Garra de Ferro: Retrato Profundo da Luta Livre e da Tragédia dos Irmãos Von Erich

Se você não acompanha o universo da Luta Livre não entende ou conhece ou imagina a trágica e angustiante vida dos Von Erich, uma família que ganhou destaque dentro e fora do ringue, não apenas por ter vários campeões, mas pela tragédia também. Ainda assim, ver Garra de Ferro é extremamente angustiante justamente porque se trata de uma história real.

Passado nos anos 1980s, o filme conta a história dos inseparáveis ​​irmãos Von Erich, que, sob a influência, comando e inspiração de seu pai, fizeram história no mundo intensamente competitivo do wrestling profissional. No entanto, sempre esperando na esquina, está a dor da perda, que parece fazer parte de uma “maldição” dos Von Erichs.

Dirigido por Sean Durkin, Garra de Ferro reúne os atores jovens mais disputados do momento: Zac Efron (estranhamente irreconhecível), Harris Dickinson e Jeremy Allen White entre eles, o que traz ainda maior expectativa sobre o resultado. O que vemos contado na tela é em parte o que temos: uma sensação de vazio, de que falta algo para explicar exatamente o que está acontecendo com os rapazes que se empenham ao máximo, mas não conseguem escapar do destino trágico.

Documentários disponíveis online contam melhor e mais detalhadamente a saga triste dos Von Erich do que o filme, que disperdiça o talento reunido. Quem lidera a história é o (SPOILER ALERT) o único sobrevivente, Kevin (Efron), o mais velho de quatro filhos criados em um ambiente paradoxalmente tóxico e amoroso, cuja obsessão por superação e vitória é cobrada pelo pai, o ex-lutador Fritz Von Erich (Holt McCallany) e aceito pela mãe devota religiosa, Doris (Maura Tierney).

Em um universo onde tudo parece falso, um a um sucumbe ao que parece aleatório, mas não é. É enervante acompanhar a tragédia em andamento, mas ao mesmo tempo parece que o diretor deliberadamente deciciu ser superficial para não invadir o sofrimento dos biografados. Isso nos deixa mais confusos do que emocionados.

Como queria Fritz, os irmãos Von Erich foram estrelas do circuito de luta livre do Texas no início dos anos 1980, só que o preço é muito alto. Até o caçula, Michael (Stanley Simons), incialmente aspirante a músico, é vítima do que eles mesmos chamam de “maldição” e é, em boa parte, compreensível depressão. E olha que o filme ainda omite outro Von Erich, Chris, para “aliviar” a tragédia.

É uma pena que o roteiro corra muito em alguns momentos, troque datas em outros porque cada um dos irmãos são individualmente interessantes, mas não os deciframos. O que fica, e é importante, é como o amor entre os irmãos prevalece mesmo com a toxidade da competitividade de Fritz, que adora colocar uns contra os outros.

A sorte de Garra de Ferro está mesmo nos atores, que entregam mesmo com a dificuldade da narrativa. As respostas não são dadas como esperamos, mas até pela curiosidade, vale conferir. É uma batalha inglória, mas a dor e a resiliência se pagam no final. O filme está na plataforma da MAX.

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