De primeira, A Época da Inocência parece ser “mais um romance de época”, mas é muito mais. O livro, de Edith Wharton, foi premiado com o Pullitzer e o primeiro concedido à uma mulher. Com detalhes precisos de toda complexidade da sociedade americana no período conhecido como The Gilded Age, o livro é um estudo profundo da natureza humana, dos problemas sociais e econômicos de um período de muitas mudanças. Mesmo sendo uma obra-prima, precisou de um diretor do porte e talento de Martin Scorcese para finalmente transportar a história para as telas.
Em 1993, filmes de época eram os óbvios filmes de Oscar, sem surpresa A Época da Inocência foi indicado nas categorias mais importantes, incluindo atriz coadjuvante (Winona Ryder), ator (Daniel Day Lewis) e atriz (Michelle Pfeiffer). É perfeito. E ganhou, merecidamente, o Oscar de Melhor Figurino para Gabriella Pescucci.

O projeto levou 13 anos para ficar pronto sendo que Scorcese só leu o livro no início dos anos 1980s, mas mesmo vendo que seria um filme emocionante, tinha outros projetos à frente. Somente em 1987 retomou seus planos e escreveu o primeiro rascunho em 1989. Até lá, Day Lewis, já um ator com Oscar e famoso, tinha um compromisso contratual com a Fox depois de O Último dos Moicanos e concordou em estrelar o filme, algo que manteve como compromisso mesmo depois que a Fox desistiu da produção dado os altos custos. Não chega a ser uma supresa (boa parte da biografia do ator inclui adaptações literárias ou biografias).
Narrado por Joanne Woodward, como se substituísse Edith Wharton e seus pensamentos, temos uma voz guia que ‘traduz’ os costumes e a etiqueta do período. A Época de Inocência reflete uma parte da infância da escritora, que descreveu como “uma América há muito desaparecida”, destruída pela 1ª Guerra Mundial e bem mais suave do que a trágica conclusão de House of Mirth. Para Scorcese, pelo menos visualmente suas fontes foram os clássicos do cinema, A Herdeira, de 1949 e que rendeu o Oscar de Melhor Atriz para Olivia de Havilland, e O Leopardo, de Luchino Visconti, de 1963, que exibiu para o elenco e a equipe técnica. antes de começar a rodar.


Outro grande destaque do filme é a romântica, triste e inesquecível trilha sonora assinada por Elmer Bernstein, valsadas e de partir nossos corações. A Época da Inocência é um dos melhores e mais profundos trabalhos de Martin Scorcese, uma forte influência na série The Gilded Age e um filme que já nasceu clássico. Mesmo três décadas depois, é irretocável.
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