O ritmo de The Gilded Age realmente acelerou na segunda temporada, quase que se preferisse contar as histórias antes de um cancelamento por custo, que, pelo sucesso atual, duvido que esteja à caminho. Ao contrário! A mescla de drama e humor está ultra equilibrada e a inclusão também está com espaço devido na série. Infelizmente nos aproximando do fim, vamos rever o antepenúltimo episódio da temporada?

Primeiro a minha preocupação com Oscar Van Rhijn (Blake Ritson). Por alguma razão, ele está pré destinado ao sofrimento e humilhação, talvez para ensinar Agnes (Christina Baranski) alguma lição? Porque coitado, começou apanhando fisicamente em um bar e agora será trucidado pelo óbvio golpe que está sofrendo pelas mãos de Maud Beaton (Nicole Brydon Bloom) e vai levar outra surra, dessa vez moral. Uma injustiça pois esconder que é gay, na época, era necessário e me parece estar sendo usado contra a personagem mais do que sendo empática ao sofrimento dele. Me penalizo com Oscar e quase gritei “pega o cheque e corre”, mas aí está: teremos um Oscar arruinado até o fim dessa temporada.

E falando de tristezas, também achei cruel a rápida felicidade concedida à Ada (Cynthia Nixon). A entrada de Luke Forte (Robert Sean Leonard) e sua decisão de casar com a solteirona foi tão à jato que pensamos que era um golpe! E era um, mas do destino. Sua saúde imediatamente comprometida semanas após encontrar sua parceira para a vida seria mais emocionante se tivessem nos dado tempo para curtir a união tão idílica que eles valsam em casa ao som de Danúbio Azul porque se amam tanto. Definitivamente há muito vindo para a casa dos Van Rhijn e não me parece nada bom. Nem mesmo o noivado repentino de Marian (Louisa Jacobson).
Pois é, justamente quando um solteiríssimo e à procura Larry (Harry Richardson) está disponível na porta da frente, Marian é o alvo do afeto do sobrinho de Agnes, Dashiell (David Furr). Afeto é a palavra correta, porque não há paixões em The Gilded Age, fora o affair de Larry com Susan Blane (Laura Benanti). Marian gosta de Dashiell, o candidato perfeito em tudo para o que se esperava naquele período. E claro que finalmente identificamos onde haverá o conflito nesse relacionamento.
Durante sua “conquista”, Dashiell tem sido apoiador incondicional de Marian, o que me rendeu uma pulga atrás da orelha. E eis que agora vemos o quanto ele é um homem de seu tempo: não apenas constrange Marian em um pedido público de casamento, em uma situação onde ela jamais poderia recusar sem criar escândalos como ao forçá-la a comparecer ao evento, falou calmamente que “ela não precisa trabalhar”, uma bandeira vermelha que o coloca em acordo com Agnes, mas contra a personalidade de Marian. Sempre fui team-Larry, agora sou com paixão.
Marian claramente está incomodada com tudo e tentando navegar pelo drama de forma que consiga “fazer o que é certo” e ainda “ser feliz”. Em The Gilded Age essa é uma proposta paradoxal. Seu “sim” foi meio Rei Charles com Diana (“o que quer que Amor queira dizer”) com um estranho “se você realmente quiser” em vez de um “sim” simples direto. Estou achando difícil que Marian se livre da arapuca na qual se meteu, mesmo que em cinco minutos depois tenha esquecido que está noiva e é lembrada por um provavelmente ciumento Larry?


Já Peggy (Denée Benton) pode ser uma boa repórter, mas embora se ache investigativa está realmente se fazendo de cega quanto ao “casado” T. Thomas Fortune (Sullivan Jones). Ela finalmente pergunta a ele “não vai para casa e sua família?”, mas se afasta antes que ele responda. Deus… Peggy querida, o homem é viúvo. Ele perdeu um filho e sua esposa deve ter ido em seguida. Ele não fala nela, ela não aparece… não pescou ainda?
Mas a experiência traumática no Alabama transforma nossa jornalista, agora com apoio familiar e um objetivo mas claro de expor o racismo na América, mesmo no Norte, onde a luta pela abolição provocou uma Guerra Civil. Não que Marian, sempre liderando o racismo estrutural, tenha realmente escutado a amiga descrever a cena de terror que viveu no Sul. Tudo que Marian percebe é que o ataque “uniu” Peggy e Thomas, mas ‘garota, tenha cuidado: ele é casado!”. Olha, para Peggy manter essa amizade com Marian parece ser um desafio constante.
E chegamos aos Russells. Sempre mesclando fatos e pessoas com a ficção, George (Morgan Spector) está lidando com uma greve enquanto Bertha (Carrie Coon) só pensa em festas e ganhar de Enid (Kelley Curran), além de esnobar Caroline Astor (Donna Murphy). O jogo de Bertha é perigoso para todos os lados. Ela está se isolando de sua própria família, sendo dura com os filhos, calculista com os amigos e irascível com o marido. Quando Bertha virar antagonista não venham dizer que é erro do showrunner! O drama que George está lidando impacta a sociedade, o país e até sua própria estabilidade econômica, mas Bertha só pensa em Duques e óperas.


Tido como cruel e implacável, George se sensibiliza com os trabalhadores e ganha piores inimigos entre seus parceiros empresários. No meio do caminho, literalmente, resolve mais uma vez o problema da esposa quanto ao camarote que Enid estava tirando dela, mas sua paciência me parece infinita. Sabendo que Alva Vanderbilt se divorciou do 1º marido, tento não me apegar ao casal Bertha-George falo aqui: a camareira francesa contratada para cuidar de Bertha me parece ultra suspeita. Ou ela está com Enid ou é uma nova Enid Turner, mas entrando em um momento mais vulnerável da relação dos dois. E sobre o Duque? Caroline quer “comprá-lo” para a guerra das óperas… será que ele também não entra na guerra das matriarcas?
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