O clássico noir O Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard), de 1950, é considerado um dos melhores filmes já feitos e também um dos retratos mais apurados sobre os bastidores do cinema em Hollywood. A trágica história de Norma Desmond, ‘a maior estrela do cinema’, é impactante e espetacular, para resumir o brilhantismo da obra. Houve várias tentativas de ‘ressuscitar’ ou revisitar a trama, incluindo no teatro, mas artistas desistiram do desafio por ser uma história complexa para sair das telas. Em 1993, no entanto, com música de Andrew Lloyd Weber, letras de Don Black e roteiro de Christopher Hampton, nascia um musical que fez história: Sunset Boulevard. E 30 anos depois, a cantora Nicole Scherzinger vai liderar o elenco da remontagem em Londres, com estreia prevista para setembro. Será uma curta temporada de 16 semanas, no Savoy Theatre, a partir de 18 de setembro de 2023. “Este é um papel de destaque no mundo do teatro, e estou animado para que eu e Jamie pensemos fora da caixa e exploremos e criemos algo novo; para dar uma nova vida ao personagem – e ao próprio musical”, a estrela comentou.

Nicole está muito certa, Norma Desmond é um dos papéis mais importantes do cinema. No filme original, marcou o retorno da estrela Gloria Swanson, indicada ao Oscar por sua performance (Perdeu para Judy Holliday em Nasce uma Estrela) e é uma combinação de várias estrelas do cinema mudo, de Clara Bow a Mary Pickford, Pola Negri, Mae Murray, Valeska Surratt, Audrey Munson, Norma Talmadge, e Mabel Normand. Nos palcos, foi vivida pela primeira vez pela lendária Patti Lupone em Londres e, no anos seguinte, em 1994, por Glenn Close em Nova York.
A peça, cheia de efeitos especiais e que inclusive manteve a cena da perseguição de carro e conseguiu colocar a plateia no fundo da piscina, vendo o corpo boiando como na cena de abertura do filme, foi fiel às telas, com diálogos completos saídos de O Crepúsculo dos Deuses (Sunset Boulevard). Houve novas montagens, inclusive em 2016, com Glenn Close voltando ao papel de Norma. O projeto de filmar o musical, com a atriz liderando o elenco chegou a ser realidade, mas a pandemia atrasou as filmagens e a Paramount voltou a engavetar o plano em 2021. Uma pena. Fui privilegiada de vê-la nos palcos em 1994 (tenho um programa autografado por ela) e ansiava pela versão filmada, acho que seria um belo filme.

Os bastidores da produção renderam lendas dignas de Norma Desmond: Patti Lupone processou Andrew LLoyd Weber depois que foi descartada para estrelar a versão americana (e ganhou), como havia sido acordado. Anos depois, Faye Dunaway chegou a ser anunciada como substituta de Glenn Close, mas as vendas dos ingressos foram insatisfatórias e ela foi demitida (por não cantar bem o suficiente, dizem). A atriz processou a produção por danos morais (e fez um acordo), marcando o drama típico de O Crepúsculo dos Deuses. Muitas estrelas e lendas viveram Norma Desmond nos palcos além de Patti e Glenn, como Betty Buckley, Petula Clark, Rita Moreno e Elaine Paige, entre elas. A ver como será a interpretação de Nicole Scherzinger. Afinal, não houve estrela como Norma Desmond.
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