Colman Domingo trabalha em duas cinebiografias para 2025

O indicado ao Oscar, Colman Domingo, já pode ir se acostumando à festa. O ator, indicado em 2024 pelo filme Rustin, que é uma cinebiografia sobre o principal conselheiro de Martin Luther King Jr., Bayard Rustin, cuja participação na luta pelos Direitos Civis foi apagada por preconceito porque era gay, já está com nada menos DOIS outros papéis biográficos, que certamente darão destaque à sua carreira.

Segundo ele conversou com a revista Variety, Colman está no elenco da esperadíssica biopic sobre Michael Jackson, dirigida por Antoine Fuqua. Em Michael, Colman vai interpretar o papel de Joe Jackson, o patriarca dos Jacksons e empresário dos filhos por boa parte da carreira deles. Há históricos de abusos físicos e psicológicos do pai nos filhos, em especial, Michael, portanto é um papel essencial na narrativa que promete ser transparente sobre a infância do Rei do Pop.

O outro projeto é ainda mais significativo. Segundo comentou com a revista, Colman está trabalhando em segredo há anos no projeto de levar a vida do icônico cantor Nat King Cole para o cinema. Ele não apenas escreveu o roteiro como vai dirigir o musical, estreando nessa cadeira.

A vida de Nat King Cole tem grande relevância para a música e para a cultura negra nos Estados Unidos, também considerado um dos mais populares e influentes do século 20. Nascido há 105 anos, em março de 1919, no Alabama, era filho de um pastor e iniciado na música na igreja. Crescido em Chicago, ele tocava piano desde cedo, portanto sem surpresa seguiu carreira como pianista tocando jazz. Em 1937, conseguiu um emprego em um quarteto de jazz em Hollywood, mas quando o baterista desistiu de aparecer, nasceu o hoje famoso Nat King Cole Trio, criador de um estilo diferente na época (piano, guitarra e baixo apenas) que teria contribuído para o que veio ser conhecido como ‘swing’.

A referência de Rei (King) teria sido uma brincadeira de um homem na audiência que teria colocado um chapéu na cabeça do pianista o consacrando, e a piada simplesmente pegou. Passou a ser o ‘Rei Cole’. Na mesma noite, nasceu o cantor. Alguém na platéia pediu para que cantassem Sweet Lorraine e inacreditavelmente ele teria respondido que “nós não cantamos”, mas como as gorjetas eram boas, Nat tentou. Só podemos imaginar a reação das pessoas ao ouvir pela primeira vez aquela voz inimitável e, desculpem a piada, inesquecível. A primeira gravação de sucesso do trio foi a deliciosa Straighten Up and Fly Right, em 1943, mas, com Nature Boy fez deles um sucesso mundial. 

Embora fosse rapidamente adorado mundialmente, Nat sofria como todos pretos americanos, a discriminação racial. Mesmo rico e famoso, não era aceito nos bairros dos brancos e famosamente chegou a ser atacado no palco em uma apresentação no Alabama. Quando o cantor voltou ao palco foi aplaudido de pé por 10 minutos. Sua dedicação à causa de Direitos Civis era considerada muito branda por alguns, mas ele eta contra celebridades usando a fama para “falar demais quando deveria haver mais atividades e menos conversas”. 

Nat King Cole gravou mais de 100 canções no topo das paradas da história da música e vendeu mais de 50 milhões de discos, sendo também o primeiro apresentador afro-americano na TV, em um programa que ficou no ar apenas por pouco mais de um ano porque “os anunciantes nacionais não apoiariam um negro”, como revelou na época.

A saúde do astro, no entanto, nunca foi estável. Por conta de uma úlcera aguda, precisou ser operado com urgência e perdeu metade de seu estômago. Fumante inveterado, teve um câncer de pulmão que viria tirar a sua vida ainda no auge, aos 36 anos.

Colman Domingo não entrou em detalhes de como vai abordar a história do cantor em seu filme, mas ele já tinha usado a vida de Nat King Cole em uma peça que co-escreveu, Lights Out: Nat ‘King’ Cole, com Patricia McGregor. Nesse texto, ele tentou imaginar os bastidores do programa de TV do cantor, em especial a gravação do especial de Natal de 1957 no “The Nat King Cole Show”, que marcou sua estreia.

Seja como for, 2024 já é o ano do astro de Walking Dead e Euphoria. Além de sua elogiada atuação em Rusty, foi produtor executivo do filme de terror It’s What’s Inside, que vai para Netflix, e está no elenco dos filmes Drive-Away Dolls, de Ethan Coen, e Sing Sing, de Greg Kewdar. Embora suas chances de ganhar o Oscar esse ano seja remota (é anunciada para Robert Downey Jr. em Oppenheimer), ele certamente será uma figura constante na festa da Academia. Está apenas começando!


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