A revolta de Marial em The Great

Não vou parar com a avaliação de cada episódio de The Great apenas porque a série não terá volta quando terminar a temporada. Estou antecipando o luto e compartilhando a dor das personagens. Claro que eles estão chorando por Peter (Nicholas Hoult), o que enlouquece Marial (Phoebe Fox).

Tínhamos deixado Catherine (Elle Fanning) quando estava ainda em um dos estágios do luto: a negação. Ela conseguiu omitir a morte do marido por 24h frenéticas, mas o inevitável não pôde mais ser adiado. Vemos uma Corte dividida: os que estão genuinamente tristes por Peter, os que já tentam navegar sem ligar para o que aconteceu e os que celebram o fim da tirania. Catherine instituiu o divórcio na Rússia e os efeitos imediatos são inesperados, provocando os mesmos sentimentos confusos que enfrenta pela viuvez inesperada. Ela está agora no estágio da depressão profunda e da mesma foram que sua iniciativa maníaca da semana passada trazia instabilidade para o seu reino, também acontece com seu torpor.

Marial está disputando a tapa – literalmente – a liberdade de Grigor (Gwilym Lee), que agora pode se divorciar de Georgina (Charity Wakefield). Inesperadamente ele anda está na dúvida. Marial é uma nova vida, mas Georgina é todo seu passado, um que compartilhou (também literalmente) com Peter. Pelo que vemos no final do episódio, ele pode ter chegado a uma conclusão. Já comentamos sobre isso, outra disputa de Marial com Georgina são os ouvidos de Catherine que estranhamente está próxima de sua antiga rival. Elas têm uma conversa tortuosamente franca sobre Peter na qual se perdoam mutuamente pelo amor que sentem por ele. Aliás, se você chegou ao fim do episódio sem chorar, parabéns.

O texto de Tony Mcnamara é estonteantemente preciso, curto e emotivo e em Pedro e o Lobo, que brinca com a fábula russa, ele joga com toda inversão narrativa que eles nos fez em The Great. Peter é assustador, cruel e completamente vilanesco quando o conhecemos. Elizabeth (Belinda Bromilow) explica à Catherine que essa versão monstruosa de Peter foi fruto de uma infância de abusos físicos e psicológicos, que demanda perspectiva antes de julgá-lo. Algo que Grigor também defende pois testemunhou tudo como melhor amigo do Imperador desde pequenos. Porém Peter não nos ajuda e é complexo diferenciar maldade de trauma. Diferentemente da História, a Catherine de The Great eventualmente consegue e os dois efetivamente se apaixonam. Nesse desvio temos Marial como a voz da razão, revoltada com a manipulação emocional que Peter consegue exercer justamente nas duas pessoas que ela mais ama. Não importa quantas vezes ela repita tudo de ruim que ele fez – e a lista é longa – quem cai sob o feitiço de Peter (público incluído) está beirando a insanidade.

E aqui está meu único problema com Marial. O que ela diz, é certo. Até a aversão que sente por Peter até o fim, mas sua revolta de não conseguir “acordar” as pessoas a faz ser insensível e agressiva. E pior, suas atitudes em geral não são pautadas na razão, mas nas vantagens que consegue e que tinham Peter como adversário. Em nenhum momento ela confrontou o real problema sem estar buscando algo para seu benefício próprio. Catherine, que está muito isolada, não a ouve, porém não a condena. Mas é Grigor que agora traça o limite. Marial grita que não pode perder para Peter novamente, mas é sua derrota. Novamente uma virada de um autor extremamente inteligente e sensível, sem perder humor em nenhum momento.

Terminamos os créditos com o sucesso de Yazoo, Only You (post a caminho!), só para nos fazer cair na armadilha de amar Peter e Catherine. Uma derrota massacrante de Marial.


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