Houve uma escolha de narrativa em The Morning Show, pensada para mudar nossa visão do que vimos até o momento, mas não sei se funcionou com a força esperada. Começamos a terceira temporada com a ação já em andamento, a venda da emissora, uma relação estranha entre Cory (Billy Crudup) e Bradley (Reese Witherspoon), entre outros dramas. Agora voltamos no tempo para contextualizar as histórias o que ajuda a humanizar e criar a armadilha para novas viradas.

Ausente dos dramalhões, até o momento, está Alex (Jennifer Aniston). Sua vida está andando aparentemente sem tropeços, até onde acompanhamos. Nessa volta do tempo, revivemos os anos de pandemia, isolamento, máscaras que apesar de ter sido ontem, já ficou distante quando olhamos nas telas. Nesse cenário caótico, Bradley, a eterna auto sabotadora, teve uma noite com Cory, mas escolheu seguir com Laura (Juliana Marguiles), partindo o coração dele. A terceira temporada tem dado mais idéia de como ele se sente, o que planeja e como não é um – ou é – um sociopata indiferente ao sofrimento alheio. Cory não controla Bradley, ela o manipula como quer. Indo de contra com tudo que o feminismo prega, ela não o usa apenas para avançar profissionalmente (Bradley teve uma ascensão meteórica de menos de uma no entre ser uma repórter de praça até a estar cadeira de âncora no principal jornal de rede da UBA), mas para resolver suas bagunças pessoais também. Não há o que Bradley peça que ele não faça: desde ignorar que levou um fora depois de uma noite que ele considerava de amor, à mentir para o FBI e pagar milhões para hackers e evitar que vídeos pessoais dela vazem nas redes. Já não gostava de Bradley, mas como ela me faz simpatizar com Cory me deixa ainda mais irritada com ela.
Outra vítima da zona que é Bradley Jackson. Laura Peterson é uma das mais completas e respeitadas jornalistas dos EUA (na série) e apaixonada por Bradley. Ela é mais vivida, mais preparada e soa para a namorada como esnobe, no entanto é Laura que faz e refaz todos os esforços para ignorar os pitis e grosserias de Bradley, que tenta manipulá-la como faz com Cory, sem o mesmo resultado. Laura cede, mas não tão prontamente como Bradley está se acostumando. Isoladas em Montana, elas vivem um momento idílico durante a pandemia, cortado pela notícia de que a mãe da repórter tem COVID-19, e falece antes que Bradley possa sequer reencontrá-la. De alguma forma – como sempre – Bradley joga sua frustração nos outros, culpando Laura por “a ter afastado” de sua mãe. Laura é firme e diz a verdade, mas Bradley responde indo embora e focando na carreira, que agora significa pegar a posição que Alex está querendo: âncora no jornal da noite.
E como Bradley chega lá? Claro, usando os outros, criando problemas e acionando Cory para resolver tudo. Seu irmão Hal (Joe Tippet) é um dos manifestantes que invadem o Capitólio, mas ela apaga a imagem, mente para o FBI e faz com que Cory a apoie nisso. De novo: que raiva de Bradley Jackson!

Enquanto isso, Cory lida com o coração partido e o problema de tentar salvar a emissora que afunda economicamente. É quando cruza o caminho com Paul Marks (Jon Hamm), aquele ser grosseiro que todo roteirista ama colocar como homem Alfa: decide quando a entrevista termina se levantando no meio e deixando repórter com cara de otário no ar (isso raramente acontece porque é irreal!), é arrogante com Cory, com a sombra. Como Stella (Greta Lee) disse, ele é “implacável”. Preguiça da descrição e personagem clichê. Implacável e interessante é Axel Rod de Billions. Paul é fichinha perto dele. Mas Stella está escondendo o jogo, ela tem as cartas para destruir Paul tanto que deixou de trabalhar com ele e agora está sofrendo por voltar à sua órbita. Saberemos mais em breve, espero.
Dito isso, vemos como Mia (Karen Pittman) em seu romance com o fotógrafo (Vikings) André (Clive Standen), mas como se desentenderam e agora estão em uma relação virtual, sem saber nem mesmo se ao não respeitar o pedido dele de esperar até que saia da Rússia para publicar as fotos o colocou em risco. Mia é outra personagem complexa, com seus rancores expressos em momentos estranhos. Ela foi que sugeriu contratar Chris Hunter (Nicole Beharie) e agora entendemos como a apresentadora entrou para o The Morning Show, mas não me ajudou em nada em ter empatia com Mia.
Depois de um episódio forte como o da semana passada, que endereçou com precisão as questões de racismo, Love Island só me deixou ainda mais de mau humor com duas mulheres que não se definem. Mia ainda tem minha esperança, já Bradley parece um trem indo de encontro ao muro. E não terei problemas em me despedir.
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