Recomeçar não tem fórmula, mas a química do amor ajuda

Ter uma narração em off da perspectiva canina do luto. Soa estranho? Claro que sim, e embora clichê, tem química. Nos despedimos do segundo episódio de Uma Questão de Química (Lessons in Chemistry) com os dois quase autistas e químicos, Elizabeth Zott (Brie Larson) e Calvin Evans (Lewis Pullman, isso, filho de Bill Pullman) em uma breve, intensa e fofa paixão que obviamente estava tão idílica que teria que ser trágica. Calvin é atropelado na frente de casa, deixando uma desolada Elizabeth de volta ao cenário que estava justamente escapando: um universo machista e intolerável. Nem a gravidez não planejada é um alento para ela pois é imediatamente demitida por isso.

Voltemos atrás. Já sabemos que ela dará a volta por cima, que os vilões de agora de alguma forma pagarão à frente, mas num universo onde o clichê do patriarcado é a base da história, precisamos igualmente reconhecer que infelizmente Uma Questão de Química (Lessons in Chemistry) demanda da gente querer entrar no escapismo, não na mensagem central. Isso porque frequentemente como todos os projetos da ultra engajada Brie Larson se envolve, é muito “no nariz”, pegando a expressão em inglês. Essa obviedade quase agressiva de seu envolvimento com as causas feministas e raciais são problemáticas quando não provocam empatia e é tão correto que eu fico chateada de reagir a ela mais do que me conectar. A especialidade de Brie tem parecido ser de mulheres sem um momento de amor, de carinho, de esperança. Sua revolta é aparente e arrisca atrapalhar mais do que ajudar. Elizabeth Zott, como outras que estão na filmografia da atriz é como já disse, quase autista. Ela vê o mundo como uma química onde o simples café é uma fórmula, suas frases são racionais ao ponto de arrogância. Que Elizabeth fosse assim no livro seria algo, mas como sei que em outro filme Brie fez o mesmo com uma autora que eu conheço e que é o oposto do que ela interpretou (estou falando de Castelo de Vidro), desconfio que esteja fazendo o mesmo agora.

Tirando isso do caminho, Uma Questão de Química (Lessons in Chemistry) segue seu caminho de ‘comédia romântica engajada’, com homens sendo homens, ou seja, vilões e a sororidade trazendo esperança. Há algo importante da história: a maldade masculina é real, é a fonte de muitas dores e no caso de Elizabeth, da destruição de sua carreira. Considerando tudo isso, é uma história inspiradora e em breve veremos como da adversidade, inspirada por Calvin, ela mudará tudo isso.


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