Não fosse a proeminência de Alicent Hightower em House of the Dragon, que chegou a ser Rainha Consorte, talvez não despertássemos interesse sobre a linhagem feminina da Casa que domina Oldtown. Afinal, na fase da história que conhecemos de Game of Thrones, a proeminência dos Hightowers estava visivelmente reduzida em King’s Landing, com os Lannisters e os Baratheons dominando o reino. A única menção – e rápida – é da ex-mulher de Ser Jorah Mormont, Lynnece, que era uma Hightower, mas que é mencionada apenas por o levar à ruína, mas nunca a vemos em cena. Ainda assim, especialistas em genealogia lembram que a mais próxima de Alicent em cena, mesmo que distante, é Margaery Tyrell, outra Rainha Consorte, mas uma que não ficou nem um ano no trono antes de morrer na explosão do Septo em King’s Landing. Vamos lembrar um pouco da ala feminina da Casa Hightower?

Como mencionado, sendo uma das mais antigas casas nobres e poderosas de Westeros, a sede dos Hightowers é na cidade de Oldtown. Seu lema é poderoso, Nós iluminamos o caminho, e sua fortuna vem do fato de serem comerciantes natos. Também são conhecidos por sua religiosidade extremada (foram um dos primeiros a abraçarem a Fé dos Sete), e, por muitas gerações, estiveram diretamente ligados à casa Tyrell, em Highgarden, mas tambémaos Targaryens, com uma curta linhagem inclusive no Trono de Ferro, como estamos acompanhando atualmente em House of the Dragon.

Na época da conquista de Aegon Targaryen I, os Hightowers foram uma das primeiras casas a se submeter ao novo Rei, e por isso poupados da destruição. Espertos, desde o início historiadores encontram argumentos para sustentar a ideia de que se ajoelharam, mas que também buscaram mesclar seu sangue com os Targaryens e ascender ao trono, a começar pelo casamento do Príncipe Maegor Targaryen com Ceryse Hightower, uma sugestão do Alto Septão na época. Maegor, que viria a ser conhecido como o Cruel, tomou uma segunda noiva anos depois, por conta da infertilidade da primeira mulher(uma Targaryen, claro), e com isso criou a conexão mais íntima com a Casa.

A pressão política e religiosa foi grande: Ceryse não conseguia engravidar, mas os Hightowers quiseram impedir (sem sucesso) o novo casamento do Rei. Por um período ela “foi devolvida” à sua casa, mas eventualmente se reuniu com o marido e voltou pra King’s Landing. Lá, infelizmente, morreu subitamente de uma doença não revelada, levantando a suspeita de que Maegor teria providenciado uma alternativa mais rápida (e definitiva) para o fim da união. Meio que para compensar, o Rei enviou sua irmã mais nova, Rhaella Targaryen, para Oldtown, para se educada como uma septã, mas a vida dela seria curta. Quando sua mãe, Rhaena, fugiu de Maegor, o Rei mandou decapitar a princesa como punição. Com a recusa dos Hightowers de acatar as ordens, nasceu uma cisão importante entre eles, e tiveram o apoio ao Príncipe Jaehaerys Targaryen (avô de Viserys I), algo significativo que explica muito do que estamos acompanhando hoje na série.

A primeira mulher Hightower a conseguir alcançar o sonho de sua Casa – o Poder – foi Alicent, que se casou com Viserys I ainda nova e teve três filhos com ele, entre eles, uma menina. Antes de Alicent, uma princesa Targaryen, Rhaena, tinha se unido à Garmund Hightower, mas mulheres (antes de Rhaenyra) não herdavam a Coroa, por isso a importância do casamento de Alicent com Viserys. Os filhos homens dela poderiam ser reis e assim criar a linhagem Hightower-Targaryen. A realidade nasceu com sangue de uma Guerra Civil e não ultrapassou nem uma geração no trono. Aegon II é morto, assim como Aemond e os filhos de Helaena são assassinados brutalmente antes mesmo que Aegon II tivesse se acostumado a ser Rei. Quando ela, ainda traumatizada, tirou sua própria vida sem gerar novos herdeiros legítimos, os Hightowers perderam a ligação sanguínea com o Trono e foi o período conhecido como A Hora do Lobo, onde os Starks ficaram com a influência sobre os Targaryens.

O plano não foi abandonado, e, em diferentes momentos, as mulheres Hightower foram usadas como moeda de troca política. Nos livros sabemos que em determinado momento Tywin Lannister quis que Tyrion se casasse com uma Hightower, sem sucesso. E mesmo diante da revolta, na Rebelião de Robert a Casa dos Verdes – a cor tradicional de sua bandeira – se manteve fiel aos Targaryens, apoiando o pai de Daenerys, o Rei Aerys II. Após sua derrota, tentou se reconciliar à Robert, claro.

Com o passado muito ligado ao que veio a ser a principal Casa antagonista aos Baratheons, os Hightowers ficaram um tanto à parte em Game of Thrones. Por isso é graças às filhas de Lord Leyton Hightower que soubemos como as mulheres ainda tinham um papel político. Voltamos então à Lynesse Hightower, que acompanhou seu pai ao torneio em Lannisport, onde conheceu e se casou com Jorah Mormont. A união foi de mal à pior rapidamente. Segundo Jorah, o padrão de vida que ela demandou o endividou ao ponto de ter que se envolver com negócios escusos – e perder tudo, inclusive a mulher – e ela terminou seus dias em Lys. Sem herdeiros legítimos, foi a irmã dela que abriu caminho para que no futuro uma “nova Alicent” chegasse ao trono. Lady Alerie Hightower se casou com Mace Tyrell, filho de Ollenna Tyrell (com quem obviamente tinha uma relação tumultuosa) e juntos tiveram quatro filhos, entre eles, Margaery Tyrell.

As ambições de Margaery eram claras: queria ser A rainha de Westeros. Se casou com Renly Baratheon, depois com Joffrey Baratheon e, viúva uma segunda vez, com Tommen Baratheon, alcançando o feito de Alicent Hightower e virando Rainha Consorte. Popular entre seus súditos, ela é reconhecida pelo bom gosto fashion e vestidos decotados. O livro a tem em outro momento, mas, na série, sabemos que sua guerra velada com Cersei Lannister acaba selando seu destino literalmente bombástico e trágico.

A linhagem Hightower não acaba aí, no entanto. As Casas Redwyne e Ambose vêm de DNA Hightower também, mas elas têm menor relevância na trama. Portanto é com Alicent que testemunhamos o apogeu da Casa Hightower. E sua queda também.

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