Para os não iniciados, a aparência nojenta de Jackson Lamb e sua grosseria poderiam provocar uma pausa para perguntar por que ainda estamos vendo histórias de um machista nojento que deveria ter ficado na Guerra Fria? Bom, por uma das motivações, pela atuação apurada de Gary Oldman, a estrela de Slow Horses. E a outra é porque nessa série de espionagem o divertido é ver que a desconstrução de tudo que foi vendido sobre a Inteligência britânica até agora. Os pangarés, ou os slow horses, são o que poderia se imaginar da antítese de James Bond e a franquia 007. A ralé faz o trabalho sujo, mas salvam o dia.
Nessa terceira temporada, lamento dizer, é preciso ter visto as anteriores para que entendamos não apenas as dinâmicas, mas muitas das tramas em andamento. Em geral, o melhor espião da Inglaterra, Jackson Lamb, vive uma aposentadoria forçada onde sua meta é ser tão desagradável que o esqueçam. Mas há dois problemas imediatos: ele é bom demais no que faz e sempre salva o dia assim como seu passada vem sempre bater à porta com contas a pagar. De alguma forma, é o que essa terceira temporada sugere mais uma vez. Embora seja insuportável e nojento, Jackson ganha suas equipe por defendê-los/salvá-los não importa o preço.

Os leitores dos livros Mick Herron apreciam a fidelidade da adaptação da série que é sensacional, direta, engraçada e tensa em medidas exatas. Aqui a base da história é o livro Real Tigers que começa com uma sequência em Instambul que sem grandes revelações custa a vida da namorada de um agente que volta à Londres 10 anos depois colocando Lamb como alvo. Depois do envolvimento em um quase ataque terrorista em Londres, Slough House virou um depósito para arquivos antigos inúteis da MI5. Uma senhora metáfora para como são considerados, não é?
Como sempre, tempo nunca é perdido: Catherine Standish (Saskia Reeves), a gerente de escritório da Slough House, é sequestrada e todos tem um motivo pessoal para se jogar de novo no meio do furacão. Em especial River Cartwright (Jack Lowden), ainda arrogante mas com o coração de ouro, um papel maravilhoso para Lowden, que segura com perfeição as cenas com o genial Oldman.
A agilidade de Lamb é fascinante e sua equipe de fracassados, sempre sonhando em recuperar a carreira, está cada vez mais entrosada, talvez menos Min Harper (Dustin Demri-Burns), que ainda está de luto pela morte de seu parceiro na 2ª temporada. Ela roubou um diamante dos russos, todos sabem mas não tem como provar. O que ela quer fazer com ele? Tenho certeza que virá à tona já já. Enquanto isso, Shirley Dander (Aimee-Ffion Edwards) , Marcus Longridge (Kadiff Kirwan) e Roddy Ho (Christopher Chung) batem cabeça, mas sem questionar nada seguem as ordens de Lamb para tentar identificar os sequestradores e o que eles querem.
Nos dois primeiros episódios ainda não entendemos o que está realmente acontecendo, mas a ação incessante compensa. Claro que Diana Taverner (Kristin Scott Thomas), que vive dias ruins depois de ter ficado à frente dos problemas da Slough House, assim como Ingrid Tearney (Sophie Okonedo) e o secretário do Interior, Peter Judd ( Samuel West), terão envolvimento com o sequestro, mas ainda temos que aguardar. Foi divertido saber que o insuportável James “Spider” Webb (Freddie Fox) saiu da MI5 e reaparece, rapidamente, para um adeus pois o ator está agora no elenco de House of the Dragon, depois de uma ótima passagem por The Great.
Ou seja, no arquivo que foi roubado em Istambul, há algum segredo que o Governo britânico queria esconder e Jackson Lamb sabe o que é. O que querem fazer com a informação? Como ele vai salvar Standish? Eu mal posso esperar!
Descubra mais sobre
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
