O Poema que “explica” o final de Succession

No Podcast oficial de Succession, o ator Jeremy Strong falou sobre sua despedida de um emocionante Kendall Roy. “Ele perdeu tudo: seu pai, sua moral, sua alma, seus irmãos, seus filhos, amor e perdeu sua ambição que era tudo que ele tinha”, resumiu.

Para Jeremy, o final de Kendall era trágico. E a poesia de John Berryman, que dá o título ao episódio final, resume o sentimento da triste e tóxica relação da família Roy. “Não tem volta pra ele”, argumenta o ator que chegou a gravar uma sequência onde fica mais claro que ele tenta tirar a própria vida. Não foi o final, mas para ele, fica implícito. Afinal, o próprio John Berryman morreu por suicídio, pulando no rio congelado.

Todos os sinais de que a poesia escrita por John Berryman, mostrariam a conclusão trágica estavam lá. O poeta americano publicou sua obra mais famosa, The Dreams, nos anos 1960s. Ele abusava de álcool e lutou contra depressão até seu suicídio, em 1972. A cena de Kendall contemplando a morte olhando para o Hudson River traçou esse paralelo. “Sentou-se, uma vez, uma coisa no coração de Henry tão pesado, se ele tivesse cem anos e mais, e chorando, sem dormir, em todo o tempo”, citou Jeremy comparando o texto a Kendall, “Henry não poderia fazer o bem”.

Outro trecho que encaixa o sentimento da personagem é o que se refere aos olhos de pessoas o julgando e o reprovando. Na poesia é metafórico, no caso de Kendall, real, com todos testemunhando sua maior derrota. “Esse é o final para mim. Eu, como o ator que o encarnou por sete anos, senti naquele momento que toda a esperança havia se extinguido e não havia para onde ir”, comentou Jeremy em uma entrevista à Vanity Fair.

Todos os episódios finais das temporadas de Succession foram entituladas em cima das poesias de The Dreams. A número 29 é sobre culpa e como o que ‘Henry’ sente é tão poderoso que é impossível ajudá-lo de alguma forma. A grande diferença é que enquanto Henry imagina que cometeu um assassinato – mas não o fez – sabemos que Kendall sim.

Um final emocionante, bem desenhado e perfeito. “Para mim, o que acontece na votação do conselho é um evento de nível de extinção para esse personagem. Não há como voltar disso. Mas o que eu amo na maneira como Jesse [Armstrong] escolheu terminar, é um final muito mais forte filosoficamente e tem mais integridade do que a visão geral muito sombria de Jesse sobre a humanidade – que é fundamentalmente, as pessoas realmente não mudam. Eles não fazem a coisa espetacular e dramática. Em vez disso, há uma espécie de loop de destruição em que estamos todos presos, e Kendall está preso nesse tipo de grito silencioso com Colin lá como guarda-costas e carcereiro”, conclui Jeremy Strong na mesma entrevista.

Succession vai fazer falta.

Canção dos sonhos 29

Sentou-se, uma vez, uma coisa no coração de Henry
tão pesado, se ele tivesse cem anos
& mais, & chorando, sem dormir, em todo o tempo
Henry não poderia fazer o bem.
Começa de novo sempre nos ouvidos de Henry
a pequena tosse em algum lugar, um cheiro, um toque.

E há outra coisa que ele tem em mente
como um rosto sienense grave mil anos
falharia em desfocar a reprovação ainda perfilada de. Horrível,
de olhos abertos, ele atende, cego.
Todos os sinos dizem: tarde demais. Isto não é para lágrimas;
pensamento.

Mas nunca Henry, como ele pensou que fez,
acabar com qualquer um e hackear seu corpo
e esconda as peças, onde podem ser encontradas.
Ele sabe: passou por cima de todo mundo, e não falta ninguém.
Freqüentemente, ele os avalia ao amanhecer.
Nunca falta ninguém.


De The Dream Songs de John Berryman

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