Hugh Hammer e Ulf the White: Traidores na Guerra dos Targaryen

Você colhe o que planta, diz o ditado. Os filhos bastardos dos Targaryens, conhecidos como “sementes do dragrão”, são espalhados por Westeros e Essos, mas, em especial, Dragonstone e King’s Landing e serão cruciais para a virada da História em House of the Dragon.

A importância deles é imensa: Rhaenyra (Emma D’Arcy) tem mais dragões para atacar os Verdes, que têm três para se defender (Vhagar, Sunfyre e Dreanfyre), mas não tem que os monte. Como veremos, a estratégia de ataque vai funcionar, mas até certo ponto.

Já falamos de alguns desses futuros cavaleiros de dragão em MiscelAna, em especial sobre Nettles – que até onde sabemos foi cortada da série ou só aparecerá na 3ª temporada -, e dos irmãos Alyn e Addam de Hull (Abubakar Salim e Clinton Liberty, respectivamente) , mas estou em dívida de responder quem são Ulf the White (Tom Bennett) e Hugh Hammer (Kieran Bew) e o impacto deles em House of the Dragon. Agora que estão em cena, é ainda mais importante.

As sementes: a origem dos ilegítimos valirianos

Nas regras sociais de Westeros, criou-se um sistema de sobrenomes para filhos ilegítimos que é uma maneira de identificar e, de certa forma, estigmatizar aqueles que nasceram fora de uma união reconhecida nos Sete Reinos e refletemas complexas dinâmicas sociais e políticas dentro do universo do reino.

Por regra, a ilegitimidade define o sobrenome e cada região tem sua “dica” para ajudar a identificá-los. Assim:

  1. Norte: Snow
  2. Terras Ocidentais: Hill
  3. Vale de Arryn: Stone
  4. Terras Fluviais: Rivers
  5. Terras da Tempestade: Storm
  6. Dorne: Sand
  7. Terras da Coroa: Waters
  8. Reach (Campina): Flowers
  9. Ilhas de Ferro: Pyke

Embora os Targaryens praticamente se casem entre si, quando não, elegem Casas Nobres, mas obviamente nem todos foram “fiéis”, portanto até eles têm bastardos em Westeros. No entanto, a diferença está sempre no sangue. Se os Velaryons e os Targaryens se reproduzem com as “pessoas pequenas”, ou os servos e pescadores, eles “espalham” o sangue valiriano que tanto os diferencia e os torna “superiores” e nem todos são identificados facilmente.

No papel, o que prevalece para definir o sobrenome em Westeros é a geografia, assim sendo, onde há maior concentração de bastardos Targaryen (ou Velaryon) é o que chamam de “Terras da Coroa”, por isso tradicionalmente levam o sobrenome “Waters”. Por isso, sim Jon Snow (Kit Harington), Ramsay Snow (Iwan Rheon) – que depois foi legitimado como Bolton – e Alys Rivers (Gayle Rankin) sinalizam que seus pais eram nobres, mas as mães não.

Apesar dessa regra, os bastardos de cavaleiros de dragão, geralmente Targaryen ou Velaryon por causa do sangue valiriano, também são conhecidos como “Sementes de Dragão”, um “apelido” dado pelo Rei Jaehaerys. A diferença entre eles é que como dragões só se submetem a quem tem origem valiriana, eles têm maior relevância, especialmente em tempos de guerra.

A verdade é que nem todos os filhos da herança valiriana desenvolvem habilidades de montar dragões, mas na Dança dos Dragões, Rhaenyra fará de quem conseguir, um Nobre e daí gera uma corrida delicada pelo título, que será uma arma de dois gumes.

Por que Hugh Hammer ou Ulf the White não têm sobrenomes de ilegítimos?

Uma confusão natural para lembrar que os dois cavaleiros são bastardos Targaryen é a ausência de sobrenomes tradicionais que os identificariam como ilegítimos. Em Fire and Blood, mais do que em House of the Dragon, essa escolha narrativa enfatiza suas identidades como guerreiros e figuras influentes durante a guerra civil, em vez de suas origens familiares. Por outro lado, já ouvimos Ulf (Tom Bennett) anunciar que é meio-irmão de Daemon (Matt Smith) e Viserys I (Paddy Considine). Será mesmo?

Outros que geram uma certa confusão por fugirem à regra são os irmãos Addam e Alyn de Hull. No livro, ainda não sabemos na série, são apresentados como filhos ilegítimos de Laenor Velaryon (John McMillan), mas como sabemos que mesmo tentando muito Laenor não gerou herdeiros nem com Rhaenyra, como diz em uma cena da 1ª temporada, a tese sugerida no livro e que deve ser explicitada em House of the Dragon é que eles são filhos de Corlys Velaryon (Steve Toussaint). A mãe deles, uma mulher desconhecida, é da cidade portuária de Hull, na ilha de Driftmark e em vez de receberem um sobrenome típico de bastardos, eles são conhecidos pelo nome do local de origem, Hull. Eventualmente eles serão legitimados como Velaryons.

Já no caso de Ulf the White e Hugh Hammer, ainda não sabemos a razão de não terem a dica da ilegitimidade, por isso adotam nomes que refletem suas conquistas e habilidades. Hugh Hammer, por exemplo, é conhecido por seu uso de um martelo de guerra, enquanto Ulf White – Ulf o Branco -pode estar relacionado à sua aparência ou alguma característica distintiva.

Embora a a questão da legitimidade seja um tema recorrente na série, nem sempre é marcada pela utilização de sobrenomes específicos. No caso dos dois, a origem deles é menos relevante em comparação com suas ações e lealdades durante a guerra. Eles ganham reconhecimento e status não por seus nomes de família, mas por suas contribuições no campo de batalha. E eventualmente serão conhecidos como os dois traidores.

Quem é Hugh Hammer?

A MAX descreve Hugh como um ferreiro de King’s Landing tentando sobreviver para sua filha doente. Um resumo simples que não revela em nada seu destaque na trama. O conhecemos quando se dirige à Aegon II (Tom Glynn-Carney), pleiteando melhores salários para a categoria dos ferreiros em King’s Landing, que estão em demanda para preparar as armas para a Guerra. Hugh tem a atenção do Rei, mas o desprezo de Otto Hightower (Rhys Iphans), com uma promessa vazia de Aegon de que vai ajudá-lo.

Colocar tanto Hugh como Ulf na capital difere do livro Fire & Blood uma vez que material original eles residem em Dragonstone. Por outro lado, estarem a princípio mais perto (fisicamente) dos Verdes também sinaliza que a lealdade deles não é tão firme. No caso de Hugh, conhecemos sua esposa, Kat, e sua filha doente, passando fome. Trazer essa dimensão de dor pessoal à Hugh vai contribuir para outra visão dele quando a ambição o fizer mudar de lado. Obviamente a filha que já está mal e sem comida tem seus dias contados, não sei se poderemos esperar nada melhor para Kat. Dado que ele e Aegon já interagiram, tudo isso influenciará suas escolhas futuras na trama.

Quando o príncipe Jacaerys (Harry Collett) convoca as sementes de dragão para lutarem por sua mãe, Rhaenyra, Hugh será um dos que respondem. Ele consegue domar ninguém menos do que o ultra temido Vermithor, o dragão do falecido Rei Jaehaerys I Targaryen.

Hugh terá ainda mais a simpatia da Rainha porque vai lutar bravamente pelos negros na Batalha da Goela, onde vai ganhar o apelido de Hugh Hammer (martelo). Porém as coisas vão desandar na terceira temporada, quando as ambições políticas do ferreiro tirarem o melhor dele.

Depois que Rhaenyra tomar o Trono de Ferro, chega a hora de cumprir sua palavra e tornar os Cavaleiros de Dragão homens ricos e nobres. Segundo diz o livro, Daemon sugere que Hugh se case com a filha do falecido Lorde Rosby, um dos nobres que acabaram jurando lealdade aos Verdes depois de serem presos. A menina tinha apenas 12 anos e Rhaenyra recusou, permitindo que a herança de Rosby fosse passada para um filho mais novo. No lugar desse título, castelo e fortuna, a rainha dá à Hugh terras em Driftmark, algo infinitamente menor. Além disso, a rainha também não segue a outra sugestão do marido, que é destruir as Casas Baratheon e Lannister e com isso conceder Casterly Rock a Hugh. Quem influencia Rhaenyra a recusar é Ser Corlys Velaryon.

Com duas ‘bolas fora’, Hugh passa a questionar se escolheu o lado certo, pois não se vê reconhecido por seu valor. Com isso, quando ele e Ulf são enviados para ajudar os negros a defender a cidade de Tumbleton da aproximação do exército de Lorde Ormund Hightower, eles mudam de lado.

A essa altura, “Lord Hammer” quer mais do que castelos e terras: ele quer ser rei. Com apoio dos soldados, que também acreditavam na profecia que falava de um novo rei surgindo assim que “um martelo caísse sobre um dragão” (na verdade era sobre Robert Baratheon), ele passa a ser uma ameaça para Verdes e Pretos.

Quando Daeron Targaryen entrar na história teremos a cena em que o irmão de Aegon II jogará vinho na cara de Hugh quando ele fizer sua reivindicação conhecida. O ferreiro passa a usar uma coroa de ferro preto e se entrega à violência e bebedeira, violentando a viúva de um cavaleiro que ele matou durante a batalha e assassinando vários inocentes.

Quando Hugh e Ulf se preparam para uma segunda Batalha em Tumbleton, Hugh é asassinado por Sor Jon Roxton. Um final trágico e sangrento como sua trajetória em House of the Dragon.

Quem é Ulf the White?

O falastrão Ulf the White, segundo a MAX, é um habitante de Kings Landing conhecido como um idiota e contador de histórias entre os plebeus. Uma delas já ouvimos: ele diz que é tio de Rhaenyra e que a apoia, mas assim que vê Aegon no bordel declama sua fidelidade ao rei Verde. Acreditar em Ulf será sempre problemático.

O amor à bebida é uma das características mais famosas dele, algo que será determinante no seu destino. Um oportunista descarado, ele vai domar a dragão Silverwing, que anteriormente pertencia à Rainha Alysanne Targaryen.

Assim como Hugh Hammer, Ulf vai lutar na trágica Batalha da Goela (que vai custar a vida de Jacaerys) e com isso ter destaque entre os pretos. Assim como fez com Hugh, Daemon sugere à esposa que como compensação por seus esforços, que a Rainha dê à Ulf a filha do falecido Lorde Stokeworth, mas Rhaenyra recusa, em vez disso, concedendo título de cavaleiro e terras em Driftmark.

Igualmente como acontece com Hugh, Rhaenyra também recusa a dica de Daemon de dar à Ulf a erra dos Baratheons e o Castelo de Stormsend, algo que Corlys influencia a nora a negar. Ou seja, ao ignorar o marido, Rhaenyra cava a própria cova deixando dois montadores de dragão decepcionados e irritados com ela.

Eles mudam de lado, mas nem a oferta dos Verdes é suficiente. Daeron é nomeado Senhor de Bitterbridge, mas ele quer a rica terra dos Tyrrels, Highgarden, o que não consegue. Sempre bêbado, reza a lenda que violentava três mulheres por noite e alimentava Silverwing com as que não gostava.

Não é surpresa que a dupla tenha sido útil para os Verdes, mas extremamente problemática e duvidosa também. Rapidamente a conspiração para matá-los é organizada, com o aval do Príncipe Daeron.

Hugh é morto antes da Segunda Batalha de Tumbleton, mas porque estava apagado e bêbado, Ulf sobrevive. Ao descobrir que o parceiro morreu “durante a batalha”, Ulf avisa que então ele é seu sucessor e que iria reivindicar o Trono de Ferro. Literalmente a gota que faltava para selar seu destino.

No dia seguinte, Sor Hobert Hightower traz dois barris de vinho para Ulf, que percebe que um deles está envenenado. Porém ser falastrão é problemático, seus assassinos antecipam seus passos. Ele acredita ter escolhido o vinho limpo depois de ver Ser Hobert beber, mas depois que be e três doses, “adormece” para nunca mais acordar.

O impacto dos traidores na história

Ulf e Hugh são exemplos de como a guerra civil Targaryen, não era apenas uma luta entre os nobres, mas também envolvia personagens de origens mais humildes que conseguiram conquistar poder através dos dragões. Eles simbolizam a instabilidade e a imprevisibilidade da guerra, onde alianças poderiam mudar rapidamente e a lealdade era frequentemente comprada ou forçada.

Ao mudarem de lealdade, eles contribuem para a prolongação e a intensidade do conflito, resultando em mais destruição e perda de vidas. Eventualmente, sua ambição desmedida levou à sua queda, exemplificando os perigos de se envolver em jogos de poder sem um senso claro de lealdade ou propósito. São personagens que adicionam uma camada de complexidade e realismo à narrativa, mostrando que a busca pelo poder pode corromper e destruir, não importa a origem ou a posição inicial de uma pessoa.

A traição de Ulf e Hugh representa um golpe significativo para Rhaenyra, pois ela perde não apenas dois aliados importantes, mas também os dragões que eles montam. E ela fica mais exposta no pior momento do Reino, acelerando seu fim também trágico.


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