O elenco de Napoleão é liderado pelo premiado Joaquin Phoenix e a elogiada Vanessa Kirby, mas o igualmente premiado e prestigiado Tahar Rahim terá um papel de destaque na trama. Ele será ninguém menos do que Paul Barras, um homem que mudou o destino da França e em cuja casa o general foi apresentado a Joséphine de Beauharnais. Foi Barras que abriu caminho para a ascensão de Boparte e claro que destino eventualmente os tornará inimigos.
Para Ridley Scott, Napoleão tem elevância ainda hoje porque ele veio do nada e conseguiu dominar o mundo em seu tempo. “Sei que depois de Commodus em Gladiador um dos mais complexos imperadores romanos, Joaquin Phoenix será perfeito em Napoleão. Ele combinará perfeitamente com o personagem deste jovem oficial que também se tornará um imperador lendário”, disse há dois anos. A presença de Tahar em cena com Joaquin é garantia de que haverá um embate artístico empolgante.

O Visconde de Barras, ou Paul François Jean Nicolas, é uma figura igualmente controversa e sem ele talvez Napoleão tivesse maior dificuldade de alcançar o poder absoluto. Barras foi um nobre e político da Revolução Francesa e presidente do Diretório entre 1795 a 1799, sendo derrubado justamente por Napoleão Bonaparte no que ficou conhecido como o Golpe de 18 de brumário (que aperece no trailer).
Paul Barras era primo do Marquês de Sade, e com 16 anos entrou para o exército do Rei da França, fazendo uma carreira de destaque na Índia. Ao longo do caminho, aderiu à causa democrática e apoiou a Revolução, ascendendo tão alto a ser um dos principais líderes do movimento. Antes, lutou na Sardenha, onde conhece seu futuro rival, Napoleão. Com a queda da monarquia, sua biografia é também marcada por um fato: ele foi um dos que votou pessoalmente pela decapitação do Rei Louis XVI, mas segundo consta, se opôs à crueldade imposta ao pequeno príncipe e filho de Marie Antoinette, que morreu por maus tratos na prisão pouco depois.
Quando Robespierre também caiu e foi vítima da guilhotina, foi Barras que passou a ser comandante supremo das forças armadas de Paris e do Interior, mas nessa posição precisou lidar com a revolta dos monarquistas, que cercaram o Palácio de Tulleries e ameaçavam a ordem. Para contê-los, escolheu o jovem general Bonaparte, que tinha vencido os ingleses dois anos antes, dando carta branca para agir. O resultado foram mais de trinta mil pessoas feridas e um novo líder promovido pelo próprio Barras.

Mais do que posiÇão política, Barras mudou a vida de Napoleão em uma festa. Uma das várias que o Visconde hospedava em Paris. Lá ele conheceu a ex-amante de Barras, Joséphine de Beauharnais. Ela tinha sido trocada por Théresia Tallien e percebeu uma boa oportunidade no jovem general para garantir status e segurança para ela e seus filhos. Reza a lenda, eternizada por quadros, que foi Thérésia que teria apresentado Josefina à Barras, com ambas dançando nuas para ele, mas não há confirmação do ménage. O fato é que Théresia era conhecida por se envolver com os homens mais importantes da política, com um apelido negativo de Propriedade do Governo e Joséphine precisava de homens que sustentasse sua vida de gastos excessivos. Comentários bem machistas, não?
Mas enfim, Barras foi padrinho de casamento dos dois, mas eu “presente” foi enviar o General para a Itália apenas dois dias após as bodas, alguns alegam para ter mais tempo com Joséphine novamente. Nesse momento, em 1795, ele é, de fato, o homem mais importante do Estado. Mas tudo mudaria em breve.
Um dos erros táticos de Barras foi renunciar ao posto de comandante para dá-lo a Napoleão, sem perceber que o general tinha outros planos e já participava de um golpe que mudaria a História mundial. A simpatia do Visconde pelos filhos de Louis XVI ficou mais clara quando permitiu que mulheres da família Bourbon voltassem à França, o que fez crescer a pressão monarquista. Traído pelo ministro da Polícia, Fouché, não é informado que Napoleão, que estava no Egito, teria voltado para Paris para tomar o poder. Totalmente iludido, Barras se via como parte das mudanças políticas, mas é colocado de lado sem cerimônia quando Napoleão se revela o verdadeiro homem do poder. Dizem que ele foi perspicaz em identificar que um dia Fouché e Napoleão um dia seriam rivais. “Um vingará o outro“, teria dito.
Rico e imoral, viveu seus dias à margem do Poder. Morreu aos 73 anos, apagado e desiludido. Sem dúvida será fascinante ver como Ridley Scott o retratará no filme. Drama não vai faltar!
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