A atualidade de O Leão No Inverno

Em 1966, a peça Um Leão no Inverno fez sucesso na Broadway, rendendo um Tony para Rosemary Harris e uma indicação para Robert Preston, sem esquecer um papel de destaque para um jovem Christopher Walken.

Literalmente mais de 40 anos antes da febre Game of Thrones, passar duas horas vendo as estatégias políticas para discutir a sucessão fo trono britânico serviu como prévia do que o público viria a devorar depois. Figuras históricas imaginadas em um Natal dos infernos, com texto ágil e fatos verdadeiros. Imperdível.

Naturalmente o cinema pulou em cima da chance de poder recontar o fascinante texto de James Goldman e o filme ficou pronto em 1968. No elenco, a grande estrela, Katherine Hepburn, e o ator de mais recente fama, Peter O’Toole. Incrível não?

Os críticos não concordaram, mas apenas na época. Ter transformado a História em dramalhão foi visto como “novelisar” fatos, e, mais ainda, focar o roteiro em intensas discussões verbais entre familiares foi visto como simplificar uma situação mais complexa. O público pensou o contrário: tanto que arrecadou 5 vezes mais o seu orçamento, ultrapassando a marca de 20 milhões de dólares. E, de quebra, rendeu à Katherine seu terceiro Oscar de Melhor Atriz. Sua atuação, de fato, é nada menos do que espetacular.

O Leão no Inverno imagina a noite de Natal em 1183, em Chinon, quando Henrique II da Inglaterra, tendo perdido seu herdeiro, tem que definir novamente a linha de sucessão e decide fazer isso durante uma reunião familiar. A essa altura, ele e sua esposa, Eleanor da Aquitânia, mal se falam e ela está em prisão domiciliar. Dos três filhos sobreviventes, ele prefere o caçula, John, mas Eleanor prefere Ricardo (mais tarde conhecido como Coração de Leão). Para piorar, Henrique teria que anunciar o noivado da princesa francesa, Alais, como noiva de Ricardo, mas, a essa altura, a jovem já é amante do Rei. Para piorar, o irmão de Alais, o rei da França, Felipe, também exerce pressão para recuperar o território francês que pertence aos Ingleses.

Não soa como um Natal em Casterly Rock?

Mas voltando à peça e ao filme: no elenco do filme há dois ‘estreantes’, Anthony Hopkins e Timothy Dalton. Timothy impactou tanto que foi imediamente convidado a entrar para a franquia de James Bond, o que recusou e só assumiu o papel de 007 cerca de 20 anos depois.

Timothy Dalton e Anthony Hopkins lidam com o momento mais polêmico de toda peça – e filme – pois o texto reforça a teoria de que Ricardo e Felipe eram amantes, algo que alguns historiadores assumem como fato e outros ainda consideram fofoca. Será mesmo?

Seja como for, o filme termina antes da rebelião na qual Ricardo e Filipe se unem contra Henrique é bem sucedida e o rei, derrotado, recua para Chinon, em Anjou, onde morre. Ricardo Coração de Leão sucede Henrique II, ficando apenas seis meses em solo inglês antes de partir para as cruzadas, sem conseguir retomar Jerusalém. John o sucedeu, em 1199, mas foi u m rei malsucedido, tanto que entrou para outra história popular como o vilão da lendas de Robin Hood.

Vale buscar e ver o filme, cujo período inspirou George R. R. Martin para imaginar Westeros. Um grande filme para quem aprecia Teatro, bom texto e História.


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