A expressão “era morte anunciada” nunca foi tão adequada quando observamos as reações ao ansiado momento que os fãs de Sangue e Fogo batizaram como “Queijo e Sangue“. Uma das cenas mais violentas do livro – e que marca a escalada sangrenta da guerra civil dos Targaryens – era para ser o que foi o Casamento Vermelho em Game of Thrones: chocante e sufocante.
Não foi.

Quem faz parte do fandom do GOT e House of the Dragon já está acostumado ao mau humor desse universo, tudo é uma questão para criar polêmica, portanto seria virtualmente impossível agradar a todos diante da expectativa gigantesca dessa sequência.
Isso porque, se não prestarmos atenção, mais uma vez parece que as ações são causadas por mal entendidos. Mas teria sido mesmo? Daemon demanda de Queijo e Sangue que “matem Aemond Targaryen”, porque isso significa “um filho por um filho”. Palavras e comando claros. Mas não vemos o que ele responde para a possibilidade, que efetivamente foi a verdadeira, sobre o que fazer no caso de não encontrarem o príncipe.
Dessa forma, quando a dupla entra no quarto de Aemond e não o encontram, “parece” que resolvem improvisar e procurá-lo pelo castelo. A série não esclarece, mas podemos considerar sim que foi pura falta de sorte – e não uma decisão estratégica – que encontrem Halaena com as crianças e matem Jareherys. E nem é esse o principal problema!

O que nos revoltou, de forma torturosa e até vergonhosa, foi a falta de violência do que esperávamos ver. O suspense foi bem construído, com os assassinos passando sem problemas pelos corredores do Red Keeping, aliás, estranhamente desguardado e deserto.
O fato de que Aegon tivesse tão pouca consideração para irmã-esposa era esperado, mas nem Otto Hightower ter garantido que seu bisneto estivesse seguro ficou bastante estranho. Ah, claro, poderia ser a função de Ser Criston Cole, mas ele estava “ocupado” com Alicent Hightower, deixando a Rainha e os herdeiros vulneráveis a um ataque.

O “problema” que parece ser o eleito como o maior para que vimos está na adaptação do que está no livro. Segundo esperávamos, eles torturavam psicologicamente Helaena por um tempo até que ela cedia ao comando de “escolher” que filho homem entregaria para ser morto. Ela tinha três, mas só vimos dois até o momento. O fato de forçar uma mãe decidir que filho vai sacrificar para salvar os outros apenas para ver o que queria ser salvo ser brutalmente executado na sua frente de qualquer forma é quase inenarrável.
Mas, em House of the Dragon, a rainha até tenta subornar os criminosos para salvar as crianças, no entanto aponta para Jaeherys corretamente quando forçada a identificá-lo. Em seguida, ela vê o início do ataque e corre com a filha no colo, passando por um segundo trauma ao flagrar a mãe transando com Criston Cole enquanto ela vivia essa violência toda. Será impossível “salvar” a saúde mental dessa princesa trágica.

A onda negativa para uma cena ainda brutal, mas menos gráfica do que foi o Casamento Vermelho tem sido gigante. Seria impossível superar o que é efetivamente um dos momentos históricos da saga e da História da televisão em geral. Foi com esse episódio que Game of Thrones ganhou a popularidade global de ser um fenômeno e superá-la seria sempre complexo.
O Que Representou o Casamento Vermelho
O “evento”é citado nos livros As Crônicas de Gelo e Fogo, mas sem os detalhes que a adaptação mostrou com tanta previsão. Ele acontece no terceiro livro da série, A Tormenta de Espadas e é uma traição brutal orquestrada por Walder Frey e Roose Bolton contra a Casa Stark. Robb Stark, sua mãe Catelyn Stark, e muitos de seus seguidores são assassinados durante um banquete de casamento que deveria ser um momento de celebração e união. A traição ocorre durante o casamento de Edmure Tully (tio de Robb) com uma das filhas de Walder Frey.
A passagem é um exemplo claro da quebra dos juramentos de hospitalidade, uma tradição sagrada em Westeros onde os anfitriões juram proteger seus convidados. A violação dessa tradição é vista como um dos atos mais desprezíveis que se pode cometer e a morte de Robb Stark e muitos de seus seguidores marca uma mudança significativa no equilíbrio de poder em Westeros. A Casa Stark, que estava em ascensão, sofre um golpe devastador, e a Casa Lannister, junto com seus aliados, consolidam seu poder.

Por Que É Tão Icônico
A brutalidade e a surpresa do evento chocaram tanto os leitores quanto os espectadores, um exemplo clássico de subversão de expectativas que George R.R. Martin é conhecido por fazer. Afinal, parte dos protagonistas é morta de maneira inesperada, o que é raro em muitas obras de fantasia.
A cena é incrivelmente emocional e bem escrita, além de que o elenco – em especial Michelle Fairley – causou um efeito mundial com reação do público que até hoje se sente vividamente. A facada em uma mulher grávida, as pessoas sendo degoladas em todos os frames da cena e a reação desesperada de Catelyn Stark, que chega a matar a jovem esposa de Walder Frey em um ato de desespero antes de ser morta, são particularmente impactantes. Era o que se esperava de Queijo e Sangue, mas em comparação, foi rápido e “limpo”. Somos piores por isso?
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