Como lidar com a dor eterna?

Expatriadas é uma série densa, dura, incômoda. A vidas de três mulheres cruzam em Hong Kong de maneira trágica e irreversível. Esse é apenas o estopim para que a sensível diretora Lulu Wang nos conduza a uma triste jornada de escolhas, de dor, arrependimento e recomeço.

Usando como base o best seller de mesmo nome, Expatriadas é um projeto da atriz Nicole Kidman, uma das estrelas também. Ela comprou os direitos há muitos anos, antes mesmo de estrelar Big Little Lies e, como produtora se revela tão boa como atriz.

A narrativa de Expatriadas começa de forma não linear, mas a confusão é importante para causar impacto quando tido se conecta. Uma mera distração traz dores irreparáveis para as vidas de tantas pessoas, direta e indiretamente.

Numa Hong Kong onde os conflitos políticos são pano de fundo, a história navega em impasses sociais, culturais, psicológicos e até físicos, com imagens de uma plasticidade cinematográfica, além de uma trilha sonora precisa.

Especialmente para tempos pós pandêmicos e de revolução digital, a angústia de todos encontra eco na gente de formas inesperadas. Egoísmo, compaixão, abuso, perdão, dúvida e fé podem fazer a diferença muda da maneira mais improvável.

O desaparecimento do pequeno Gus é o tormento intransponível da história. E na encruzilhada onde as três mulheres se encontram a escolha individual delas é emocionante, mesmo que de alguma forma seja o que esperamos.

Nicole, obviamente, mais uma vez confirma sua posição de uma das melhores atrizes de sua geração. O drama de Margareth é de longe o mais complexo e embora desesperançoso, nós torcemos por ela em sua infinita dor.

O realismo da história não poderia ter nos dado uma conclusão tão perfeita e emocionante. Antecipo as indicações ao Emmy Awards e sim, mais um golaço de Nicole. Preparem o kleenex.


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