Com jeitinho, And Just Like That sugere que temos que aceitar ‘crescer’ (SPOILERS)

A HBO Max liberou os dois primeiros episódios da segunda temporada de And Just Like That, retomando a história exatamente onde paramos. Os dramas ainda giram em torno de festas, convites VIP, jantares em restaurantes caros, relacionamentos e sexo. Como há 25 anos. Mas quem nos representa nesse momento é Lily, a primogênita de Charlotte. Chegaremos lá.

Se na estreia da série fomos apresentados a um número significativo de novos personagens, agora temos que nos conectar com eles. É isso mesmo, Charlotte, Miranda e Carrie ainda ‘lideram’, mas grande parte do conteúdo agora dá voz a Nya, Seema, Che e Lisa. Suas histórias formariam um novo quarteto se a química fosse boa, mas ainda parece forçada. Nya ainda insiste em um casamento claramente desfeito, Seema é considerada muito exigente (mas a melhor adição à série), Che está se ajustando às demandas de Hollywood enquanto mantém segredos importantes de Miranda e Lisa está tentando manter sua integridade profissional enquanto vive a vida rica em Manhattan e lida com uma sogra irritante.

Se Che tem o benefício de fazer parte do arco de Miranda e Seema é a substituta de Samantha, nem Nya nem Lisa têm a mesma janela e precisam ser convincentes para nos importarmos. Já que Miranda não está mais estudando com Nya e saindo com ela, é estranho que ela esteja tão sozinha que tenha que ligar para uma nova amiga para conversar sobre assuntos tão íntimos. Mais estranho ainda é o que já mencionei, que mesmo sendo essa professora de Direito durona, ela não consegue seguir em frente de uma parceria inexistente com um músico em dificuldades. Sua ligação bêbada e as consequências pareciam exageradas. Questões semelhantes se aplicam a Lisa. Sua vida reflete o casamento saudável de Charlotte e Harry e é muito rica e perfeita para ter problemas para conseguir investimento em seu documentário. Além disso, o mesmo com Nya, o chip ‘engraçado’ está faltando em suas cenas.

De volta ao trio principal, Charlotte continua a sufocar suas filhas, especialmente Lily, mas suas lutas domésticas têm audiência com os fãs originais de Sex and The City. Ela tenta entender e apoiar as filhas, só que os valores delas são diferentes. E Miranda está finalmente satisfeita sexualmente (levou apenas 25 anos!) e ainda trabalhando em seu alcoolismo, um brinde a isso, porém, ela logo estará em uma encruzilhada com Che, o que a enviará para o mesmo drama que estivemos acostumado em sua trajetória.

E Carrie, bem, Carrie continua com sua vida, mas a tristeza ainda é palpável. Sua energia simplesmente não está lá, ela parece cansada, sem inspiração e em um piloto automático. Ainda.

Ainda estou lutando contra o mesmo Sex And The City. Também não tenho certeza se sou mais eu. Não preciso desse vestido

Carrie Bradshaw

O podcast de Carrie, agora Sex and the City, esbarra no fato de ela falar sobre sexo, mas não embarcar em algumas pautas hoje aceitáveis e necessárias, ou seja, ser mais gráfica. As metáforas são óbvias quando ela se recusa a fazer um anúncio de lubrificante vaginal e o podcast é cancelado. Como ela é uma viúva milionária, a notícia chega mais como um “ah, ok” do que um drama que a Carrie de outrora estaria vivendo. Carrie aos 50 tem menos desafios e menos drama existencial, sua calma tira muito do ‘charme’ do qual a série dependia. É como se esse profissionalismo e a falta de temor de se repetir atravessassem os enredos e até a atuação, fazendo com que And Just Like That ‘faltasse algo também’.

No segundo episódio, Charlotte faz um grande problema sobre Lily vender seus vestidos de grife para comprar um teclado que ela pede aos pais, mas eles afirmam que ela tem que fazer seu próprio caminho para obtê-lo. Chocada com a falta de apreço de sua filha pelo que ela foi ‘presenteada’, ela embarca em uma missão para ‘recuperar o Chanel perfeito que ganhou para o recital (da primeira temporada)’. Nem mesmo o concerto privado de Lilly numa vibe bem ‘Billie Eilish’, em que ela canta que quer ser outra pessoa, encontra ressonância com a “velha” Charlotte.

“Não sei o que há de errado comigo. Mesmo se eu tivesse o vestido de volta, nem sei se Lily caberia mais nele. Eu apenas sinto que ela está rejeitando tudo que eu já dei a ela,” ela confessa a Carrie.

“Ela está rejeitando ou ela, você sabe, como você acabou de dizer, ela está superando? E isso é saudável, certo? Você quer que eles mudem e sigam em frente. Você poderia ter dito que ainda estou lutando contra o mesmo [podcast] Sex And The City. Eu também não tenho certeza se sou mais eu. Não preciso desse vestido”, responde Carrie.

“Eu tenho a memória. E Lily, quem quer que ela seja agora”, conclui Charlotte.

E essa é a mensagem da equipe And Just Like That para nós. Todo mundo mudou e todos superaram os desafios do passado. Temos a memória, mas faremos novas. Basta aceitar a oferta.


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