O drama de The Gilded Age traz vários antagonistas, mas se na primeira temporada a gente sacou que o ‘bonzinho’ Tom Raikes (Thomas Cocquerel) estava minimamente sendo descuidado com Marian Brooks, (Louisa Jacobson) não restou nenhuma dúvida de que a segunda temporada é para partir o coração dos Van Rhijn, em especial, o de Oscar (Blake Ritson).
Pressionado pela sociedade para esconder seu romance com John Adams (Claybourne Elder), seu verdadeiro amor, Oscar Van Rhijn é a grande vítima da série desde o primeiro episódio. Apanhou – literalmente – quando estava em um bar gay, é obrigado a eleger uma esposa para ter filhos e ela tem que ter dinheiro… a vida dele não é nada fácil. Por isso, a entrada de Maud Beaton (Nicole Brydon Bloom) parecia um anjo entrando na vida dele. Nem é spoiler já percebemos que nosso Oscar foi a vítima de um golpe financeiro, porém não é o único a cair na farsa bem elaborada dessa jovem que vem frequentando as festas e trapaceando todo mundo. Vamos relembrar e tentar decifrar quem é Maud Beaton?

Vários rostos novos circularam entre Nova York e Newport nessa temporada de The Gilded Age. Dentre eles, a jovem Maud Beaton. Maud surgiu linda, formosa em uma festa em Newport e a vimos pela primeira vez acompanhada por Aurora Fane (Kelli O’Hara) e Marian. É Aurora – empenhada em arrumar marido e esposa para seus primos – que a recomenda a Oscar. Parece perfeita.
Assim que conhecemos a jovem vemos que ela sabe citar os nomes certos, aparentando intimidade mas sem esclarecer bem suas relações. Ela diz à Oscar que já ouviu falar de Agnes (Christine Baranski) através da “Sra Drexel”, uma amiga de sua mãe que Oscar “adora” e assume então que é a melhor referência social para Maud. Ela disfarça, explicando que não está hospedada com os Drexels, mas com “amigos que moram perto da Sra. Fish”, aproveitando para mencionar que frequenta as festas na casa da Sra. Fish.
Aqui já há o sinal amarelo pela sutileza em que Maud menciona pessoas conhecidas mas omite alguns fatos: o principal deles dizer onde está hospedade e com quem. Oscar está tão encantado que ignora e pergunta se, com tantos conhecidos em comum, não tinham se esbarrado, mas mais uma vez Maud tem uma resposta evasiva: eles nunca tinham se conhecido por ela “viveu na Europa boa parte de sua vida”. Em Paris. Para ele, tudo faz sentido.

O problema da farsa armada por Maud é que ela primeiro enganou a toda sociedade muito bem, com uma história convicente. Tanto que Aurora explica o que ouviu sobre ela com “É complicado”, como diz. O rolo é porque oficialmente Maud é filha do falecido John Beaton, mas dizem que o pai verdadeiro dela é o temido Jay Gould. “E ele cuida dela,” diz a prima de Oscar, argumentando que não tem ideia se é verdade, mas “ela parece ter uma boa fortuna à disposição”. É a isca para Oscar, um homem procurando abertamente uma esposa rica.
No caso, não haveria como Oscar questionar o que Aurora contou, tanto que ela é quem os apresentou com um pedido de “Não me faça me arrepender porque ela é uma boa moça, qualquer que seja a verdades sobre ela”. As palavras se referiam à fofoca, mas sabemos que em breve terão outro sentido.
“Ela está em todas as festas”
“Ela está em todas as festas”, Aurora comenta considerando isso como evidência de que Maud tem mesmo as relações que menciona, mas jamais comprova. Seria outro sinal amarelo que todos ignoraram. Até John Adams sabia da “adorável Srta. Beaton”, portanto o golpe foi muito bem feito.
Aurora tentou seu melhor para levantar “quem é Maud Beaton” e quando comentou com Agnes sobre o interesse de Oscar, falou que a mãe de Maud “é da família Stuyvesant”, mas que quando perdeu sua mãe, a jovem foi viver na Europa, onde ficou por um tempo “até se recuperar”. E outro sinal que deveríamos ter prestado atenção: “Eu acho que ela tem algum tipo de acompanhante pago”, mencionou.
Eu acho, dizem, parece que. Alguém realmente conhece Maud Beaton?
A suposta ligação com os Stuyvesant engana inclusive Agnes. Quando ela sabe que Maud pode ter despertado o interesse de Oscar pergunta: “O que sabemos dela?” e quando sabe dessa conexão com a tradicional família nova iorquina, se dá por satisfeita. A única que tem sensibilidade que podem descobrir mais é Ada (Cynthia Nixon), que sugere que “perguntem [sobre Maud] ao marido da Sra. Fish, afinal a avó dele era uma Stuyvesant”. Infelizmente, como sempre, Ada é ignorada. Se tivessem feito essa simples pergunta, claramente saberiam da verdade. Como Agnes só quer saber se Maud é rica, desfaz da ideia porque Maud preenche todos os requerimentos. Eu vou além, exatamente porque foi Aurora quem introduziu a jovem à família, ninguém achou necessário investigar.

Excessivamente atenta à todas as fofocas
Maud é elegante, discreta, mas… fofoqueira. Foi ela que sinalizou que já tinha percebido o romance entre Larry (Harry Richardson) e Susan (Laura Benanti), o que revelava sua mente atenta para detalhes e segredos que outros tentam ocultar. No jantar para o Duque de Buckingham (Ben Lamb) ela perguntou à Enid Turner (Kelley Curran) como ela e Oscar se conheciam, e os dois disfarçaram a origem proletária dela antes do casamento rico com uma resposta de “fomos quase vizinhos”. Não sei se Maud já não sabia porque quando olhou para o Sr. Winterton conversando com a atriz Lilly Langtry – uma personagem real – ela logo conta que Lilly foi amante do Príncipe de Gales (e futuro Rei Edward VII), outro fato histórico mas na época escandaloso. Ou seja, além das festas de Nova York, Maud também alega ter frequentado a sociedade londrina.
Quando nos antenamos para quem Maud sugere ser – uma golpista – a inocente pergunta que ela faz à Oscar, “o que Aurora falou de mim para você?” já é o momento de avançar no jogo que apenas ela tem noção de estar rolando e a resposta doce de Oscar, de que “apenas que sua família é complicada, como todas as que conheço”, é o sinal verde para ela agir. E é rápida.
Assumindo que Oscar saiba da alegada ligação com Jay Gould, ela diz que o pai a “está usando para fazer negócios sem vincular o próprio nome”. Seria outro alerta, mas ainda no papel da jovem inocente sem conhecimento de como gerenciar a própria vida, ela diz que não pode negar nada ao pai. Oscar assume que ela fala de Gould e diz que gostaria de ajudá-la, mas eu acho que ela estava sim o fazendo acreditar que era o empresário, mas na verdade é seu pai que está com ela roubando dos ricos gananciosos.
Na sociedade machista, uma mulher esperta conseguia usar o patriarcado para fins próprios: Maud se faz de incapaz de entender o mercado financeiro, chorando que “detesta fazer parte do esquema fraudulento de seu pai”, mas sem saber como agir. Um homem daquele tempo era a salvação e Oscar obviamente se oferece a ajudar. “Sou um banqueiro, posso ser útil”, diz. O sorriso dela me deu arrepios.

A pá de cal na surra moral e financeira que Oscar está para levar, mais uma vez Maud coloca Aurora na reta. Ela visita a prima do pretendente e pergunta sobre a fama dele “caçador de fortunas”. “Se for, não será o primeiro, mas não quero me decepcionar de novo,” ela diz. Com a reação nervosa de Aurora, ela sabe o quanto dinheiro é o motivador central para Oscar estar com ela. Se despede e sai.
A essa altura, Oscar está emocionado com o drama em casa e o casamento de sua tia Ada, o que Maud aproveita para se dizer uma romântica como todas mulheres, mas reparemos que ela diz isso quando o traz para acompanhá-la em uma reunião de negócios com um arredio Sr. Crowther. Em pouco tempo, Oscar esclarece que Maud explicou que o investimento secreto que ela está em dúvida é a compra da Ferrovia de Chicago por um grupo seleto de investidores. Tudo orquestrado para seduzir um volúvel Oscar, usando o nome de Gould como referência mas sem jamais dar uma única prova. Oscar cai como pato. Tanto que volta sozinho ao escritório para investir seu próprio dinheiro. Os golpistas são tão profissionais que ainda fingem tentar convencê-lo de desistir, mas ele é enganado com a garantia de um retorno alto e investe uma quantia ainda maior. Isso mesmo queridos: Oscar será humilhado e ficará pobre. Resta saber se é a fortuna de Agnes que ele joga no lixo. Mas tem mais.
Como sabemos que Maud é mesmo uma fraude? Se ainda faltava dicas suficientes, Oscar vem ao seu encontro em casa e a encontra esperando por ele na rua, na frente da casa e não dentro como uma dama da época faria. Maud alegou que saiu para pegar ar. Gente, ela nunca esteve no endereço que acreditavam ser seu. Ela apenas sabia citar nomes e situações e ninguém questionava. Ela sabia que Oscar a pediria em casamento, por isso avisa que vai viajar e logo volta. Conveniente não? Para nos gelar mais uma vez, ela pergunta sorrindo: “você não tem medo de correr riscos, né?”, deixando que ele a beijasse. Para ser justa, ainda há uma esperança que ela tenha sido sincera quando disse que “se despede dizendo que gostaria de revê-lo”. Pobre Oscar. Literalmente. Não ouviu a despedida ou os vários alertas ao longo do caminho. Não será uma temporada fácil para ele…
E quem é Maud Beaton? De fato, desobrimos um pouco mais sobre ela na terceira temporada, quando retorna brevemente. Ela é, se agora estiver dizendo a verdade, “Dolly Trent”, vinda do Arizona e vítima de golpes e abusos desde que chegou à Nova York, sendo forçada a se prostituir e a fazer parte dos golpes como o aplicado em Oscar.
A fortuna dos Van Rhijn etsá perdida, não tem recuperação, mas Oscar, penalizado com a história de Dolly/Maud, não a denuncia para a polícia. Ao contrário, compra uma passagem para que fuja de Nova York e recomece sua vida longe dali. Ela, emocionada, diz que sente o ter enganado pois gostava dele. Seja como for, ela embarca (aparentemente) no trem e vai embora. Será que ainda volta?
Sim, porque graças à ela outro drama se desenvolveu: Marian descobriu que Larry mentiu para ela, que frequentou o cabaret e com isso rompeu o noivado. Terminamos a temporada com ela perdoando o noivo (depois que confirmou que ele “não fez nada”), mas agora é Larry que está magoado com Marian. Posso perdoar todos os centavos que ela roubou de Oscar, mesmo com muita pena dele, mas separar Larian? Jamais!
* Editado em setembro de 2025
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