Vamos encerrar o assunto de temporada de premiações? Aqui uma rápida análise do Oscar 2024. Linda festa, redonda, com muitos acertos. Encontrou ritmo, antecipou o horário da festa, foi prestigiada, foi divertida e acima de tudo, foi justa.
Jimmy Kimmel fez uma abertura sem firulas, porém ultra estranha. Suas “piadas” não engataram, ao contrário, colocaram os alvos da brincadeira em situações constrangedoras. Já começou falando da esnobada de Barbie, jogando na cara da plateia que aplaudia que foi ela mesma que fez a injustiça. Lembrou Robert Downey Jr. de seus dias de viciado, ironizou Bradley Cooper de sempre ir às festas acompanhado de sua mãe e chamou Ryan Gosling de “bonitão” o que ficou esquisito. Parecia que ia seguir o caminho de Ricky Gervais no Globo de Ouro, o que obviamente deixou as estrelas tensas por alguns minutos. Mas, em geral, mantenho a minha análise de que depois de Billy Crystal, ele foi o melhor apresentador da cerimônia.

Uma ‘tradição’ mantida na festa, que é um tanto esperada e forçada, é a de colocar artistas em pares, lendo do teleprompter piadinhas ou aludindo que não conseguem ler por causa da distância, etc. Sempre é constrangedor. Acho que ou colocam quem sabe improvisar para fazer a apresentação ou vão direto ao assunto porque ajuda a poupar minutos que, somados, contribuem para a transmissão ser um evento de 3h30. Uma opinião pessoal, claro.
Em termos de ‘vencedores’, fora a merecida vitória de Ficção Americana como Melhor Roteiro adaptado, não houve nem azarões ou injustiça. Talvez os dois momentos mais ‘tensos’ tenham sido Oscar de Melhor Canção, com I’m Just Ken criando uma das imagens mais icônicas de todos os Oscars e – depois de ter levado o SAG Awards – ter deixado Billie Eilish menos confiante em sua segunda vitória em menos de 10 anos. Vimos que não houve ameaça. Ainda assim, Ryan Gosling subindo ao palco, acompanhado por Simu Liu e Kinsgley Ben-Adir foi nada menos do que espetacular.

O ‘inesperado’ e divertido dos prêmios, foi quando John Cena subiu ao palco “nu” para anunciar o vencedor de Melhor Figurino. Uma “homenagem” ao protesto realizado em 1974, quando um homem surpreendeu David Niven passando sem roupa no palco. Cena provou sua capacidade não apenas de nos fazer rir, que já sabíamos, mas que segura o desafio ao vivo e diante da plateia mais exigente possível. Foi engraçado e é uma pena que não havia entre os indicados alguém com humor suficiente para completar a piada ao receber o Oscar. Isso é detalhe, claro.
O único derrape mais sério para mim foi na homenagem aos mortos, que tinha um Andrea Bocelli (acompanhado com o filho) em uma redenção emocionante de Con Te Partiró. Infelizmente em frente da tela dos que se foram estávamos com bailarinos tirando o foco do principal, que seria ver quem faleceu. Totalmente desnecessário.

E Emma Stone fez história entrando para o grupo de atrizes mais premiadas e com potencial de criar sua própria “lenda”. Podemos ficar aqui fazendo vários cortes do que foi: 1) ela está no grupo das que têm dois Oscars de Melhor Atriz, ficando de igual com Cate Blanchett, Hillary Swank, Renée Zelwegger, Jane Fonda, Elizabeth Taylor, Bette Davis, Vivien Leigh, Jodie Foster, Olivia de Havilland, Glenda Jackson, Louise Rainer e Sally Field. 2) Conseguiu o segundo Oscar em menos de 10 anos, como Jodie Foster e Hillary Swank, por exemplo. E assim vamos. O que interessa é que fez um belo discurso, sendo que, claro, nunca esqueceremos que seu vestido rasgou e ela estava mais nervosa com isso do que qualquer outro assunto da noite.
Oppenheimer ficou com sete prêmios dos 11 indicados, mas embora tenha sido a lavada anunciada, a sensação não foi tão massiva como eu particularmente temia. A decisão de trazer cinco vencedores para anunciar os indicados das categorias principais foi interessante por vários motivos: emoção para os presentes e a garantia de mais estrelas para os fãs, um acerto que só não vale repetir tão cedo para não tirar o elemento de surpresa.

Portanto, estamos em março e teremos um descanso de prêmios (sem incluir Emmys) até o final do ano. Um dos pontos positivos de ter sido um Oscar justo é que ele não será esquecido rapidamente. Que venha 2025!
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