O que Daemon quer: a Coroa ou Vingança?


“Você me aceita como sua rainha e governante?”

A pergunta de uma Rhaenyra (Emma D’Arcy) angustiada sem uma resposta imediata de seu marido/tio Daemon Targaryen (Matt Smith) alimentou mais uma vez todas as dúvidas que muitos têm sobre o icônico personagem.

Depois de uma temporada inteira colocando as intenções do príncipe em dúvida em mais de uma oportunidade, a pergunta de Rhaenyra é simples e direta, não haveria espaço para uma pausa. Portanto, pessoas como Otto Hightower (Rhys Iphans) têm certeza que a meta de Daemon sempre foi uma só: o Trono de Ferro. Mas será mesmo? O que Daemon Targaryen realmente quer?

Um homem que nem a família consegue “ler”

No livro Fogo e Sangue, Daemon Targaryen é retratado como um homem de considerável ambição e um guerreiro habilidoso, conhecido por sua ousadia e agressividade. O herdeiro aparente por muitos anos, Daemon não era um homem que apreciasse a vida restrita da Corte, preferindo a companhia de soldados e noitadas em King’s Landing, mas é extremamente fiel à família e acredita na superioridade dos Targaryens.

Daemon é cerca de dois anos mais novo que seu irmão Viserys (Paddy Considine), e mesmo que a diferença de idade não seja grande, ela contribui para a dinâmica do relacionamento dos dois, com Daemon frequentemente posicionado como o mais impulsivo e ousado, contrastando com o temperamento mais comedido e às vezes indeciso de Viserys, assim como marcando uma mistura de rivalidade e lealdade entre eles. Algo que Otto Hightower explora.

Apesar das diferenças de temperamento, havia um vínculo de irmandade e respeito mútuo, enraizado na herança Targaryen compartilhada e nas responsabilidades que a acompanhavam. Como o próprio VIserys chegou ao trono tirando a herdeira natural, Rhaenys (Eve Best) apenas porque Westeros não queria ser governado por uma mulher, havia no Rei uma certa paranóia em relação às ambições de seu irmão caçula. Em muitos momentos, mesmo negando dar ouvidos a conspirações e fofocas, no fundo ele temia que Daemon um dia o derrubasse pela Coroa.


Naturalmente ambicioso e teimoso, Daemon frequentemente tomou ações que prejudicaram seu relacionamento com o Rei por considerar que não era reconhecido, além de, claro, entrar em conflito com as decisões e políticas de Viserys como rei.

Nessa complexa relação, Daemon queria que o irmão o prestigiasse com o cargo de maior confiança – o de Mão do Rei – e que confirmasse oficialmente que ele era o sucessor, mas Viserys jamais fez nenhuma das duas coisas. O Rei inicialmente acreditou que apoiava Daemon ao conceder outros títulos e responsabilidades, incluindo o cargo de Comandante da Patrulha da Cidade de Porto Real, mas nem isso era o suficiente.

Para piorar, a imprudência de Daemon e o seu envolvimento em vários escândalos só afastaram os dois irmãos, que se amava profundamente apesar dos problemas entre eles.

A sucessão de Viserys: Otto Hightower plantou a semente da guerra civil muito antes que fosse percebido

As ambições de Otto Hightower sempre foram mais claras para Daemon do que para Viserys, mas a habilidade do conselheiro de conseguir a confiança e os ouvidos do Rei atrapalharam o príncipe rebelde. A rivalidade entre Otto e Daemon era declarada sem receio por ambos os lados.

Oficialmente, como Mão do Rei, Otto está fundamentalmente preocupado com a estabilidade e prosperidade do reino, algo que a impulsividade de Daemon o faz ser classificado como perigoso e uma péssima opção para governar os sete reinos. Como A sucessão em um sistema monárquico é delicada, o risco é ainda maior. Para Otto, um reinado de Daemon seria marcado pela tirania, o que dividiria Westeros e criaria potenciais conflitos entre as Casas.

Por isso Otto, enquanto planta Alicent para seduzir Viserys, convence ao rei de nomear Rhaenyra como sua herdeira, para afastar Daemon do reino, o que efetivamente acontece. Era para ser temporário e quando Viserys tivesse filhos homens, tudo seria como o “normal”. Porém Viserys se recusou a mudar, mesmo com o nascimento de seus filhos homens com Alicent.


Garantir que os seus netos Estejam na sucessão faz parte da estratégia mais ampla dos Hightowers para manter o poder e a influência da sua família, crescendo o ódio de Daemon pelos Verdes.

Mesmo adorando a sobrinha, Daemon ficou furioso quando Viserys o pretere por Rhaenyra, criando uma situação quase tola quando ocupou Dragonstone e quis se casar com Mysarua (Sonoya Mizuno) , sua amante e também agente dupla, informando Otto sobre tudo com Daemon.

Depois de ganhar batalhas, Daemon entrou para política via casamento

O casamento de Daemon com Laena Velaryon e mais tarde com Rhaenyra Targaryen, entrelaçou ainda mais as vidas pessoais e políticas do príncipe. A essa altura, os irmãos estavam afastados pois para Viserys, o irmão iniciou a princesa sexualmente (ele até começou, mas não acabou) e por isso rompeu com Daemon.

Daemon, Viserys e Rhaenyra se reencontram no funeral da esposa de Daemon, dessa vez de forma definitiva. Por ter três filhos claramente bastardos e um marido gay, a princesa está vulnerável na Corte e estabelece com o tio uma parceira (com benefícios) para ganhar projeção e peso político, o que consegue. Daemon defende Rhaenyra e os dois têm dois filhos juntos, além de Daemon adotar os enteados como seus.

A aliança sobrinha e tio tem efeito sob Otto, que acelera a articulação política em segredo para assegurar que Aegon II (Tom Glynn-Carney) suba ao trono. No livro a morte de Viserys é suspeita, na série é quase um alívio para seu sofrimento. E, de cara, Daemon e Rhaenyra desafinam quando os Verdes usurpam sua coroa. Ela quer negociar, Daemon que atacar. É a reedição de seu drama com o irmão, algo que não é bom para seu casamento.

E o que Daemon quer, afinal?

Se seguirem o livro, Daemon não quer exatamente “ser Rei”, mas quer poder, influência e reconhecimento, portanto sua ambição não é tão simples ou explícita. Ser marido consorte o posiciona perto do poder absoluto, potencialmente satisfazendo as suas ambições, mas, para isso, precisa da “obediência” de Rhaenyra como esposa, e ela tem personalidade demais para isso.

Talvez porque a conheceu desde bebê, ou apenas por machismo, mas Daemon não vê na esposa, como não via no irmão, nem pulso ou liderança que a Coroa demanda. Ela a vê como um símbolo da forte linhagem Targaryen e como uma governante potencialmente poderosa, distinta de sua visão de outros pretendentes ao trono.

Ao vacilar no momento de responder ao golpe, o deixou irritado, não ajudando ao deixá-lo enciumado e ressentido quando descobriu que Viserys jamais o considerou como sucessor, pois nunca explicou à ele sobre o sonho de Aegon I e a profecia do Gelo e Fogo. Esse confronto íntimo dos dois será crucial para o eventual distanciamento que a Guerra Civil vai trazer entre os dois.

Mas ainda assim, Rhaenyra foi o amor da vida de Daemon

Daemon foi casado três vezes em House of the Dragon, sendo que Rhaenyra será sua terceira e última, mas com todas as evidências de ter sido a maior paixão de Daemon.

No livro ele viveu uma grande paixão com Mysaria, que perdeu um filho seu, mas na série mesmo que o relacionamento entre eles seja íntimo e pessoal, eles se afastam graças às políticas da Corte. O casamento com Laena foi feliz, mas ela morreu no parto do terceiro filho e com isso, depois de toda sedução incompleta e um papo pra lá de comprometedor na cerimônia de casamento de Rhaenyra com Laenor, quando Daemon se casa com a sobrinha, é política, paixão e amor em uma mesma aliança. Mesmo que Daemon externe poucos sentimentos sobre qualquer pessoa ou situação.

A influência de Mysaria, como veremos em breve na segunda temporada, não ficará no passado e mesmo tendo sido agente dupla para os Verdes na primeira parte da história, continuará a ser uma figura significativa na vida de Daemon. Ela deixará de ser apenas uma amante e será uma agente política, mostrando a sua inteligência e perspicácia estratégica, sem deixar de ser, no entanto, traiçoeira.

Mas e aí? Daemon vai aceitar Rhaenyra como Rainha e sua superior?

A resposta é sim, mesmo que com ressalvas cada vez maiores ao longo da trágica jornada.

O relacionamento de Daemon e Rhaenyra é marcado por um respeito genuíno pelas capacidades e intelecto da esposa, e ele a trata como igual. Em alguns momentos, ele a treina em questões de estado e de guerra e seu vínculo com ela não é apenas político, mas profundamente pessoal.

Mais do que protetor e conselheiro, Daemon se posiciona como co-governante de Rhaenyra, com autonomia de tomar medidas que considera necessárias para para salvaguardar a posição de ambos, portanto a resposta à pergunta da esposa tem pegadinha. O que ela não pode perder é a destreza militar e crueldade necessária que o marido tem ao lidar com os inimigos, algo que Rhaenyra se apoia fortemente durante seu reinado.

Portanto Daemon vê Rhaenyra como uma rainha legítima e capaz, cujo governo não apenas dá continuidade ao legado Targaryen, mas também aumenta seu próprio status dentro da Corte.

A tumultuada relação do casal será colocada à prova várias vezes, mas, se House of the Dragon mantiver Needles, terei que rever minha afirmação sobre Rhaenyra ser o amor da vida de Daemon Mas sem dúvida, essa história de amor, entrelaçada com intrigas políticas e deveres familiares, acrescenta uma camada rica à saga da dinastia Targaryen. Uma que sempre nos faz reavaliar o que sabemos.



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