No terceiro episódio de The Gilded Age mais um evento que sacudiu Manhattan foi reproduzido na tela: a visita do poeta irlandês, Oscar Wilde (Jordan Walle), em 1883, para a estreia da peça Vera, que ficou apenas uma semana em cartaz.
A visita que foi mostrada no episódio Head to Head, é a segunda do escritor, que já tinha visitado Nova York com muito sucesso no ano anterior, 1882, a convite dos produtores da opereta Patience William S. Gilbert e Arthur Sullivan. Eles receavam que os nova-iorquinos não fossem entender as piadas e uma série de palestras do autor ajudaria. Na época, Wilde ainda não era o dramaturgo que viria a ser, e, sempre vaidoso, topou viajar para dar palestras e explicar sua obra, mas acabou fazendo da viagem uma campanha pessoal de marketing, não para promover a produção. Ele ficou famoso, ganhou dinheiro e ainda apareceu com frequência na imprensa, deixando o momento registrado em fotos assinadas pelo fotógrafo Napoleon Sarony, tradicional entre os mais conhecidos da época.


O movimento do esteticismo liderado por Wilde foi alvo de piadas e críticas, mas eficaz em torná-lo conhecido. Quando retornou, como vimos em The Gilded Age, já era uma estrela. A cidade se agitou, afinal Vera, estrelado por Marie Prescott, era a primeira peça teatral assinada por ele. Embora tenha sido inicialmente bem recebida, mas quando as foram críticas mornas, a bilheteria sentiu. Em uma semana após sua estreia saiu de cartaz.
Vera, ou Os Niilistas, como vimos na série, é uma tragédia que se passa na Rússia e é vagamente baseada na vida de Vera Zasulich, uma temida niilista que causou furor em Moscou em 1878. Wilde começou a trabalhar no texto em 1880, para retratar um tema que encantava muito o público na época: o terrorismo russo. Vera Zasulich foi uma camponesa que tentou matar o governador de São Petersburgo e ficou famosa internacionalmente.
Originalmente Vera era para ter sido montada em Londres, mas como o czar russo Alexandre II foi assassinado em São Petersburgo, em 1881, a peça de Wilde foi suspensa por tempo indeterminado. Dois anos depois, Nova York pareceu um território neutro para ela. Oscar Wilde supervisionou pessoalmente a montagem e embora Marie Prescott fosse uma estrela, não superou à falta de engajamento do público e o prejuízo financeiro. Pelo visto, o resultado foi tão ruim que desde então, raramente foi remontada. Curioso, afinal a temporada parecia estar destinada ao sucesso. A presença de Wilde e uma enorme campanha de marketing com os figurinos em exibição nas vitrines da loja de departamentos Lord and Taylor’s, na Quinta Avenida.


Em The Gilded Age, há uma ironia trágica. Oscar Wilde, cuja vida e carreira seriam destruídas por ser julgado de ter relacionamento com outros homens (na época, um crime na Inglaterra), é o primeiro a identificar Oscar Van Rhijn (Blake Ritson) em sua busca por um casamento para ocultar que é homossexual. Espero que a história do “nosso” Oscar seja menos trágica.
Ah!, para os fãs de Oscar Wilde, é em Vera que ele cunhou a frase: “experiência, o nome que os homens dão aos seus erros”. E sabe que pessoal real vai aparecer em seguida em The Gilded Age? Ninguém menos do que um Duque…
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