Se com os dramalhões tem sido comum esticar uma proposta simples em vários episódios (e daí muitas reviravoltas que nem sempre funcionam), os filmes românticos também não são imunes à uma sensação de barriga. O que salva, nesses casos, é o carisma de suas estrelas, o caso de Amor à Primeira Vista, da Netflix, que estreou em setembro na plataforma e apresenta uma proposta despretenciosa, simples e fofa.

Temos uma jovem, Hadley, que ainda ressente a separação dos pais, mas que está embarcando para Londres para apoiar ao pai em seu segundo casamento. Claro que ela perde o avião e, ao se colocada no vôo seguinte, cruza com o jovem triste e enigmático Oliver. Nenhum dos dois é particularmente romântico, ele então é avesso às chances do acaso, trabalhando com todas as estatísticas de forma que se sinta mais em controle da vida. Nas breves horas de aeroporto e vôo até Londres, a conexão entre eles é cada vez mais clara, mas a matemática vai contra os dois, afinal, quando chegarem ao destino final, qual seria a probabilidade de se reencontrarem?

Embora descaradamente soe mais do mesmo, funciona. Além de transformar o aeroporto em um improvável cenário romântico, a Londres fora dos pontos turísticos usuais que vira palco do romance de Hadley e Oliver também gera muito interesse. As possíveis “coincidências” que tanto afastam como unem o casal principal são apresentadas com base algoritimica, que diverte também. Hadley e Oliver se completam em aspectos completamente diferentes. Ela é cínica sobre casamentos, afinal testemunhou a separação dos pais, mas a amargura de Oliver sobre o futuro só é revelada mais à frente (eu meio que matei a charada logo, mas sustenta) e quando sabemos, a torcida pelos dois intensifica, mesmo que pareça impossível que possa dar certo.

Estrelado por Haley Lu Richardson, que nós conhecemos mais por The White Lotus, Amor à Primeira Vista em momento algum tenta nos enganar: é a clássica comédia romântica com cenários bonitos, desencontros, música para dançar e cantar e um final esperançoso. Seu par é o ator Ben Hardy, igualmente convincente no papel de um romântico inveterado abraçado aos números. Dos mesmos produtores da franquia Para Todos os Garotos, é clichê atrás de clichê mas usados nas doses certas. A base da história é o romance A Probabilidade Estatística do Amor à Primeira Vista , escrito por Jennifer E. Smith e que já dá todo spoiler que precisamos saber antes de embarcar no filme. Se está atrás de um conteúdo para encher seu coração de amor, fica dica. Com carinho!

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