Em 2015, poucas pessoas fora dos Estados Unidos saberiam quem foi Robert Durst e menos ainda sobre os crimes em sua vida. O milionário americano era suspeito pelo desaparecimento de sua mulher, Kathy, cujo corpo jamais foi encontrado; foi inocentado do assassinato de um vizinho e, até a exibição da primeira parte do documentário, e com participação incerta no assassinato de sua melhor amiga, Susan Berman. Na exibição do episódio final de The Jinx, a reviravolta inacreditável foi a confissão de Durst que tinha não apenas matado Susie, mas Kathie também.
Oito anos depois, com Durst tendo sido preso, julgado, condenado e morrido na prisão com consequência da COVID-19, a segunda parte chegou à MAX rodeada de ceticismo tanto do quanto a primeira parte foi editada (argumento da defesa do milionário) e, basicamente, sem entender o que mais poderia ser revelado que ainda não sabemos. Se com The Jinx – Parte 1 começamos com Kathie e descobrimos que Robert Durst pessoalmente executou Susan Berman, sua cúmplice, estamos agora ansiando se finalmente saberemos mais sobre Kathie Durst, vista pela última vez com vida no dia 31 de dezembro de 1982. Será?


Três episódios foram ao ar e devo avisar: seguem sendo nada menos do que espetaculares. Os críticos que tiveram acesso ao material, ou parte dele, pois os dois últimos episódios são segredo para evitar spoilers, se queixam de tudo, inclusive da ausência de Robert Durst, compreensivelmente com participação direta reduzida tanto por estar preso como por ter rompido com a equipe de produção.
As voltas que The Jinx- Parte 2 dá para compensar isso são ricas, afinal uma das características mais inexplicáveis da história é que “Bob” adora aparecer, adora falar e tem perfeita noção midiática. Ciente que suas conversas seriam gravadas, e eventualmente públicas, ele não nos poupa de sua manipulação, de sua perfeita compreensão do que está fazendo. É absolutamente viciante acompanhar a dança e tentar antecipar o que pode ser que venha por aí.
Após a confissão indireta de ser o assassino (ele esqueceu que estava sendo gravado), o milionário tentou descreditar o documentário e a HBO MAX, mas sabemos aqui de antemão que não conseguiu e que, em 2019, foi efetivamente julgado como culpado e preso pelo assassinato de Susan Berman.

No terceiro episódio voltamos ao desaparecimento de Kathie porque foi esse evento que colocou Susan como cúmplice do crime e daí sua ligação financeira com Durst, o motivo de seu assassinato anos depois. No filme Entre Segredos e Mentiras (All Good Things), com Ryan Gosling e Kristen Durnst, o diretor Andrew Jarecki sugere que Susan se passou como Kathie para dar a Durst seu álibi, que efetivamente funcionou. Portanto, pela primeira vez em 42 anos, ouvimos o amigo dela dizer como casualmente Susan sempre dizia que “Kathie está morta, mas Bob está vivo e devemos ajudá-lo”, até que ela mesma apareceu morta. Ou seja, Susan não apenas sabia do assassinato, sabia como e onde Robert se desfez do corpo que jamais foi encontrado.
E o que aconteceu com Kathie? Quem era Kathie? Nessa tenebrosa história ela frequentemente é um prólogo que rapidamente é esquecido diante da bizarrice que foi a vida do marido. O próprio longa de Jarecki não mostra como foi sua morte. A cena corta para a casa ao longe, em uma noite de chuva e depois o pai de Robert olhando para a mala do carro chocado.
Sem um corpo e um histórico de brigas do casal, a polícia jamais fechou o caso do desaparecimento de Kathie. Apenas em 2017 é que foi finalmente oficialmente considerada morta, a família vem lidando com o drama há mais de quatro décadas. A minha esperança é ter essa resposta. Não perco The Jinx – Parte 2 por nada.
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