Christina Nilsson: ela inspirou O Fantasma da Ópera e a guerra da temporada de The Gilded Age

No primeiro episódio da segunda temporada de The Gilded Age, a rota para o conflito das “Casas de Ópera” foi traçada. De um lado está Bertha Russell (Carrie Coon), que quer ter acesso a um camarote da Academy Of Music para acompanhar a temporada operística. Do outro, Caroline Astor (Donna Murphy), que “controla” a lista dos que tem acesso ao teatro. A espera é longa e subjetiva, e claro que Bertha não aceita. Pronto: a guerra está começando. E tem mais.

Claro que toda discussão sobre a Academy of Music e a opção, o Metropolitan Opera House já estava na primeira temporada, mas agora está no centro do palco. E não seria dramático sem uma estrela, que já esquentou o clima entre Bertha e Caroline, o soprano sueco, Christina Nilsson. Isso mesmo, reparou como todos estavam deliciados com a palinha que Christina deu na casa dos Russells? Porque ela a “Taylor Swift” da ópera na época. E mais: assim como a briga das casas de ópera em Nova York, em 1883, aconteceu, também Christina existiu. Mais ainda: ela não apenas encantou compositores como Piotr Tchaikovksy, ela teria inspirado a criação de Christine, de O Fantasma da Ópera.

A história de Christina – mais tarde a Condessa de Casa Miranda – é fascinante. Nascida em uma família de camponeses, no interior da Suécia, onde sempre demonstrou talento musical, cantando e tocando violino e flauta, mas sua família não tinha dinheiro para pagar pela educação necessária. Para ajudar em casa, Christina às vezes ia às feiras locais com seus pais ou irmão para se apresentar e ganhar um extra. Logo foi ganhando fama e com apenas 14 anos foi “descoberta” por um rico juiz, que se tornou seu patrono e a mandou para Estolcomo. Foi assim que finalmente aprendeu as técnicas de belcanto e foi ganhando ainda maior fama por sua voz pura de alcance de duas oitavas e meia. Também era considerada bonita e grande presença de palco.

Quando a Suécia ficou pequena, foi estudar na França. Lá fez amizade com artistas importantes, sendo que o compositor Meyerbeer a escolheu para o papel principal de L’Africaine, mas ela preferiu aparecer em óperas italianas. Quando apareceu como Violetta em La Traviata virou estrela em Paris. Mas nenhum papel superou Marguerite em Fausto, de Gounod.

Christina era tão perfeita como Margueritte que o compositor Piotr Tchaikovsky, ao vê-la se apresentar em Moscou teria dito que ela “personificava os ideais de Goethe”. Nos Estados Unidos, encantou Nova York com suas apresentações na Academia de Música em 1871. Daí, virou super estrela, cantando para até 50 mil pessoas. Ela foi comparada à sua contemporânea, Adelina Patti (também citada em The Gilded Age), mas ao contrário de Adelina, nunca fez uma gravação de sua voz. Uma pena! Na temporada de 1883, na inauguração do Metropolitan, ela interpretou seu papel mais famoso, claro.

Ela se casou duas vezes e ficou viúva duas vezes. Foi com seu segundo marido, um nobre espanhol, que ganhou o título de Condessa. Cinco anos depois da temporada nos Estados Unidos, em 1883, se despediu dos palcos. Ela morreu em Växjö, em 1921.

Sua fama era tão grande que foi uma personagem secundária em The Age of Innocence, de Edith Wharton e mencionada em Anna Karenina, de Leo Tolstoy. E todos sugerem que Gaston Leroux se inspirou em sua vida para criar Christine Daaé, a heroína de O Fantasma da Ópera, o que fica obvio não apenas pela história de vida da personagem como a citação de Fausto tanto no livro como no musical da Broadway.

São detalhes e precisões como a participação de Christina Nilsson em The Gilded Age ser ainda mais interessante. Não acha?


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