Não dá para fugir de quem você realmente é e a conclusão de Succession foi mesmo a que esperava: Tom Wambsgans (Matthew Macfadyen) surpreende os irmãos Roy e é escolhido para ser o CEO da Waystar Royco. Não chega a ser uma surpresa para nós, pois Tom sempre quis a posição e Lukas Mattsson (Alexander Skarsgard) jamais pareceu considerar Shiv (Sarah Snook), mesmo detestando Tom. Aos poucos, Lucas sabia que não poderia ter um Roy e sua toxicidade por perto, mas tampouco poderia ter um estranho no grupo.
A destruição mental de Logan sobre os filhos tornou impossível que eles pudessem, mesmo tentando, se unir. Isso porque, como Kendall comentou, “o veneno pinga” dentro deles e se provou preciso. Unindo à imagem que Tom nos deixou no início da temporada com o presente para Shiv – um escorpião enquadrado – sabíamos a conclusão. “Eu te amo, mas você me mata e eu te mato”, Tom tentou dizer como uma ‘piada’.

A tensão crescente do episódio final de Succession nos destruiu porque foi exatamente coerente com o que nos mostrou: não há heróis nem pessoas menos pior. Em um mundo de rarefeito e ambição, uma punhalada final sempre muda o jogo. No caso aqui, a cada vitória de um eu olhava o quanto ainda faltava para imaginar quem perderia. Shiv era a que a ser derrotada de cara, por sua arrogância e até inocência de que tinha vencido a batalha. Relutante, se sente humilhada porque Kendall ganharia. Os irmãos têm – pela primeira vez – uma conversa 100% franca e se entendem, nos dando um momento no qual são apenas irmãos, crianças, alinhados e felizes. Mas o escorpião não consegue impedir sua natureza.
A escolha de Shiv, que prefere colocar o legado do pai nas mãos de estranhos e de um homem que despreza mostra o quanto despreparada ela é emocionalmente para qualquer trabalho ou relação. Ela prefere tudo isso à ver seu irmão “ganhar”. Entre Kendall e Tom é apenas a mesquinharia que define sua motivação final, assim como sua patologia de transferir sua dependência emocional da figura paterna para seu marido. Humilhada em todos os sentidos, mas vitoriosa.
Succession fechou bem sua trajetória. A surpresa final era previsível e ainda chocante, se encaixando com a realidade. Nunca gostei de Shiv, me entristeceu ver que ela preferiu fazer “dracarys” a ver seu “inimigo” na cadeira do pai, mesmo que esse oponente fosse seu irmão. Torço que, em um futuro fictício, Kendall rompa com Roman e Shiv. Isso porque a imagem de sua desolação ficou marcante. E deu dignidade a uma história trágica.
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