Ser Criston Cole (Fabien Frankel) não é Targaryen, nem mesmo um nobre de Westeros. Sua origem é Dorne, mas, mesmo sem um título conquistou a atenção da jovem princesa Rhaenyra (Milly Alcock), que pessoalmente o selecionou para Guarda Real de Viserys I Targaryen, seu pai. Ser Criston primeiro cgamou a atenção de todos ao duelar – e ganhar – de ninguém menos que Daemon Targaryen (Matt Smith).
Se no início havia a atração tanto da princesa como de sua amiga, Alicent Hightower (Emily Carey), aos poucos a relação entre o cavaleiro e a herdeira do Trono de Ferro foi ficando mais complexa. Habilidoso como guerreiro, o jovem cavaleiro ficou próximo de Rhaneyra, como seu escudo pessoal. Vimos o quanto a princesa confiava nele, abrindo seu coração quando tinha dúvidas e ele reafirmando sua admiração por ela. Até que tudo mudou.

No livro Fogo e Sangue, não é explícito como na série , mas o ódio que Ser Criston passa a sentir de Rhaenyra claramente tem origem romântica e também passa pela polêmica ‘volta’ de Daemon ao reino, após um primeiro período afastado. É que “rumores” sobre a noitada dele com a sobrinha ficaram lendários, com alguns alegando que ele teria tirado a virgindade dela e outros sugerindo que Daemon teria ensinado “explicitamente” como Rhaenyra deveria seduzir Criston. Muitos acreditam que o cavaleiro a teria rejeitado, ofendido e ainda apegado ao seu juramento como Cavaleiro, quem viu a série, sabe que os detalhes estão errados, mas que efetivamente a noite da visita ao bordel mudou a vida de Ser Criston Cole para sempre.
A admiração dele por Rhaenyra, pelo que vimos, já tinha passado para amor. Ao passar uma noite com ela, porém, Ser Criston foi dragado para uma irreversível tragédia, na qual passaria ter uma posição estratégica ímpar. ”Ele foi arremessado de uma vida que comprendia para uma que não compreende”, o ator falou em uma entrevista. Ele foi além, confirmando algumas suspeitas.
A escuridão da alma de Ser Criston Cole: amor não correspondido
A análise do ator traz alguns pontos importantes para entendermos a personagem e sua eventual aliança com Alicent Hightower (Olivia Cooke). Por não ser de família com posses, a única forma de ascender socialmente era através de trabalho duro, por isso se preparou tanto para combate e uma vida na Guarda Real. Assim como a futura Rainha consorte, Ser Criston entendia que tinha que obedecer as regras, e admirava a ‘rebeldia’ da princesa, que conseguia fazer o que queria e ainda manter a popularidade e posição de sucessora. Uma coisa, no entanto, era vê-la bater o pé e questionar o pai, a outra foi ser usado como peão em um jogo onde as regras mudavam para ela apenas.
“Existe uma escuridão nele que em um momento desencadeia e depois disso Cole se transforma no que ele é”, explica Fabien. O momento é a noite de amor entre ele e Rhaenyra.


Nas palavras do ator, Ser Criston “tem personalidade e sentimentos fortes” pela princesa, mas ela subestima ambos. Para ela, cumprir seu papel e se casar com um nobre faz parte de suas obrigações, portanto em nenhum momento ela se permitiu ou sentiu algo a mais por ele, mas Ser Criston não percebeu. Em sua mentalidade cartesiana, se ela quebrou as regras para estar com ele era por gostar dele e querer mudar tudo, não uma diversão. Nem tudo estava nas mãos ela e isso que nem Ser Criston ou Alicent quiseram entender.
Quando Viserys foi informado da noitada de Daemon e Rhaenyra, por malícia de Ser Otto, ele acreditou que os dois consumiram a relação, criando dois problemas para os Targaryens. 1) Daemon ainda era casado, portanto não poderia ser marido de Rhaenyra e 2) Ela poderia engravidar, e agora sabemos que virgindade era importante não apenas para evitar escândalos, mas para mantê-la na linha sucessória. Daemon – que não se dá ao trabalho de corrigir a fofoca – gosta da idéia de se casar com a sobrinha, mas tem que ficar viúvo antes. Viserys nem considera essa possibilidade e com isso tem que encontrar uma solução mais rápida.


A alternativa mais eficiente no papel era a de casar sua relutante filha com seu primo e amigo de infância, Sor Laenor Velaryon. Dessa forma, resolveria também as ambições do pai dele, que quis que Viserys se casasse com sua fiha de apenas 12 anos, Laenora, mas Viserys escolheu Alicent no lugar. Casando Rhaenyra com Laenor voltaria a colocar os Velaryons na sucessão ao Trono (através dos filhos dos dois) e as Casas fariam Paz novamente. De um lado ok, do outro, a guerra.
Seguindo o livro – confirmado na série – Ser Criston confessou seu amor à princesa, oferecendo o plano de fugirem juntos para uma das Cidades Livres, onde ele a sustentaria como espada de aluguel a algum príncipe mercante. Afinal, ele sabia que ela não amava Laenor (claramente gay) e sendo ela uma rebelde, estaria tudo bem. Há algo mais essencial aqui também: o machismo.
Regras só são quebradas por quem ‘pode’, algo que separa Criston de Rhaenyra, mas aproxima de Alicent
Rhaenyra foi jurada como sucessora de Viserys em uma cerimônia oficial, quebrando a tradição secular de fazer uma Targaryen Rainha mesmo antes de qualquer herdeiro homem. Foi uma estratégia política alimentada por Otto para ganhar tempo e afastar Daemon do trono, porém tanto Rhaenyra como Viserys, levaram isso a sério. Os dois únicos em toda Westeros (ok, os Starks também). No mais, ninguém esperava ver Rhaenyra como Rainha, muito menos por muito tempo. Nem Ser Corlys Velaryon e Rhaenys Targaryen, cujos netos eventualmente teriam a prioridade mesmo em relação à futura mãe deles.
Alicent Hightower, na série, como amiga e mulher, tampouco tinha fé em Rhaenyra como Rainha, mas evitou se envolver até que o escândalo a provocou. Um evento que mudou o curso da História.


A intenção de Daemon de ensinar a Rhaenyra a ter prazer na vida foi infeliz em todos os aspectos. Até então, mesmo que com dificuldade, ela tinha o apoio de Alicent Hightower e Ser Criston Cole, que ressentiam o comportamento irresponsável dela, mas cuja rebeldia era branda. Ao envolver sexo na equação, desequilibrou tudo.
Alicent, que se casou com Viserys, um homem que poderia ser seu pai, nunca teve prazer carnal com ele, cumprindo seu papel quando ele demandava. Por medo e por ‘dever’, tampouco buscou alternativa fora do casamento. Para ela, essa era a realidade das mulheres e algo que sua enteada-amiga seria igualmente submetida. Quando a fofoca da noitada passa a circular, Alicent ainda acredita que Rhaenyra não teria se arriscado tanto, e se opõe a Otto na questão. A dota d’água para ela vem quando descobre que o pai foi punido por “dizer a verdade” e que a princesa saiu ilesa mentindo. Uma injustiça que apenas os arrogantes como os Targaryens conseguiria ignorar. Apenas Alicent sabe a verdade completa de que não foi com Daemon que Rhaenyra passou a noite, mas com Ser Criston Cole. A paixonite de adolescente pode ter colaborado aqui também: Rhaenyra e Daemon destruíram a vida de Otto, banido da Corte, e de Criston, cuja honra foi manchada pela sedução inconsequente.
Uma negativa é a semente de uma guerra civil
O fato de que Ser Criston considerou que Rhaenyra abriria mão da Coroa por ele é inconcebível para qualquer mulher moderna, mas, naquele cenário, algo lógico. Ao ousar ter o bolo e comê-lo também, ela perturbou de forma inequívoca a Paz. (Obrigada, Daemon, seu agente do caos, por alimentar a fera!)
Nada disso muda o fato de que Rhaenyra foi o primeiro amor (senão o único) de Ser Criston Cole, que se viu usado e desprezado. A intensidade de seu amor passou para ódio, e vê-la aceitando seguir as regras e se casar sem amor é pior do que vê-las quebrando para ser feliz. Para ele, o que a princesa recusou foi estar com um homem comum, redobrando seu sentimento de inadequação.


Igualmente, os filhos de Alicent passam a ter a devoção incondicional do cavaleiro. Para ele, Aegon e Aemond, dois homens e filhos de uma mulher de honra, têm mais direitos ao trono do que a sedutora Rhaenyra. Para piorar, ao ter um casamento onde o marido não cumpre o papel de gerar herdeiros, a princesa encontrou consolo em Sor Harwin Strong, algo que ficou claro com os três filhos que se pareciam mais com Harwin do que Laenor. Não apenas Rhaenyra era uma mulher de pecados, como quer colocar bastardos no Trono. E quando fica viúva, imediatamente se casa com o também recém viúvo Daemon Targaryen. É a inimiga dos bons costumes e dignidade.
No livro o escândalo violento da noite do casamento é diferente, mas tanto na série como no original aquele evento determina a aliança letal entre ele e Alicent. Na festa, há os combates para celebrar e toda agressividade que tem é solta em Sor Joffrey Lonmouth, que teria morrido seis dias depois e na série morre na hora. Em desgraça, Cole é ‘salvo’ pela Rainha consorte de uma tentativa de suicídio, pois ela o faz jurar ser escudo pessoal e ele passa a ser o mais estratégico defensor dos Verdes.
Segundo o ator, dos filhos de Alicent é Aemond com quem Criston tem uma relação mais próxima. O príncipe, que perdeu um dos olhos num embate com os sobrinhos, é bem treinado por ele para ser um excelente homem de combate. Embora tenha ambições veladas de um dia se sentar no Trono de Ferro, Aemond, como Alicent e Criston, não age para encontrar atalhos, mas defende como se fossem seus. Também Ser Criston Cole passa a ter orgulho do ódio que alimenta por Rhaenyra, seu grande motivador é vê-la cair, ser humilhada e perder a Coroa.


A aliança com os Príncipes Targaryens pode afastá-lo de Alicent
Na 1ª temporada de House of the Dragon, Ser Criston ainda não tomou o protagonismo que o fará uma figura odiada por quem torce por Rhaenyra. Seus maltratos descarados dos filhos da futura Rainha deixam claro que ele não tem respeito por ninguém que não venha da linhagem dos Verdes, nem mesmo os filhos dela com Daemon.
Como homem de força, Ser Criston ajudou os Verdes a tomarem conta do conselho após a morte de Viserys. Também apóia a coroação de Aegon, ainda alinhado com Alicent mais do que com Otto quando o príncipe precisou ser encontrado para tomar seu lugar como Rei. Igualmente, Criston mata Lord Lyman Beesbury, o único conselheiro a apoiar Rhaenyra, e ameaça quem ousar se recusar a ajoelhar para o novo Rei. Com isso, ganha a fama de ‘fazedor de reis’, ainda mais que o próprio avô de Aegon, Otto, o verdadeiro estrategista político de tudo.
No livro, mais do que Alicent, é Criston que convence Aegon a ascender ao Trono de Ferro, lembrando que ele e seus irmãos seriam mortos por Rhaenyra se Aegon não reivindicasse a Coroa. Aliás, é Cristom quem coloca a coroa de Aegon, o Conquistador, na cabeça do jovem rei. Sem problemas com a violência, veremos um Ser Criston Cole sanguinário quando o reencontrarmos.
Artimanhas para destruir Rhaenyra e Daemon
A morte de Lucerys Velaryon, acidental ou não, é tudo que Ser Criston sonhava para começar a atacar Rhaenyra. A ver como Aemond explicará o fato em King’s Landing, mas sabemos que Aegon e Cole vão celebrar a notícia, enquanto Otto e Alicent vão se apavorar. Otto, aliás, será um problema entre ele e a Rainha Mãe.
Assim como Aegon, Cole se irrita com a politicagem de Otto, que quer evitar combates. O chefe da guarda Real executa os “traidores” e oponentes aos verdes e traça as estratégias de defesa e batalhas. Otto busca alianças, Cole mostra a força em campo. Sem demora, Aegon tira a posição de Mão do Rei do avô e a oficializa em Ser Cole Criston, um jovem de Dorne que chega à mais alta posição no Reino além do próprio Rei.
Quando a estratégia “olho por olho” é a resposta dos pretos por Lucerys, Criston ganha o presnete que tanto queria. Ele é quem traça a estratégia de mandar o relutante Sor Arryk Cargyll da Guarda Real a se infiltrar em Pedra do Dragão, disfarçado de seu gêmeo, Sor Erryk Cargyll, apoiador de Rhaenyra. Vamos descobrir se a intenção era matar a Rainha ou os filhos dela, mas o fato é que os gêmeos morrem e os Targaryens sobrevivem.


Batalhas sangrentas, derrotas e vitórias
O tabuleiro será conduzido de forma que Daemon Targaryen e Ser Criston Cole despontam como os estrategistas opostos. Veremos vitórias dos pretos em Harrenhall e outras batalhas, mas, em Rook’s Nest, é o plano de Cole que gera uma das batalhas mais lendárias de toda Dança dos Dragões. Nela, o Kingmaker prepara um armadilha letal que custa as vidas da Princesa Rhaenys Targaryen e da dragão Meleys.
Quando Aegon fica incapacitado de reinar após a emboscada, Ser Criston e Aemond tomarão a frente de tudo sem restrições. Eles matam a guarnição de Rook’s Rest e carregam as cabeças de Lord Staunton e de Meleys de volta para King’s Landing.


Mas o futuro de quem vive tanto rancor é sombrio. Na batalha de God’s Eye, o exército de Criston descobre que Harrenhal havia sido ‘abandonado’ pelos negros, decidindo agir imediatamente e tomar o castelo. Dessa forma, deixam King’s Landing vulnerável e os pretos tomam a cidade e o trono. Como resposta, Criston recua para o sul e segue lutando.
Sua derrocada virá mais à frente, quando for surpreendido por Sor Garibald Grey, Sor Pate, e Roderick Dustin em uma emboscada. Dentro de sua honra, Ser Criston oferece sua captura para poupar seus homens, mas é recusado. Desafiando os três apoiadores de Rhaenyra, ele é morto com três flechas e seu exército é executado. A cabeça de Ser Criston é então levada como troféu para a celebração dessa importante derrota.
Como sabemos, Rhaenyra está passando por tantos problemas que nem fica claro se ela fica contente ou não com a morte do ex-amante. A essa altura, ela perde o controle de King’s Landing, perde Daemon (supostamente morto desafiando Aemond, que também morre) e será surpreendida e morta por Aegon. Na acelerada troca de Targaryens, Criston será sucedido como Mão do Rei por Lord Cregan Stark e como Senhor Comandante da Guarda Real por Sor Willis Fell. Ambosservem Aegon III Targaryen, filho de Daemon e Rhaenyra.


Ser Criston vive o paradoxo da vitória e derrota
O destino trágico de Ser Criston Cole, segundo a análise do ator Fabien Frankel, estamos acompanhando de alguma forma, a destruição de um bom homem. Ele considera que “você é aquilo que o cerca, você é as pessoas que o cercam”, como disse. Por estar rodeado por pessoas incrivelmente ambiciosas, maquiavélicas e obcecadas pelo Poder ele mesmo embarca essa jornada por ser irreversível.
Essa visão ecoa com uma impressão sugerida por alguns fãs, de que, na verdade, Ser Criston Cole não era diferente de Otto Hightower, queria mesmo “mandar”. Teria sonhado em ter Rhaenyra sob sua influência, mas, sem conseguir, aproveitou a vulnerabilidade dos príncipes que o tinham como herói. Suas relações pessoais com Alicent e Rhaenyra só contribuíram para alimentar suas ambições. Ou, como diz Fabien, é apenas um homem simples, rejeitado e ressentido. Será mesmo?
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