O Dakota é um das construções mais conhecidas de Nova York há quase 140 anos. Um prédio privado, foi um dos primeiros grandes desenvolvimentos no Upper West Side e é o mais antigo prédio de apartamentos de luxo da cidade, sem surpresa, um marco histórico americano. Eternizado no cinema como endereço de adoradores do diabo graças à Bebê de Rosemary, na vida real foi onde John Lennon viveu seus últimos anos de vida, sendo assassinado na calçada quando saía de casa.
O fato de que completaram 50 anos que o ex-Beatle se mudou para lá com Yoko Ono, que ainda mora lá, virou notícia essa semana. Sim, ela é a inquilina mais antiga da história recente do Dakota. O casal chegou a possuir cinco unidades no prédio. Era sua residência principal, assim como incluía uma casa de hóspedes, um depósito e um estúdio para ela. Sim. Um mini-palácio.

O Dakota, como é simplesmente conhecido, subiu entre a 72 e a 73 Street do lado oeste quando não havia quase nada ao redor, no embalo da construção do próprio Central Park, que fica à sua frente. A década de 1860 estimulou a ocupação da área ao redor do parque com grandes prédios e casas (como podemos acompanhar em The Gilded Age), mas a geografia íngreme do lado oeste contribuiu para que o crescimento ali fosse mais lento.
Prédios grandes com apartamentos não era novidade, mas em geral eram associados a cortiços e não à luxo, o que ia de encontro à ideia de que era para trabalhadores, só que no caso, das classes média e alta. O Dakota, em seus oito andares, custaria um valor alto para época – um milhão de dólares – e seria um hotel residencial com até 50 apartamentos e cada um com cinco a vinte quartos.

O nome que hoje é tão famoso só surgiu em 1882, antes da inauguração mas ainda em obras, no se alega ter sido uma referência ao estado do interior dos Estados Unidos, Dakota, que é isolado e distante como era Upper West Side na época, mas que nunca foi comprovado. Essa versão surgiu do gerente do prédio, em 1933, que disse em uma entrevista que “porque ficava tão a oeste quanto ao norte”. Embora fosse um projeto seu, Edward C. Clark nunca viu o Dakota pronto. Morreu dois anos antes da inauguração, deixando o complexo de apartamentos para seu neto mais velho, Edward Severin Clark, que na época tinha 12 anos.
As portas do Dakota foram abertas em 27 de outubro de 1884, e todo ocupado quase imediatamente por advogados, corretores e comerciantes. Todos ricos, ninguém famoso. Como se lembra, nenhum deles estava na lista dos 400 do The Gilded Age, mas já em 1890 existia uma lista de espera para apartamentos vagos no local. Para a cidade de Nova York, o prestígio do bairro de Upper West deve muito à existência do Dakota e do Museu Americano de História Natural, a algumas quadras do Dakota. O prédio também despertou o interesse de outras construções por perto, mas até o final do século 19 era o único residencial da área, mas isso porque a falta de eletricidade atrapalhava para ter os elevadores, algo que só mudou depois de 1896. Como prova de seu luxo, o Dakota não precisou esperar porque tinha sua própria usina elétrica.

Um dos fatores de carinho pelo Dakota também foi o fato de que, pelo menos por 50 anos, sofreu poucas alterações, mesmo com a cidade crescendo e modernizando. Apenas por volta de 1950 que os aposentos que um dia eram dos empregados e que ficavam nos andares superiores foram convertidos em apartamentos. Sua proximidade com os teatros da Broadway passou a ser um atrativo para artistas, mas as unidades demoravam a ficar disponíveis gerando a piada de que quem entrava só saía no caixão.
Muita gente famosa viveu no Dakota, mas ninguém foi tão associado ao endereço do que John Lennon e Yoko Ono, tanto que hoje o endereço é como se fosse um memorial para o artista. E um local que faz jus ao seu status de ‘histórico’.
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