O acidente do time de rugby uruguaio que caiu nos Andes, com 16 sobreviventes dos 45 passageiros, é uma das histórias mais apavorantes e inspiradoras dos últimos 50 anos. Para a dimensão da história, é até surpreendente que não tenham filmado mais de uma vez.
Agora que se passaram cinco décadas é que – pela primeira vez – a história ganha a narrativa mais impactante do cinema, com o emocionante A Sociedade da Neve. Juan Antonio Bayona, que já assinou outra história de sobrevivência fantástica – O Impossível – trouxe uma sensibilidade ímpar para uma história cujos detalhes são tão conhecidos. Primeiro, o elenco de desconhecidos nos envolve aos poucos, e depois, elegendo uma personagem menos conhecida para liderar a narrativa, nos traz a angústia da espera, dos desafios da natureza e da fé para superar a morte certa em cada momento dos 72 dias que ficaram isolados nos Andes.

É impossível falar de A Sociedade da Neve sem falar de Vivo, de 1993. O filme de Frank Marshall, lançado há 30 anos, já parecia desde o lançamento uma versão americanizada do drama, a começar pelo elenco liderado por Ethan Hawke, na época recém saído da Sociedade dos Poetas Mortos. A sequência da queda do avião na época foi marcante, mas até isso o filme da Netflix supera, afinal, para o diretor nem foi a parte mais difícil. Nos fazer vislumbrar um mínimo do sofrimento dos sobreviventes sempre é o mais complexo, em especial porque o que mais se fala até hoje foi a decisão deles, na falta total de comida, de se alimentarem dos mortos. Canibalismo? O filme nos faz entender a diferença do que é uma coisa e o que é antropofagia.
A empatia e a compaixão que o roteiro, seguindo a narrativa do livro de mesmo nome segue, são cruciais para a emoção. Infelizmente para nós brasileiros e jornalistas, que perdemos conhecidos há poucos anos no trágico vôo do Chapecoense, esse é um filme perto demais de casa. Dói muito.
A Sociedade da Neve é certamente um dos filmes indicados a filmes estrangeiro no Oscar. E com boas chances de ganha!
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