Para muitas gerações, incluindo a X, é difícil acompanhar o sucesso de Xógun sem lembrar da versão original com Richard Chamberlain. Na versão dos anos 1980s, o ator americano era o protagonista, não o japonês Toshiro Mifune. Fazia sentido, Chamberlain era um dos maiores astros da TV por muitas décadas, reconhecido internacionalmente por uma série de papéis icônicos e John Blackthorne foi mais um deles. Em 31 de março de 2024, Richard Chamberlain completou 90 anos e nunca foi mais atual para lembrar sua impressionante trajetória.

O espaço da TV foi ocupado por ele por décadas
Nascido e criado em Beverly Hills, Richard Chamberlain desde cedo queria ser ator, o que faz ainda maior sentido por já estar na capital do cinema, sendo que antes, ainda jovem lutou na Guerra da Coréia (onde ascendeu ao posto de sargento) e só depois começou a atuar de verdade.
Com uma beleza inegável, ele rapidamente chamou a atenção dos produtores que estavam buscando um novo rosto para interpretar o papel titular da série Dr. Kildare, um papel criado ainda nos anos 1930s e super popular nos Estados Unidos. Sem muita experiência ainda, o ator foi visto em um faroeste que nunca chegou aos cinemas e percebeu que ele tinha potencial. Acertaram na mosca. Aliás, na verdade, subestimaram o sucesso que viria a ter.
Po cinco anos, Richard Chamberlain ficou tão famoso que não conseguia sair sem ser perseguido por uma horda de fãs, com mais de 10 mil cartas por semana, ultrapassando astros do cinema da época. Nascia também um dos primeiros astros pop porque como cantor, ele lançou um single, Close to You (mais tarde um clássico dos The Carpenters) e estrelou adaptações para TV de grandes musicais da Broadway. Apesar de ser uma das maiores estrelas mundiais, Chamberlain tinha sonhos de ir para o teatro, mas acabou indo para o cinema primeiro, criando o papel de Aramis em Os Três Mosqueteiros, em 1973, ao lado de Faye Dunaway e dirigido por Richard Lester, e parte do elenco estelar de The Towering Inferno, em 1974, ao lado de Paul Newman e Steve McQueen.

Embora conhecido, foi como John Blackthorne, na versão de 1980 para Shogun, que Richard Chamberlain ficou ainda mais famoso no mundo todo. A versão, hoje criticada por vários problemas culturais, mas foi um dos trabalhos que ele mais gostou de fazer, sendo um fã do livro e por isso mesmo, um projeto que ele quis muito fazer, mas precisou se submeter a testes para convencer que era o homem certo até porque sabia fazer bem cenas de ação e ainda inserir maior complexidade para o papel. Seria tese, o papel para “encerrar” sua carreira. Mas viria mais.
Do oriente para Austrália: um samurai e um padre
Richard Chamaberlain já tinha estrelado uma bem aceita adaptação de O Conde de Monte Cristo quando o romance Pássaros Feridos (Thorn Birds), um novelão épico e trágico liderava as vendas de livros, passou a ser de interesse dos grandes estúdios em Hollywood.
Mais uma vez, Richard Chamberlain foi a segunda opção. A idéia inicial era fazer um filme, a ser estrelado por Christopher Reeve e dirigido por Herbert Ross, depois Peter Weir e Robert Redford e depois com Arthur Hiller e Ryan O’Neal, mas seria virtualmente impossível resumir a saga do padre Ralph de Bricassart, que chega à Bispo mas que vive um amor proibido por Maggie, em poucas horas. Quando chegaram à conclusão que seria melhor em um formato de minissérie, nenhum astro das telas queria se arriscar. Ou seja, saindo da febre que foi Xógun, Richard Chamberlain emendou com outro fenômeno televisivo. O público (masculino e feminino) delirava com ele. Apenas nos Estados Unidos, Pássaros Feridos teve uma audiência de 110 milhões de espectadores.

Um segredo pessoal que só foi confirmado há 20 anos
Em tempos de preconceitos e perseguições, mesmo com rumores, Richard Chamberlain lutou para manter sua atuação como protagonista heterossexual evitando ser questionado sobre sua vida pessoal, só admitindo em 2003, aos 69 anos, que é homossexual. Ele fez isso na sua autobiografia, Shattered Love, onde também revelou uma infância marcada por abusos de seu pai alcoólatra e o pânico de sair do armário.
Ainda até o início dos anos 1990s, Chamberlain estava na ativa, sendo que se despediu da TV em 1988 na minissérie A Identidade Bourne.
A parada oficial só foi mesmo em 2019, aos 85 anos, após participar de Five Brothers, Chuck, Nip/Tuck e Twin Peaks. Como aposentado, e sem segredos, ele vive no Havaí. O novo Xógun desperta novo interesse sobre o astro, que é, sem exageros, uma lenda. Ele merece todo sucesso.
Descubra mais sobre
Assine para receber nossas notícias mais recentes por e-mail.

1 comentário Adicione o seu