Melhor o diabo que se conhece?

Special Ops Lioness teve uma conclusão inconclusiva, mas coerente com sua trajetória. De um lado um time treinado e conduzido por uma ideologia ocidental, porém no comando as coisas são mais cinzas. Depois de tudo que passou e está enfrentando, a missão dada a Cruz (Laysla DeOliveira) teria que ser abortada por motivações econômicas, porém nem Kailyn (Nicole Kidman) ou Joe (Zoe Saldaña) querem aceitar que 20 anos de trabalho, com uma agente infiltrada com perfeição sejam colocados de lado porque executivos da Casa Branca mudaram de idéia. Cruz vai até o fim por senso de responsabilidade com o trabalho e a equipe, menos porque ficou vendo 8h de tortura no vôo até a Espanha.

Com locações e elenco incríveis, a série da Paramount Plus promete um bom futuro, mesmo com as amarras mais do que soltas ao longo do caminho. Os homens são mostrados como medonhos, as mulheres endurecidas pelos abusos físicos e psicológicos e isso dos dois lados. A história de amor entre Aalyiah (Stephanie Nur) é trágica, mas efetivamente não parece ter terminado. Mas voltemos ao início.

A Casa Branca avisou para que a operação Lioness fosse abortada porque tirar o pai de Aalyiah do mercado iria desestabilizar o preço do petróleo. Mas uma vez um Marine tem uma ordem de matar, pelo visto, não tem volta. Era tarde demais, avisam, mas era mesmo? Sabemos que Cruz pediu para sair e era possível obedecer ali mesmo. Joe e Kailyn deliberadamente seguiram em frente, ignorando as ordens, pedidos e sinais. As consequências virão na segunda temporada, caso sigam nessa missão.

Tudo acontece como previsto nos sonhos: Cruz entra no território inimigo (uma fortaleza em Mallorca), não é identificada e casualmente acaba tenho acesso ao alvo – Asmar Amrohi – de forma casual. Até o timing no qual é desmascarada (depois que o noivo de Aalyiah, Ehsan (Ray Corasani) suspeita do que está rolando entre elas faz um google mais efetivo: busca nas redes sociais a vida de Cruz e em dois cliques a vê com o uniforme de Marine) é perfeito porque ela está sozinha com Asmar e é uma máquina de matar, em especial com homens abusivos. Em dois minutos, descalça e desarmada consegue eliminar os dois atacantes e fugir pelos jardins, encarando um exército de seguranças que erra TODOS os tiros, mesmo de metralhadora. A equipe de resgate, entra e em poucos segundos elimina os seguranças e salva Cruz. Sucesso e festa? Mais ou menos.

No barco, Cruz parte pra cima de Joe (que estava pela primeira vez em crise de ter deixado sua família para participar de uma missão suicida) e as duas se encaram. Cruz se demite e joga na cara de sua chefe a hipocrisia e a inutilidade de usar violência para reter terrorismo. Agora Aalyiah, que é uma boa pessoa, tem mais do que motivação pessoal para criar novos antagonistas contra os Estados Unidos, graças ao trauma pessoal de ter visto que a namorada matou seu pai e noivo na véspera do casamento. Destruíram a alma e a vida de uma pessoa boa sem ter nem mesmo agradado ao Governo pela missão.

Na volta pra casa, Kailyn reencontra o marido (que a qualquer hora do dia, mesmo trabalhando remoto, está de terno e gravata!) e os dois trocam aquelas palavras cifradas em uma relação mais do que tóxica. Quem realmente comanda a economia mundial? Teremos que aguardar mais de um ano para saber a versão de Taylor Sheridan e isso se houver mesmo uma segunda temporada de Special Ops Lioness. Com os custos de locação e elenco de estrelas (ter Jenniffer Ehle e Morgan Freeman fazendo pontas não deve ter saído barato, sem mencionar Nicole Kidman), me parece improvável no cenário atual do mercado de entretenimento. Teremos que aguardar.

Em geral a série é mais um acerto de Sheridan, abrindo outro caminho para uma segunda franquia além de Yellowstone. Boas atuações, boas situações e uma entrega satisfatória para o público que curte suspense e ação. Um elenco feminino convincente, efetivo e com potencial para mais. Fico na torcida pela continuação.


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