitcoms lendários como The Dick Van Dyke Show (1961–1966) e The Mary Tyler Moore Show (1970–1977), onde vivia uma esposa que não era submissa em um e uma mulher divorciada no outro, muitos a apontam como um ícone feminista, mas embora fosse moderna, não abraçava a causa. Com nada menos do que sete Emmy Awards, três Golden Globe Awards e uma indicação ao Oscar por Gente como a Gente (Ordinary People), ela era uma defensora dos direitos dos animais, vegetarianismo e prevenção do diabetes (da qual era vítima).

Nascida em Nova York, em 1936, Mary estudou balé e sempre quis ser artista, com apoio familiar. Sempre teve “sorte” e sua carreira encontrou muito poucos problemas, sendo em geral aceita pelo público e por colegas. Nos bastidores guardou dramas pessoais trágicos: o alcoolismo de sua mãe, a morte suspeita de sua irmã (aparente suicídio), morte do irmão ainda novo por causa de câncer e a morte também suspeita de seu filho, em 1980, por um ‘acidente com uma arma’. Diabética e alcoólatra, Mary passou por três casamentos e dois divórcios, sem jamais compartilhar o que aconteceu nessas relações. Being Mary Tyler Moore tampouco esclarece nada de novo sobre os assuntos.
O grande problema quanto à memória de Mary Tyler Moore e sua inegável contribuição para modernizar a figura feminina na cultura americana estava em seu conservadorismo pessoal, meio que uma Regina Duarte americana, mas com menor discurso político. E isso sim, o documentário esclarece, mesmo que com cuidado.
Mary faleceu aos 80 anos, em janeiro de 2017, quase cega, devido a complicações relacionadas ao diabetes que ela tinha desde 1969, com parada cardiorrespiratória complicada por pneumonia. Para gerações que não a conheceram, vale pela curiosidade. Para os fãs, para tentar decifrá-la. Até porque, com o avanço cultural, Mary pode ser reescrita no esquecimento, mas sua complexidade segue nos encantando.
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