“14 é a pior fase”, todo elenco de And Just Like That parece entrar em sintonia, com a garotada entrando no radar dos mais velhos. Não que mostrem maior maturidade, especialmente quando o tema é sexo.

Nya (Karen Pittman) está descobrindo os prazeres do Tinder, Seema (Sarita Choudhury) descobre os super poderes de um diretor de Hollywood e o cansaço de Lisa (Nicole Ari Parker), depois de sexo frequente do início da temporada, é de uma gravidez perto dos 50.  

Enquanto Charlotte (Kristin Davis) quase parece outra (falaremos mais sobre ela), Miranda (Cynthia Nixon) paga penitência de estar sem Che (Sara Ramirez) e ainda sem dormir, graças às noitadas de sua anfitriã, Nya. Por que uma advogada bem sucedida não aluga um AirBnB como qualquer mortal e precisa se encostar na casa dos outros? Todos menos Miranda estão com uma vida sexual saudável, parece ser mensagem do episódio. Ah, falando em mudanças, Anthony (Mario Cantone) está estranhamente tímido e precavido com seu novo namorado. Quem disse que as pessoas não amadurecem? Che certamente esta okay sem Miranda porque até ela já identificou um novo interesse romântico.

Carrie (Sarah Jessica Parker) já está no novo capítulo, feliz e entrosada com Aidan (John Corbett), lidando com o fato de que será uma madrasta de três (e já levando fora do enteado de 14 anos, Wyatt). Já te falaram que “14 é a pior fase?”. Ad nauseam em And Just Like That…

Fico feliz de que a série tenha encerrado a história dela com Big com maior dignidade (ela diz em todas as letras que ele foi ótimo, o casamento foi ótimo e que se foi), assim como é confrontada por todos como foi ruim com Aidan no passado. Aidan não é tolo, ele lembra de tudo – tanto que se recusa a entrar no apartamento de Carrie – mas aposta no recomeço. Foi bonito.

Ainda não entendo como Carrie mantém a tradição de cafés ou almoços com as ex de seus atuais. Sério: é um estranho ritual de passar bastão? Ela esteve com as duas ex-mulheres de Big (sendo que com Natasha foi sempre constrangedor e mais de uma vez), com a ex de Petrovsky em Paris e agora com a ex de Aidan. O argumento dos filhos me soou ainda estranho, mas foi perfeito o recado antecipado de traçar limites com Carrie: faça o que quiser com Aidan, mas nenhuma linha sobre meus filhos em seus livros! Um NDA que a gente esquece que tem que assinar antes que seja tarde demais.

Outra energia do episódio foi a de tentar colocar Harry (Evan Handler) e Herbert (Christopher Jackson) estranhando ‘perderem’ as esposas para o trabalho. Isso acontece, mas é o fato de que vemos uma Charlotte relaxada com as coisas saindo dos eixos que é positivo. Como mudou! Ela não se importa com a falta de controle, com uma recepção na sua casa sem comida kosher ou refinada ou perfeita. Brava, Charlotte! Acerto da série! As mulheres não precisam ser perfeitas.

Tirar Miranda do centro do drama fez muito bem à série, ficou mais fluida. Tanto que unir Brady (Nial Cunningham) e Lily (Cathy Ang) – algo que o cartaz já dava a dica desde a primeira temporada – foi bem humorado e divertido. Dá à Miranda e Charlotte novo desafio, um quadro diferente para pintarem delas mesmas. Charlotte provou ainda ser a mesma quando já sonhou com o casamento dos dois, mas é a outra Charlotte quando já admitiu que o romance será passageiro. Só Carrie, envolvida com outros adolescentes, não percebeu que os afilhados ganharam uma página para eles na narrativa.

E Carrie – com flores nada sutis de volta ao figurino – finalmente ‘pagou’ pela amizade que fez com Seema, elegendo um novo apartamento (e que townhouse!), para começar uma vida com Aidan. A única tristeza é a de Nya, tão envolvida com o superficial que como toda adolescente, seguindo o Insta do ex, viu que a vida dele seguiu como ela não esperava. Justamente com um filho, o mesmo que ela nunca conseguiu ter. Me preocupa como ela vai ficar e desconfio que o divórcio não será mais tão amigável.

Obrigada, And Just Like That pelo carinho maior: voltamos com a narração de Carrie! Foi apenas no final, mas foi emocionante.

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