A pandemia dos Opióides é realmente assustadora e foi tema da premiada e densa Dopesick há alguns anos. É mais apavorante do que possamos imaginar: em menos de 20 anos, com medicação prescrita por médicos, mais de 260 mil pessoas morreram apenas nos Estados Unidos por overdose ou dependência de opióides. Um universo lucrativo para a Indústria Farmacêutica que, em geral, não é punida por criar mercado em cima da dor. A nova série a tratar do assunto é Império da Dor (Painkiller) da Netflix. Um conteúdo incômodo mas urgente para ser visto e revisto.
A história tratada na série é exatamente a mesma da Starplus, que rendeu à Michael Keaton o Emmy de Melhor Ator. Traça o criminoso e irreversível caminho criado pela Perdue Pharma na exploração da dor e como gerou bilhões à custas da destruição de famílias e indivíduos.

Conduzido pela sempre ótima Uzo Aduba que interpreta Edie Flowers, a advogada que trabalha para a Procuradoria dos Estados Unidos e que foi a primeira a identificar o risco da comercialização da OxyContin. Sua condução é sensível e ter um ator de imagem dócil como Matthew Broderick na pele do antagonista, Richard Sackler, o executivo sênior da Purdue Pharma que “criou” a pandemia, funciona. Depois de estrelar Saint X, West Duchovny volta a ter um papel de destaque na série, interpretando a fictícia Shannon Schaeffer, a ex-atleta universitária e recruta para as vendas de Purdue que acaba se envolvendo com a pandemia também. Mas é a atuação sensível de Taylor Kitsch como o mecânico Glen Kryger, cuja vida é destruída quando passa a usar a medicação que nos emociona. Assim como foi feito em O Clone, cada episódio abre com um depoimento verdadeiro de pessoas atingidas diretamente pela Purdue Pharma, o que também traz perspectiva da urgência do tema.
Evito os spoilers porque eles têm importância para impactar quem ainda não acompanha a absurda realidade que nos cerca. Recomendado com muita intensidade.
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