A definição para Ópera é que em latim é o plural de Opus (obra) e que é um gênero artístico teatral que consiste em um drama encenado acompanhado de música. E na temporada operística de The Gilded Age, a ação não gira apenas em torno da construção de um novo teatro, mas no dramalhão familiar ao redor dos Russels. As coisas andam tensas por lá com a competição entre Bertha Russell (Carrie Coon) e Caroline Astor (Donna Murphy). A intrusão de Enid Turner-Winterton (Kelley Curran) se transformou em uma nova e mais baixa batalha, uma que está mais cartunesca do que esperado, mas também agitada.
Antes de mais nada: obrigada, Sr. Winterton (Dakin Matthews) por revelar para nós o primeiro nome de Turner, que obviamente foi mistério até ontem. Enid é uma vilã de desenho animado, com uma cara de bruxa do Oeste, de O Mágico de Oz. É só maldade, 24h sem descanso. Depois de ‘perder’ no jogo de sedução de George (Morgan Spector) na primeira temporada, ela deu a volta por cima e arrumou um marido rico, mas qual é a graça de ter assegurado sua vida se não colocá-la em risco para humilhar a antiga patroa?

A disputa entre Bertha e Enid está mais acirrada do que a de Bertha e Caroline, confirmando a tese dos mais tradicionais que os novos são adeptos de fofoca e situações embaraçosas, ou seja, “não tem classe”. Enid – adoro minha recém adotada intimidade com Turner! – segue esnobando Bertha, porque ela sabe o quanto Bertha queria ser aceita por Caroline e não consegue. Mas sempre a vítima de mal entendidos, ela cai em mais uma situação corriqueira que a derruba. Vemos que Caroline está ultra ciente da posição anterior de Enid como camareira, algo que teríamos que assumir que TODOS saberiam, mas de alguma forma a atual Sra. Winterton acha que é segredo. Ela circulou como serviçal entre todas as personagens, que tipo de segredo seria esse? Enfim, é efetivamente para o seu marido, que não entende como agora ele e a nova esposa são barrados na Academia de Música. Enid assume imediatamente que todos são cegos, mas que Bertha alertou Caroline. E como Khan de Star Trek: quer vingança!
A oportunidade mais próxima é o jantar para o Duque de Buckingham (Ben Lamb), onde Enid vai exibir a recém proximidade com a nobreza que julga ter alcançado quando viajou pela Europa de lua-de-mel. Mas claro que os Russells são mais ágeis: não apenas são convidados, como Bertha rapidamente muda os lugares da mesa, ficando ao lado do Duque em vez de Enid, que ficou ao lado de um surpreendido, mas discreto, Oscar Van Rhijn (Blake Ritson). Obviamente o Duque se encanta com Bertha, meio que revela seu desprezo por Enid e aceita ficar hospedado na casa dos Russells em Newport. Enid fica lívida com mais essa “derrota” e jura de novo se vingar (pelo trailer talvez consiga?). Não adianta nem o Sr. Winterton desprezar “esse duque”, lembrando que “há outros duques”, mas Enid quer esse e quer tirar de Bertha. Veremos o próximo ato, ou episódio, semana que vem. O que podemos antecipar é que Enid tem pouco a oferecer ao nobre inglês: na época de outro, eles vieram para Nova York atrás de fortunas e casamentos, e Bertha tem uma Gladys (Taissa Farmiga) prontinha para o jogo.

Ao conseguir o acesso ao Duque, George finalmente foi ‘perdoado’ por Bertha, que avisa que não vai tolerar uma segunda omissão da parte dele. Ela acreditou que não houve nada entre ele a camareira, mas não se conforma com o segredo dele. George já é ‘vilanizado’ pela imprensa na direta alusão à Jay Gould, mas eu adoro que ele tenha justamente colocado a ironia da atração mundial de países independentes pela Monarquia britânica. Ao ser explicado do protocolo de como falar ou se dirigir ao Duque ele pergunta o óbvio: a independência americana não foi justamente por se recusar a reverenciar a nobreza inglesa? Enfim, George, lamento informar que ainda no século 21 as pessoas seguem obcecadas com títulos e regras estúpidas.
O drama dos Russells não pára por aí. O romance de Larry (Harry Richardson) e Susan Blane (Laura Benanti) está tão descarado que virou notícia em Nova York, quilômetros à distância de Newport. O vemos se declarando para Susan, mas Bertha corta logo a história chamando a viúva para uma conversa franca e sem rodeios mandando sair da vida de seu filho. Foi à tempo porque Larry contemplava se casar com Susan e está arrasado. Vamos parar um pouco e comentar que assim como era em seu tempo, em The Gilded Age entre o alô e o “quer casar comigo” são meros minutos e para os dias de hoje é realmente bizarro. Até o momento, não vimos um namoro com futuro, mas uns quatro “quase casamentos”. Eu fiquei arrasada que a trolagem da HBO Max nos trailers, explorando nossa torcida por Larry e Marian Brooks (Louisa Jacobson) seja apenas isso, um tormento. Na história não poderiam estar mais indiferentes um ao outro! Pior ainda, Susan está mesmo como uma sofrida mulher mais velha que terá que abrir mão do amante jovem… espera! Ópera!!! As cenas e o enredo são de uma ópera! La Traviatta! Xi! Tenho que me preocupar com a saúde de Susan?


Marian finalmente está percebendo o cerco de Dashiell Montgomery (David Furr) e não está nada empolgada com a perspectiva de ser pedida em casamento. Não faz sentido essa modernidade e a insistência em se casar por amor, mas é para dar mais uma razão dela brigar com Agnes (Christine Baranski), prestes a assumir seu papel de antagonista ao arruinar mais uma vez os sonhos irreais e quase tolos de Ada (Cynthia Nixon) de se casar. Como sou cínica e saquei a de Tom Raikes (Thomas Cocquerel) de cara, também sou desconfiada sobre o pastor Luke Forte (Robert Sean Leonard) e sua agilidade em identificar a carência de Ada, sua habilidade de tirá-la do controle de Agnes e de não perder tempo e já a pedi-la em casamento assim que pode. O homem não chegou em Nova York há mais de dois episódios e já está pronto para o altar! No trailer do próximo episódio vemos que Agnes vai mais uma vez alertar que Ada não tem dote, mas será que dessa vez a informação terá o mesmo efeito?
O único levando tempo para pedir a mão de Maud Beaton (Nicole Brydon Bloom ) é Oscar, que segue sofrido e quieto. Sinto por ele, e muito! Porque uma vez o romance governando The Gilded Age, já sabemos que os funcionários também amam. Monsieur Baudin (Douglas Sills) convida a Sra. Bruce (Celia Keenan-Bolger) para sair e ela aceita. O amor está no ar!


Mesmo no Alabama, em uma viagem até o momento tranquila, temos uma Peggy Scott (Denée Benton) cada vez mais empolgada – e empolgando – o casado T. Thomas Fortune (Sullivan Jones). Agora vamos à teorias: na primeira temporada, ficou claro que há clima entre os dois, começando pela mútua admiração pessoal. Peggy não é apega à convenções: fugiu com o namorado, casou, teve filho e quando o pai conseguiu anular a união (ainda não entendi como ele achou que ter uma filha mãe solteira era melhor do que a filha casada, se seguir as regras da época) portanto uma aliança no dedo do paquera não é bem um obstáculo. Até Marian já sacou e a alertou para evitar confusão, mas é o que Peggy parece gostar da potencial relação entre eles. Mas vamos lá: até agora, não sabíamos nem que havia uma Sra. Sullivan! E seguimos sem saber. Eu aposto que nosso jornalista é viúvo e que sim, teremos um romance feliz entre ele e Peggy. Ele mencionou a morte do filho e logo mudou de assunto, tenho cá comigo que a Sra. Sullivan não está entre nós tampouco. Lamento por ela, por ele, mas minha garota Peggy está carente de esperança e felicidade. Vou me agarrar a essa teoria.
Enquanto, isso, apenas Watson (Michael Cerveris) segue no drama pessoal que juro, já está irritante. Tanto sofrimento e segredo, olhares perdidos no além são de uma chatice sem fim: ou vai embora e protege a filha ou bate o pé e vive sua vida. Está desafinado com a série.
Com isso nos despedimos querendo (muito) mais de The Gilded Age. Vou comentar o teaser da semana que vem à parte… mas encerrando o prólogo, o primeiro ato promete momentos emocionantes!
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