Loki (Tom Hiddleston) sempre foi um personagem empático, mesmo que antagônico. Como o “reserva” de Thor (Chris Hemsworth) – e sabemos muito bem como os “spare” se sentem – estava em busca de “seu propósito”, que julgava ser reinar sobre um planeta ou uma população. O Deus da Trapaça desencadeou uma série de problemas na Terra quando decidiu que iria tirar de Thor a sua proteção, se associou à Thanos, matou pessoas bacanas e tortuosamente fez com que surgissem os Vingadores.
Esse Loki que estamos adorando, não é o “Loki titular”, mas uma variante que virou um cara preocupado com outras pessoas, que tem amigos e que de alguma forma quer salvar o mundo, não para governá-lo, mas porque considera que merece ser salvo. É uma evolução que determina sua mudança definitiva de lado, não mais um vilão, mas um super-herói. E assim, Loki, a série que nasceu quase despretenciosa em um período difícil, é hoje o coração da Marvel. E um coração que evoluiu com desafios e sofrimentos, não apenas “ganhou” seu lugar. Em outras palavras, genial.


No penúltimo episódio de uma temporada densa, lenta, estranha e a princípio menos divertida, lidamos com Loki correndo atrás do tempo, jogado em diferentes momentos, lutando não apenas por sua sobrevivência como a de todos, especialmente depois que Sylvie (Sophia Di Martino) matou Ele que Permanece (Jonathan Majors) para “liberar” a coexistência de todas timelines com a autonomia que considera que merecem. Foi o caos anunciado, o conflito que eclodiu – literalmente – destruindo as vidas de todos.
Dessa forma, retomamos a ação literalmente onde paramos. Loki vê tudo destruído e se reencontra sozinho, de novo derrapando no tempo, e sem ser reconhecido por seus amigos. Rapidamente Loki descobre o obvio, que para reverter o processo é preciso reunir OB, Casey, Mobius e B-15 para salvar o Tear Temporal. É a oportunidade anunciada de confirmar que Mobius foi mesmo um vendendor de jet-ski, mas a turma está completa sem Sylvie e recrutá-la é obviamente impossível. Ela está bem como está, obrigada e não acredita que tudo vai acabar. Como sabemos, nada é à toa e no bar onde Loki conversa com ela, há um Zaniac! jogo de arcade, claramente adaptado do mesmo filme que Brad Wolfe (Rafael Casal) estrelou quando retornou à linha do tempo no episódio 2. Sylvie muda de idéia (ao som de Velvet Underground) quando vê que Loki estava dizendo a verdade. Com todos juntos, Loki finalmente ganha controle sobre si mesmo e não mais “derrapa” entre timelines. Ele anuncia que “vai reescrever tudo”. E pode ser, literalmente.

Jornais batem na tecla na queda de audiência da série, que não está sozinha no universo menos popular da Marvel. Eu acho injusto. Há dois anos estávamos todos angustiados e incertos do nosso futuro, sem poder circular livremente fora de casa e consumindo tudo que estivesse nas plataformas de forma enlouquecida. O tal ‘normal’ ou o ‘novo normal’ é simplesmente o que sempre foi: pessoas vivendo e trabalhando, os números obviamente serão reajustados à nossa volta à antiga linha do tempo. Outro detalhe é a a cena pós créditos, apenas em áudio, uma voz grita “você morreu, insira uma moeda, PERDEDOR!” que é justamente do Zaniac! e que também é uma metáfora para tudo. Loki, como sabemos, sempre “perde” e morre. Mas não desiste e pode recomeçar o jogo, com uma moeda. E assim é o cenário atual: se essa fase da Marvel é “perdedora”, pode recomeçar com novos investimentos. E é o que parece estar acontecendo.
Então na próxima semana nos despediremos das séries que nos seguraram nos últimos dois meses: Loki, The Morning Show... e outras já começaram ou vão ser disponibilizadas: The Gilded Age, The Buccaneers, The Crown, Slow Horses…o looping não pára. E sobre Loki, bem, acompanhamos um arco bem conduzido de um personagem trágico, complexo e que finalmente encontrou seu propósito. Um que o coloca entre os melhores, no altar onde sempre mereceu estar.
Descubra mais sobre
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
