Quem acompanha Miscelana nos últimos três anos percebeu que temas Históricos e Família Real são e foram constantes entre os posts do blog e comentei e opinei sobre o drama desenrolando publicamente entre os Windsors há pelo menos seis anos. Como a violência pública sobre a história foi escalando, fui me constrangendo e reduzindo qualquer menção à Família Real em tempos presentes. Parei. Não apenas não escreverei mais como apaguei o que estava aqui. Por uma razão simples. Tudo que cerca essa família passou a ser doentio. Diana morreu perseguida por paparazzis, os filhos estão sendo sufocados pela imprensa e redes sociais. É trágico demais.
Como jornalista, gosto de acompanhar as histórias pessoais de pessoas que por uma razão ou outra entrarão na História. Porém, percebi um crescente abuso e uma mão forçada para criar drama, conflitos, brigas que não dizem respeito a ninguém fora daquele círculo, mesmo que muitos considerem que pessoas públicas não tem direito à privacidade. Desde que o rompimento familiar se tornou público, gerando entrevistas polêmicas, podcasts, livros, séries, paródias foi ficando claro que há uma doença comportamental geral de tratar pessoas como personagens, sem considerar as consequências do que estamos consumindo. O furor do lançamento do livro Endgame foi a gota d’água de uma decisão há tempos adiada.
Não li a biografia do Príncipe Harry, Spare, justamente por achar excessiva, mas era a história dele e se outros estão ficando milionários a sua custa, entendi que ele também escolhesse monetizar sua intimidade para “mudar a narrativa” e ganhar por isso. Infelizmente ele incluiu palavras e fatos calculados para magoar sua família, em resposta à mágoa que ele mesmo sente. Público demais. Desnecessário de verdade. Agora, um jornalista criar um conteúdo onde reúne todas as fofocas e transformá-las em best seller não é por bem maior, não é por História ou instituição, é por ego, é por não considerar o que está alimentando ou a dor que está causando. Não acredito na lei do olho por olho, nem apoio quem revida na mesma moeda. Simplesmente não acho justo. Entendo a catarse, mas não acho que ajuda em nada. Se não é possível perdoar, siga em frente e se afaste. Ninguém ali terá a última palavra. E é abusivo que pessoas que nem são da família se julguem especialistas para usar essa oportunidade.
Tudo que estamos acompanhando é conflito por dinheiro e notoriedade. Dos dois lados. E eu estava fazendo parte dessa realidade, o que não quero (mais). Assim, posts antigos que falavam de Meghan Markle, Kate Middleton, William ou Harry, foram apagados, mesmo interferindo na audiência do Miscelana. Mantive poucos e distantes e apenas porque podem configurar em The Crown e ainda estou reavaliando.
A Rainha tinha a norma de nunca reclamar, nunca explicar que é o oposto da transparência que hoje é vista como autenticidade. Uma pessoa discreta pode ser autêntica. Há uma profundidade sábia nessa posição, mesmo que gere dor, o que ninguém duvida, mas ela resguarda dignidade para que – no momento certo – tudo fique transparente. Tudo que não respeite o desejo de privacidade, que é universal e atemporal, é errado. O silêncio não cala calúnias, tampouco esclarece fatos, mas é uma opção que deve ser respeitada.
Portanto, o conteúdo ligado à The Crown eventualmente pode voltar a aparecer aqui. Se esbarrar em uma página não encontrada, essa é a razão.
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