A opressão feminina narrada em The Buccaneers

O bafão na sociedade nova iorquina tem parâmetros semelhantes em The Buccaneers e The Gilded Age, porque se inspiram em fatos reais (e parecidos), mas com olhares um tanto distintos. Enquanto Julian Fellowes, na HBO Max, está se mantendo ao período, a série da Apple TV Plus, uma adaptação de um livro da escritora Edith Wharton – uma testemunha do tempo em que a história desenrola – tenta ‘modernizar’ os fatos, com um elenco inclusivo e anacronismo. Portanto, se falamos de segredos sendo a alavanca do episódio de The Gilded Age, o mesmo aconteceu em The Buccaneers.

Na volta das ‘buccaneers’ à Nova York, os nobres ingleses são apresentados como troféus e mais do que nunca as diferenças culturais ficam claras. A ver se a série se mantém fiel ao livro, mas sem nos ater a isso, vamos teorizar?

James Seadown e o Duque de Tintagel são oficialmente apresentados à alta sociedade e estão meio chocados com o volume e as “faltas de modos” das pessoas supostamente mais elevadas. Mas Nan está angustiada com a revelação de que é adotiva e não consegue adiar a conversa franca com o pai e a madrasta. Fica insatisfeitas com ambos e quase estraga a festa. Na verdade, sofremos com a Sra. St. George, que não apenas superou a traição do marido como ama Nan como se fosse dela, ainda mais que claramente o coronel segue flertando com meninas e ela se faz de desentendida, vivendo um casamento de fachada complexo e sofrido. Se Nan acha que os pais pararam de mentir aí, se engana. Quando o coronel e a Sra. St. George conversam mais tarde, ela garante que “não contou quem a mãe de Nan realmente é”, ou seja, é alguém que já estamos vendo. Sacaram quem?

Nan tem outro problema que desconhece: Guy decide se declarar, mesmo à distância, e manda um telegrama abrindo o coração. Como ela estava mais envolvida com seus problemas, quem lê a mensagem é justamente Theo, que tem uma reação de ciúmes e – sem admitir que leu a carta e não a entergou à Nan – reforça a declaração de amor e o desejo de casar imediatamente. Ela está embarcando em uma furada à braçadas, sem nem desconfiar. Para defender Theo, parece que ele ficou na dúvida se Nan o amava de verdade quando ela fala que precisa ser honesta. Ela queria falar de sua origem, mas ele a interrompe para que façam uma decisão ali: se ela o amar, é o que importa. Ela diz que sim e dois segredos cruciais ganham ainda maior peso.

Enquanto isso, Jinny já está sofrendo o gaslighting de James Seadown, que está isolando e manipulando a esposa para grande infelicidade. Lizzy, ainda traumatizada pelo abuso nas mãos de James, se preocupa com a amiga e não consigue alertá-la, mas concede em voltar para Inglaterra e isso ajuda indiretamente à Mabel, que foi flagrada beijando outra mulher e que terá que achar um marido para cumprir seu papel na sociedade.

Embora tenham tido menos foco no episódio, Conchita e Richard também estão em maus lençóis: ele fica mais à vontade nos Estados Unidos, e ela alimenta Conchita sente que é o argumento final para que o convença a deixa a Inglaterra para trás. Srta. Testvalley explica com poucas palavras: “nenhum homem escolherá a liberdade ao invés do poder”.

Vamos falar da Srta. Testvalley? Ela praticamente mandou Richard convidar as meninas para uma temporada em Londres, deixando claro seu comando sobre ele. Suas conversas com a Sra. Saint George são sempre em código e há algo entre ela e o Coronel que também dispensa palavras. SUSPEITA! Para piorar, Richard vai se sentar ao lado dela, enquanto ela está na banheira, e a governanta faz carinho em seus cabelos. O que ela tem de ascensão sobre os homens nos dois continentes? Lembrando que quando Nan deu problemas, foi com ela que se afastou e acabou conhecendo Theo. De todos os segredos – e não são poucos – os dela são os que têm maior impacto. Concordam?

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