Frasier: ‘sozinho’ e de volta, será que funciona?

Sou grande fã de Frasier, sempre reconheci sua superioridade enquanto esteve no ar e colecionando prêmios e lamentei, embora tenha entendido, quando saiu do ar em 2004. Sitcoms eram perfeitos em TV linear, meia-hora de situações cômicas e gags de risadas nos pontos certos. Em plataformas digitais? Não estou certa. Eu obviamente maratonei temporadas antigas durante a pandemia, como remédio para momentos incertos e talvez algum executivo da Paramount tenha feito o mesmo porque em 2023, depois de um hiato de 19 anos nosso psiquiatra divertido está de volta. Porém, sem Niles ou Daphne ou Roz…

Pois é, Frasier, que conhecemos em Cheers como coadjuvante e depois voltou como protagonista na sua própria série, nos conquistou naqueles onze anos que ficou no ar. A química era perfeita, fosse elenco ou texto, era uma delícia ver como a sintonia era perfeita. No entanto, nessa nova etapa, obviamente sabendo que seria impossível ter John Mahoney, que faleceu em 2018, mas seria importante ter David Hyde-Pierce como Niles Crane uma vez que a dinâmica entre ele e Kelsey Grammer nos fazia crer que realmente eram irmãos. Mas o ator não quis voltar, por isso estamos com Andres Keith como David, seu filho e que tenta o melhor (chegando perto de vez em quando) em resgatar os trejeitos clássicos de Niles. Mas estou me adiantando.

A temporada da “volta” de Frasier tem 10 episódios, com quatro deles já na plataforma. Nele, Frasier Crane retorna à Boston (onde há o bar onde todos conhecem seu nome, Cheers, mas que ele não frequenta mais), depois de 11 anos Seattle e uma temporada em Chicago (que não vimos). Em tese, seria apenas uma visita, mas acaba virando uma estadia prolongada para que ele possa se reaproximar do filho, Frederick (Jack Cutmore-Scott). Frederick abandonou o curso de Psicologia em Havard para ser bombeiro, ou seja, em vez de seguir a vida acadêmica dos pais e do tio, revive os passos do avô falecido, Martin, que foi ex-policial e sofria com as frescuras dos filhos sofisticados. Em tese, os elementos de tudo que funcionou em Frasier por mais de uma década estão lá: a arrogância do personagem, os conflitos intelectuais, o ego inflado, as boas intenções.

Críticos esperavam menos, eu estava com maior expectativa, mas o público parece ter gostado. O que eu acho bom, porque realmente parece que há a porta aberta para as pequenas aparições usuais de Frasier e o elenco pode acertar melhor as piadas. É uma questão de tempo. Pelo menos, é minha atual expectativa! Além do obstáculo do elenco menos experiente, esse Frasier 2.0 aposta no tradicional para ganhar um público jovem, o que parece um tanto ousado, afinal, a geração millenial não parece ser muitoa apegada à nostalgia, mas críticos são contrários à minha opinião, acham que o que funciona é justamente a fidelidade à fórmula original. Se Frasier sessentão não parece diferente do “jovem” é porque ele sempre teve uma alma e gostos antiquados. Me pareceu que ele está sem o apoio necessário e nunca esteve tão sozinho. Sem a mesma entrega, as piadas nem sempre funcionam, pelo menos, não ainda. Há potencial e é o que importa.


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