Um Maigret denso, soturno

A Inglaterra tem pelo menos dois detetives clássicos: o belga Hercules Poirot, da imaginação de Agatha Christie e Sherlock Holmes, de Arthur Conan Doyle, mas a França tem Jules Maigret, graças ao escritor Georges Simenon. Personagem de 80 romances, vários filmes e séries, a última versão traz Gerard Depardieu no papel do brilhante detetive, no filme Maigret.

Com direção de Patrice Leconte, Maigret apresenta um lado mais restrito e menos comum de Depardieu, mais silencioso e observador, abatido, cínico e triste. Dirigido por Patrice Leconte, o famoso ator francês traz um Maigret de espírito abatido em uma Paris dos anos 1950, pobre e difícil, onde o assassinato de uma garota triste e solitária em um vestido de grife alugado desperta em Maigret a obsessão de identificá-la e encontrar a razão de seu assassinato. O comissãrio tem compaixão por vítimas e criminosos, não perde um detalhe mas não chama a atenção. O crime pode até parecer ‘perfeito’, mas é a obsessão do comissário que elucida a razão da morte da jovem desconhecida.

Embora todos os detetives freqüentemente operem com base no princípio de que evidências, Maigret vai além. Ele tem o quebra-cabeça em sua mente e não compartilha com ninguém até a conclusão. Maigret foi sucesso imediato, ainda nos anos 1930s. A interpretaÇão de Depardieu coloca o detetive em novo patamar. O filme é lento, escuro e a “surpresa” não surpreende ninguém, mantém a tristeza mais do que o suspense, ficando com a gente por mais tempo. Pode ser apenas o primeiro de vários (no cinema americano seria) filmes, mas é um marcante. Não compartilho os spoilers porque são meio óbvios. Pra quem perdeu no cinema, vale alugar. Um clássico bem retratado.


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