Depois de dois adiamentos (um deles porque a greve de roteiristas e atores fez com que a HBO Max precisasse rever a programação para manter a frequência de lançamentos sem buracos), True Detective: Night Country estreou – finalmente – em janeiro de 2024 (era previsto para início de 2023!). Com equipe e estrelas femininas, a série agora saiu do sul dos Estados Unidos, ou de Los Angeles, para ir para o misterioso e frio Alasca, um dos territórios americanos com maior índice de criminalidade.
Mas críticos são críticos por princípio. A franquia True Detective passou por três fases, com as duas última sob fortes reclamações da ‘queda de qualidade’ não de interpretação, mas de texto. Nos bastidores, o showrunner Nick Pizzolatto ficou conhecido por ter sido o único a se incomodar com o sucesso da primeira temporada, creditado abertamente ao diretor, Cary Fukunawa. Nick assumiu maior influência nas duas outras, especialmente a pior delas, a segunda, e agora a franquia não tem mais sua contribuição e foi toda reescrita por Issa López, que também é a diretora. Abro assim porque quem assistiu True Detective: Night Country percebeu a mudança, e, claro que teve gente reclamando. Bobagem, o primeiro episódio promete.

A trama mantém a tradição de mistério, mas evita a narrativa não linear das temporadas anteriores (a 1ª e a 3ª), o que eu agradeço também porque anda cansativo não ter mais ninguém contando uma história com início meio e fim. De forma ‘tradicional’, seguimos os passos das novas detetives.
A ação se passa em Ennis, no Alasca, onde a noite polar – o período no qual há meras poucas horas de luz solar e a escuridão permanece muito mais do que apenas 12 horas – a interferência na vida das pessoas é ainda maior do que imaginamos. O sobrenatural é imediatamente sugerido: no centro de pesquisas de Tsalal, a equipe de cientistas homens desaparece misteriosamente uma noite. Nós os vemos tranquilos até que um deles tem uma síncope e avisa: “ela está acordada”. Três dias depois, o local está abandonado como estava, mas sem sinal dos homens. No chão fica uma língua humana cortada. Sobem os créditos ao som de Billie Eilish (post vindo sobre o tema!).
Mantendo a proposta da série, temos duas detetives que se detestam tentando solucionar o mistério, sendo que uma delas insiste em trazer à tona um crime não solucionado do passado na carona. Liz Danvers (Jodie Foster) é quem comanda a investigação, acompanhada pela dupla de policiais pai e filho Hank (John Hawkes) e Peter Prior (Finn Bennett), para a irritação de Evangeline Navarro (Kali Reis), a policial estadual (depois de brigar com Danvers) que é de origem Inupiaq e ainda não superou um caso que nunca conseguiu encerrar. Esse passado que separou as duas, também as une agora.

O crime que também secretamente incomoda Danvers é o assassinato de uma mulher nativa, a parteira e ativista Anne Masu Kowtok (Nivi Pedersen), que foi encontrada esfaqueada e com a língua cortada. A língua atual não parece ser a dela, mas Navarro acredita que pode ser sim o caso. Como se a língua tinha apenas alguns dias e a mulher desapareceu há anos? Pois é…
Daí vemos duas informações pessoais de Danvers e Navarro que terão influência na dinâmica: Danvers mantém o cinismo como escudo, mas tem um passado doloroso com uma enteada adolescente e claramente traumatizada por perder alguém em um acidente de carro. Igualmente a vemos sonhar (e ser visitada?) por uma criança chamada Holden, que avisa “ela está acordada”. Já Navarro tem uma irmã que sofre de algum tipo de transtorno mental indutor de paranóia, doença que parece ter afetado também sua mãe. Se ambas sabem uma da outra, ainda não está claro. Danvers tem um urso polar de pelúcia com um olho só, exatamente como o verdadeiro urso que Navarro vê circulando na cidade, e o filho de Peter fez desenhos preocupantes de uma criatura humana que parece ter língua nas mãos e sua esposa explica a ele que se trata de um ser de uma lenda local, Oi?

Embora ria da dedução da antiga parceira, Danvers reabre arquivos do caso de Kowtok e começa a investigar possíveis conexões com o desaparecimento dos homens de Tsalal, rapidamente identificando que existe uma possibilidade. As duas se esbarram novamente na instalação, mas não encontram nada sozinhas, quem avança mesmo é Rose Aguineau (Fiona Shaw), uma espécie de ermitã que se comunica com os mortos (um tal de “Travis”) e localiza os corpos dos cientistas.
Ou seja: mistério e terror. Os críticos sentiram falta dos diálogos filosóficos do original, mas a diretora Issa López garantiu que manteve essa assinatura em True Detective: Night Country. Achei a estréia boa, a série com outra pegada, uma necessidade clara para quem viu as temporadas anteriores. A ver como se desenvolve!
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