Há quatro anos em sinto um misto de Lady Whistledown e Rainha Charlotte (Golda Rosheuvel): ansiosa pelo baile de debutantes para acompanhar os encontros e desencontros amorosos da sociedade inclusiva e moderninha do universo de Bridgerton. Nunca li os livros de Julia Quinn, mas obviamente – como ela – devorei Jane Austen, portanto comprei a imagem do romance idealizado daqueles anos pré-vitorianos. Figurinos deslumbrantes, trilha sonora precisa e divertida, boas atuações de um elenco diverso e estonteatemente lindo. Não seria isso o perfeito escapismo? Claro que é!
A essa altura só alienígenas não foram impactados para a febre e a inovação da série Bridgerton na Netflix, nossa salvação durante a pandemia e que não deixou a bola cair na segunda temporada e a elevou ainda mais com o spin-off Rainha Charlotte. Chegamos à terceira temporada com quem considero a personagem mais interessante e que não faz parte da enorme família Bridgerton que dá título à série.
Sim, vamos acompanhar Penelope Featherington (Nicola Coughlan), a amiga de sobrepeso, tímida e inteligente, LINDA e Deus, secretamente a Sra Whistledown, observadora perspicaz da sociedade, a repórter infiltrada, a colunista social que expõe os segredos mais escandalosos da Corte. Toda história de amor – fora a da própria rainha com Rei George III, que nos levou às lágrimas e elevou a qualidade de Bridgerton – é pálida diante da história e evolução de Penélope.

Lembrando como chegamos aqui
A família Bridgerton, em tese, tem o protagonismo com seus oito filhos e viscondessa viúva Violet Bridgerton (Ruth Gemmell). Na primeira temporada, a filha mais velha, Daphne (Phoebe Dynevor) nos liderou no universo hoje estabelecido, ao conquistar o duque de Hastings (Regé-Jean Page). Na segunda, foi a vez do irmão mais velho de Daphne, Anthony (Jonathan Bailey), o chefe de família após a morte do pai, que “precisa” encontrar uma viscondessa para esposa, e se apaixona por Kate Sharma (Simone Ashley). Em tese, a terceira temporada seria sobre Colin Bridgerton (Luke Newton), mas, na verdade, é sobre Penélope.
Por ser “diferente” em uma sociedade que elege “diamantes” entre as mulheres elegantes que buscam um marido, Penelope passou quase desapercebida na estreia, como a melhor amiga de Eloise Bridgerton (Claudia Jessie) e quando descobrimos na segunda temporada que ela era a temida “blogueira” Lady Whistledown certamente não perdemos mais ela de vista.
Pen, faz parte de uma família repressiva e perpetuamente sem dinheiro, liderada por sua mãe interesseira, Portia (Polly Walker). Tem duas irmãs detestáveis, Prudence (Bessie Carter), e Philippa (Harriet Cains). Ela faz muito mais sentido com os Bridgertons do que suas parentes.
O primeiro drama de Penelópe foi perder a confiança de Eloise, que descobriu que ela é Whistledown e não se conforma como sob o pseudônimo espalhou rumores prejudiciais sobre os Bridgertons, mesmo que em muitos casos bem-intencionados. Eloise rompeu a amizade, mas manteve o segredo, que, agora, é o grande obstáculo entre Penélope e Colin.

E agora?
A relevação da autora Lady Whistledown mudou a dinâmica do show porque agora ficamos divididas quando as duras palavras da “amiga dos Bridgerton” são reveladas por Whistledown. E claro, não ajuda que ela sempre tenha sido apaixonada por Colin, inicialmente tão apagado quanto ela, hoje um belo homem que todas solteiras estão encantadas e de olho como marido potencial. Ele se propõe a ajudar Penelope a encontrar um marido, mas quem não imaginava que o feitiço se voltaria contra o feiticeiro?
Sim, na primeira temporada não conhecíamos ninguém, mas o elenco vem mantendo seus astros e acompanhamos suas mudanças alinhadas com a história. Uma delícia extra de continuidade.
Nessa terceira etapa da história, sabendo quem Penelope realmente é e quem ela sempre amou, vamos vendo como “fato e ficção” se confundem, deliciosamente. A temporada é dividida em duas partes (porque a Netflix se recusa a admitir que a estratégia de liberar TUDO de uma vez só não é necessariamente tão lacradora como pensava, pauta para outro post), portanto é rápido para maratonar a primeira fase.

Basicamente, Penelope continua enfrentando o desafio de manter seu anonimato como Lady Whistledown enquanto finalmente ela passa a buscar um marido. Claro que Colin seria perfeito, mas ele não sabe da verdade ainda. A reação esperada dele é similar à de sua irmã, Louise, que já sabe do ganha-pão de Penelope, mas que não contou para ninguém. Por isso a conclusão bombástica dessa primeira etapa é ainda mais emocionante. Afinal, são apenas quatro episódios e um mês até a estreia dos quatro finais. Sem revelar detalhes para evitar spoilers, uma vez que sabemos como sempre as histórias se concluem, a construção do drama, é eficaz.
Como não amar Bridgerton?
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