Em comédias românticas é muito fácil recontar a mesma história e alcançar seu objetivo de diversão. Escapismo é um dos principais atrativos de filmes e séries, nada errado com isso! E Upgraded: As Cores do Amor é mais um desses produtos, mas um que ganha nota 10.

Estrelado por Camila Mendes, de Riverdale, e Archie Renaux, de Sombra e Ossos, o filme traz atrizes experientes – que roubam a cena, obviamente – como Lena Olin e Marisa Tomei, em uma história que já vimos contada mil vezes e aceitaremos outras mil se usarem bem a fórmula. O que é uma divertida metáfora do que é a trama do filme, tratando de Arte, de mentiras, de encontros e final felizes.

Ana Santos (Camila Mendes) é uma jovem com grandes sonhos e muita dificuldade financeira que sonha em um dia ter sua própria galeria. Para chegar lá, trabalha como assistente de uma casa de leilões e a “Miranda Priestley” das Artes, Claire (Marisa Tomei), uma exigente e tóxica curadora que pode fazer ou destruir a carreira de qualquer um aspirante no meio.

Sim, é Diabo Veste Prada das Artes Plásticas mesclado com a velha e repetida Cinderella, incluindo as assistentes abusivas, Suzette (Rachel Matthews) e Renee (Fola Evans-Akingbola), as irmãs malvadas da gata-borralheira. Astuta, Ana vai enfrentando os obstáculos e tem uma fada-madrinha em uma atendente da companhia aérea que dá a ela um upgrade depois de vê-la sendo maltratada por Suzette e Renee. Pronto, vamos para o clichê número dois, o encontro fofo do casal principal.

Claro que acontece com um desastre da atrapalhada heroína. E segue em um longo vôo onde o romance nasce em uma cabine de primeira classe. Nunca conseguiram fazer o amor eterno nascer na classe econômica, já repararam? Mas na executiva é mais tranquilo. Enfim, é ali que Will (Archie Renaux) e Ana se entendem, mas ela mente dizendo que é diretora e ele cai na obvia mentira.

Pousando em Londres, os dois voltam a se esbarrar quando a mãe dele vai buscá-lo no aeroporto. Catherine (Lena Olin) é milionária e famosa, e adora Ana. Tudo vai bem e o computador esquecido no carro é meio que o sapatinho de cristal. O telefone da escola Miranda Priestley interrompe todo momento, mas nem Will nem os amigos ricos de Catherine pescam que Ana não é quem diz ser. Ela é – e é mesmo – encantadora e culta, nada mais interessa.

Obviamente as coisas vão piorando quando toda oportunidade que Ana tem de corrigir sua mentira é ignorada. Catherine não é apenas a sogra dos sonhos, é a principal colecionadora que Claire está atrás.

Não preciso continuar, o terceiro ato é quando Ana é desmascarada e tem que resolver tudo sem fingir ser quem não é. Sabemos como acaba, mas é como um livro de Jane Austen, não importa porque a viagem é deliciosa.

Dirigido por Carlson Young, Upgraded liderou os filmes mais vistos da Amzon Prime Video, colocando Camila Mendes como uma potencial estrela de algo maior. Ela é convincente, divertida, elegante sem parecer fake e com timing para comédia.

Obviamente que a falta de originalidade dá alguns trechos barrigudos, mas Lena Olin e Marisa Tomei estão à vontade que só dá saudade dos tempos em que as víamos com maior frequência nas telas, em especial, Marisa, que é hilária em qualquer papel.

Outra qualidade de Upgraded: As Cores do Amor é a modernização do final feliz de um conto de fadas. A sororidade pode ser um twist que muitos não tivessem previsto, mas é bem contextualizado e dá uma alternativa conclusiva interessante, de uma heroína moderna romântica que agrada a todos. Uma boa alternativa de voar na imaginação despreocupada.

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