Para quem acompanhou o brilhante texto, também divertido, de Tony McNamara para reimaginar. a juventude de Catarina, a Grande, com ocasionais verdades, as três temporadas de The Great foram brilhantes. Todas foram indicadas ao Emmy, ganhou pelo figurino, e se despediu com os créditos em silêncio quase como antecipando o corte abrupto da Hulu (nos Estados Unidos) de uma história que teria mais uma grande virada pela frente. Isso mesmo, The Great acabou com a vitória de Catherine (Elle Fanning), mesmo que muitas subtramas tenham ficado em aberto.

Reencontramos nossa imperatriz onde a deixamos, ainda indignada com a rejeição russa às suas idéias, com saudade de Peter (Nicholas Hoult) e questionando seu destino. Elizabeth (Belinda Bromilow), que nunca deixou as rédeas da Corte, mais uma vez é brilhante. Ela entende Catherine mais do que a própria e entende de política como nenhum outro. Ela confronta e desafia a enteada pelo Poder. E funciona.
Marial (Phoebe Fox), sempre irritante e interesseira, mais uma vez atrapalha os planos de outros. Ela quer um papel de comando, ela quer manter sua influência em Catherine a todo custo, mesmo que sacrifique Archie (Adam Godley), mais uma vez. Já fiz um post me queixando de Marial, uma personagem complexa que não quer o bem de ninguém, menos ainda de Catherine. Ela revela para Catherine o papel de seu primo na trajetória de Purgachev (Hoult) e obviamente isso traz foco para a Imperatriz agir. O que Marial, ou Archie, ou ninguém além de Elizabeth contava é que, como Catherine mesma diz: aprendeu sua lição. Ela não mais se engana com as intenções de ninguém, com os desejos do povo, com a liberdade de ação. Quem manda é ela e quem determina a narrativa também é ela.

Nos bastidores ela não sabe (provavelmente seria ainda um drama mais à frente), é que Paul, que estava sendo cuidado por Grigor (Gwilym Lee), foi ordenado pela Igreja como futuro Imperador. Essa parte da trama é um corre-corre divertido dos diferentes personagens com diferentes interesses de contrariar os desejos tanto de Peter como de Catherine de pré-determinar o destino na criança. E o abandono que Paul sofre, com Catherine sofrendo no luto e depois centrada no Poder, terão um preço alto no futuro dos dois, mais um tema que foi abortado com o cancelamento da série, mas bem plantado por McNamara. Aliás, a figura trágica de Grigor – que nos faz rir e sofrer – é outro destaque. Ele perdeu seu único propósito com a morte de Peter: ser o melhor amigo. Nem Georgina ou Marial realmente se importam com ele ou com o que está vivendo. Marial então! (Como detesto Marial!)
Não importa. Obviamente as ordens de Catherine de “poupar” a vida de Purgachev são desobedecidas e ela fica sem uma alternativa imediata. Sua solução, que é a ocasional verdade embora tão louca, é que ela planta diferentes versões para as mortes tanto de Purgachev como de Peter e finalmente assume seu papel na história da Rússia.

A cena final, na qual ela dança sozinha ao som de AC/DC, o clássico Shook me All Night Long, é até emocionante. Catherine repete alguns dos passos que dançava com Peter, mais histérica, mais divertida, mais forte. Até que para, se senta e chora. Os créditos sobem sem música. Ela aprendeu sua lição, perdendo os homens que amava, sacrificando tudo por uma visão que nem todos compartilham. Não tem amigos (Marial a trai mais uma vez, salvando Archie em segredo) e seu reinado, que será longo, virá com mais conflitos e complôs. Uma grande história. Um grande final e uma grande série, com atuações impecáveis e intensas de Elle Fanning e Nicholas Hoult, em particular. Eu sentirei muita, muita falta.
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