Em 2014 o ator Matthew McConaughey se “reinventou” em Hollywood, estrelando com sucesso a série True Detective na HBO e ganhando um Oscar de Melhor Ator por Dollar Buyers Club, em uma calculada estratégia de posicionamento que ficou conhecida como “‘McConaughaissance“. Isso porque ele alcançou o estrelado no final dos anos 1990s como potencial ator dramático, mas depois emendou uma série de filmes românticos – alguns até sucesso – ficando tão marcado pela vida pessoal (preso por drogas, muitas namoradas) – que parecia impossível recuperar sua credibilidade. Nesse proceso ele criou um personagem icônico e sem dúvida o mais famoso de sua carreira: Rust Cohle, o atormentado, filosófico e brilhante detetive de True Detective. Parece que os fãs podem alimentar a esperança de sua volta pois a nova etapa de True Detective na HBO Max, a temporada de True Detective Night Country já tinha avisado antes que teria referências à 1ª temporada, mas na verdade é realmente ligada à ela, trazendo inclusive a maior conexão que queríamos, a possibilidade de cruzarmos novamente com Rust Cohle.

O segundo episódio não viaja no tempo nem põe o pé no acelerador. Estamos ainda com Danvers (Jodie Foster) e Navarro (Kali Reis) tentando decifrar as pistas dos dois casos que eram claramente interligados, com as duas finalmente fazendo um acordo para unirem forças. Ainda não há nada de concreto que possa explicar como parte do grupo de cientistas desapareceu de seu centro de pesquisa para serem encontrados congelados e nus no meio do nada. Um deles estava inexplicavelmente ainda vivo (agora está em coma induzido e não pode ajudar) e outro está desaparecido. Nada ficou gravado no celular então Danvers tem que solucionar o quebra-cabeças com muito pouco. Como diz, ela precisa acertar as perguntas que ainda não têm resposta (pôxa, e qual tem?) para direcionar a investigação.
Há menos sobrenatural nesse episódio, mas tudo ainda está sob a aura de algo que não é físico. O que fica claro para nós é que estão gritando que há algo de podre na água local ( terminando com Florence + The Machine cantando Seven Devils) e se você como eu, achou que o fantasma dançante de Travis lembrava Rust agora está mais tranquila: ele era mesmo Travis Cohle, o PAI de Rust. Sim, como sabíamos desde a primeira temporada Rust passou um tempo no Alasca, com o pai doente. Quem confirma a conexão é a ex-namorada de Travis, Rose (Fiona Shaw) que tem a habilidade e tranquilidade de lidar com os mortos.


Rose explica para Navarro sobre suas visões de Travis e como os mortos em Ennis são comuns. No caso de Travis, ele se matou depois de desistir de lutar contra o Câncer, mas a razão de ter sido ele para apontar onde estavam os corpos ainda está em aberto, talvez sua paz tenha sido perturbada? O fato é que o suicídio dele foi por afogamento na água gelada, portanto é mais um sinal da importância dessa informação no enigma.
As vidas pessoais de Navarro e Danvers, ambas usando sexo como meio de desestressar, as coloca mais em sintonia do que sabem. De efetivo do mistério em mãos há os detalhes do episódio:
- Como Navarro encontra as roupas dos homens bem dobradas e alinhadas ao lado dos calçados perto de onde foram encontrados os pesquisadores congelados, há a possibilidade de que foram obrigados a ficarem nus e e empilhá-las como parte de um intrincado ritual do suposto assassino, que os submergiu debaixo d’água, queimando suas córneas.
- Os tímpanos rompidos podem ter sido causados pela profundidade das águas quando foram afogados.
- O fato de terem sido encontrados na superfície sugere que o assassino queria que eles fossem descobertos pelas autoridades.
- Há a hipótese de que os pesquisadores estivessem em estado de delírio por causa da hipotermia extrema e por isso tirado as roupas (confundindo o frio com calor), portanto quem os matou os submergiu em água gelada e depois os retirou antes de esperar que morressem congelados.


- O fato de ter um sobrevivente sugere que embora estivessem desaparecidos há dias, os pesquisadores foram congelados apenas algumas horas antes de serem localizados.
- Os pesquisadores de Tsalal queriam sequenciar o DNA de um microrganismo extinto que pudesse prevenir a decadência celular.
- O espiral é um símbolo que conecta todos os crimes (e as duas temporadas de True Detective). os pesquisadores tinham espirais tatuados em suas testas (e o sobrevivente desaparecido, no peito) e Danvers ainda não sabe se foi o assassino que fez o desenho antes de matá-los. Na 1ª temporada da franquia, o culto do Rei Amarelo demandava o desenho dos espirais em suas vítimas antes de matá-las.
- O centro de pesquisa Tsalal é financiada por uma ONG que, por sua vez, é ligada a uma empresa de fachada chamada NC Global Strategies, de propriedade da Tuttle United. Só memórias prodigiosas lembrariam, mas sim, é da mesma família Tuttle que na 1ª temporada foi exposta como a principal força por trás do culto ao Rei Amarelo.


A possível – ou já poderíamos dizer a provável – volta ou aparição de Rust Cohle está mais do que construída, o que faria a coincidência do fato dele estar na Louisiannia e no Alasca onde a família Tuttle conduz seus estranhos negócios. O desenho de tudo me parece extremamente pessoal.
São apenas seis episódios e em dois não houve nenhum sentimento de pressa. Há algo de podre e sinistro nas terras do Alasca, mas as detetives, agora unidas, estão no caminho certo.
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