A história de The New Look se aproxima de sua conclusão, com Christian Dior (Ben Mendelsohn) ainda lidando com perdas e pressões antes de lançar sua Maison no mundo. Em um pós-guerra ainda sofrido, o episódio se despede com um look que já tinha parecido no 1º episódio, e que, obviamente, gera emoção: o icônico “terno bar“, o modelo mais famoso de sua coleção de estreia em 1947.

Conhecido por seu perfeccionismo, na série da Apple TV Plus encontramos um Dior hesitante, em constante conflito pessoal que interfere em sua criatividade, algo que fica ainda mais arriscado quando ele está para lançar sua própria marca. Com a proximidade da data de abertura de sua Maison, ele ainda não tem sua coleção definida 100%. Ele sabe que o que falta é “a” peça.
A inspiração vem mais uma vez da dor e da pressão familiar. Depois que os negócios dos Diors fracassou nas mãos do pai deles, pelo menos em The New Look, há mais desconfiança na família do que apoio na empreitada. Antes de morrer, o pai de Christian pede a ele que visite seu irmão em um asilo, o que o estilista faz, mesmo enroladíssimo e com prazo apertado de trabalho. Bernard recomenda a Christian que deixe a luz brilhar dentro de si mesmo. Quando o faz, é justamente o ‘bar suite’ que surge no papel. A peça com a qual Dior venceu a escuridão.
O detalhe é a jaqueta, não a saia
É curiosa a abordagem da série pois, na verdade, a lenda é mais alinhada com o nome da peça e faz mais sentido. A inspiração para a jaqueta Bar teria chegado a Dior no bar do hotel Plaza Athénée, em Paris, onde ia com frequência. Sim, porque o detalhe da peça é a parte de cima, não a saia.
Com uma silhueta de cintura marcada, o terno Bar é considerado uma maravilha arquitetônica. A jaqueta é feita com quatro metros de seda shantung em tom suave de marfim, acolchoada na linha do quadril para manter um formato feminino mais arredondado com os botões autocobertos costurados à mão. Sim, completado o look tem a saia “Corolle” preta plissada e volumosa, que até hoje também tira nosso fôlego.

Para Dior, a jaqueta comunicava o otimismo e a excitação da era pós-guerra, simbolizando “a atitude de uma mulher liberta das convenções sociais, que saiu para o mundo na companhia de outras mulheres”.
O terno Bar manifesta todos os atributos marcantes da Dior. Uma curiosisade é que com base nos arquivos da marca, sabemos que a versão original previa uma gola entalhada alterada antes de ficar famosa, afinal, é a variação com gola xale que é a que conhecemos hoje. Se imagina que o estilista mudou a pedido de alguma cliente, ninguém tem certeza. O fato é que foi a versão desfilada e fotografada, estabelecendo a assinatura da Maison Dior.
Especialistas reconhecem que há muitas peças da marca com golas entalhadas, mas Christian Dior era conhecido como fervoroso defensor das golas xale e dos decotes curvos, que combinam com as formas curvilíneas articuladas com ombros e quadris de seus modelos. A lapela entalhada seria mais usada em outros fabricantes de ternos da década de 1940 e que enfatizavam geometrias angulares.
Mais de 70 anos depois, ainda é feita manualmente pelos artesãos da marca e é uma das peças mais importantes da história da moda. Ao longo das décadas da Maison Dior, o terno Bar vem ganhando versões revisadas e é, sem surpresa, uma peça de museu.

A principal assinatura do ‘novo visual’, foi reproduzida 21 vezes em sua primeira temporada e até requisitado para uma exibição privada para a Família Real britânica (que encomendou um vestido exclusivo para Princesa Margaret). Foi copiado e encomendado por estrelas de Hollywood, como Rita Hayworth, que estava no desfile de lançamento.
Era de se esperar que a série The New Look desse destaque à criação de uma roupa tão marcante. Se vamos levar em consideração a versão da ficção são outros quinhentos, mas ninguém questiona a emoção da cena. O que sabemos é que é uma das peças mais facilmente reconhecidas no mundo, mesmo fora do universo da moda. E sempre vale revisitá-la.
Descubra mais sobre
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.
