A Dama do Lago: Inspirada em Crimes Verdadeiros dos Anos 60

Há uma expectativa grande para a série A Dama do Lago, estrelada por Natalie Portman e Moses Ingram (no lugar de Lupita Nyong’o) e sim, porque mais do que a adaptação de um best seller, é inspirada em dois crimes verdadeiros. True Crime, drama e suspense? Fórmula imbatível. Concorda? Vamos ver as histórias verdadeiras que inspiraram a série da Apple Tv Plus.

Sobre a série com Natalie Portman

A Dama do Lago é a adaptação do best seller de Laura Lippman, que segue Maddie Schwartz (Portman), uma dona de casa de meia-idade que deixa o marido e o filho para seguir carreira no jornalismo. Maddie se envolve na investigação do desaparecimento e morte de Cleo Sherwood (Ingram), uma mulher afro-americana cujo corpo foi encontrado em uma fonte.

Com uma estrutura narrativa não linear, com várias perspectivas (incluindo a dos mortos), o romance explora temas de raça, gênero e mudança social durante um período turbulento da história americana, os anos 1960s, marcados pela luta dos Direitos Civis e do Movimento Feminista, sendo que a determinação de Maddie em se reinventar e libertar-se das expectativas da sociedade é um tema central.

A autora deu o nome do livro não por conta da lenda comum de histórias de terror, mas de um crime real que aconteceu em sua cidade natal, Baltimore, nos anos 1960s. A Dama no Lago, alude ao mistério que cerca a morte de Shirley Parker, uma mulher negra de 33 anos que foi encontrada morta na fonte do reservatório Druid Hill Park e que foi ignorada pela mídia na época. No livro, e na série, é sobre a morte de Cleo Sherwood e às implicações mais amplas de sua história no contexto das questões sociais da época. Através da investigação de Maddie, Lippman destaca as histórias frequentemente esquecidas de indivíduos marginalizados e o impacto das desigualdades sistêmicas.

O segundo crime que entrará na trama será o sequestro e assassinato de Esther Lebowitz, uma menina de apenas 11 anos, uma menina judia branca cuja morte foi fortemente divulgada na época. E é justamente essa diferença que vai envolver Maddie na sua investigaÇão.

A trama é oficialmente descrita assim: Quando o desaparecimento de Tessie Fine, uma jovem atinge a cidade de Baltimore no Dia de Ação de Graças de 1966, as vidas de duas mulheres convergem para uma rota de colisão fatal. Maddie Schwartz (Natalie Portman) é uma dona de casa judia que busca se livrar de um passado secreto e se reinventar como jornalista investigativa, e Cleo Johnson (Moses Ingram) é uma mãe que navega no ponto fraco político de Black Baltimore enquanto luta para sustentar sua família. Suas vidas díspares parecem paralelas no início, mas quando Maddie fica obcecada pela morte misteriosa de Cleo, abre-se um abismo que coloca todos ao seu redor em perigo.

A verdadeira história de Shirley Parker, a Dama do Lago

Na noite de 2 de junho de 1969, uma equipe de manutenção foi acionada no reservatório Druid Hill Park, em Baltimore, para substituir as luzes queimadas da fonte no meio do lago. Acidentalmente, quando o local voltou a ser iluminado, um dos funcionários descobriu o corpo de uma mulher em estado de decomposição. Era o de Shirley Lee Parker, uma mulher de 33 anos anos e duas vezes divorciada, mãe de dois meninos, dada como desaparecida desde abril.

O corpo dela estava de bruços em cerca de meio metro de água, vestida com calça marrom, blusa amarela, laranja e branca e botas marrons, os trajes exatos das últimas vez que foi vista com vida, quando saiu com alguns amigos. Naquela noite, ela descobriu que seu namorado na época, Arno West, não apenas era infiel como usou o dinheiro dela para comprar presentes para a amante. Testemunhas relataram que o casal teve uma “discussão acalorada”, depois que Shirley descobriu a verdade e, segundo Arno, apara “se refrescarem”, saíram para uma caminhada da qual ela jamais voltou.

Segundo o relato dele, depois de iram a um bar, Shirley pediu para descer do carro para passear pelo parque e ele, “preocupado”, a seguiu e tentou convencê-la de “não nadar no lago”. Segundo sua declaração à polícia, ele deixou Shirley em casa, mas a mãe dela afirmava que ela nunca voltou. O detector de mentiras confirmou que o relato era falho, mas a polícia o liberou porque nenhum crime real foi cometido.

O desaparecimento de Shirley Parker gerou comoção na comunidade negra de Baltimore, com informações desencontradas. Apenas uma médium da cidade afirmou que estava recebendo vibrações e que a morte de Shirley “revelararia em breve um dos crimes mais horríveis da história”. Nas buscas de três semanas, a polícia fez buscas no local sem encontrar nada, muitos acham porque buscavam no lago e Shirley foi encontrada na fonte.

Como veremos na série, com Cleo Johnson, para sustentar seu filho (um estava com ela e outro com o ex-marido, na Pensilvânia), Shirley Parker trabalhou como “modelo de vitrine” numa rede de lojas de departamentos, assim como garçonete e secretária.

O avançado estado de decomposição do corpo atrapalhou a autópsia, mas confirmaram que não foi estrangulada, esfaqueada ou levou tiros, assim como não usou narcóticos. A conclusão foi que foi “morte por hipotermia”, mesmo que acreditassem que tivesse se afogado antes de ser colocada na fonte. Oficialmente, sem poder descartar nem mesmo o suicídio, o caso foi arquivado como “morte questionável”, mas não “um assassinato”.

Arno West, o último a estar com Shirley ainda viva, é o único suspeito, mas as provas circunstanciais impediram uma acusação formal (assim como o machismo da época, claro). Muitos acreditam que Shirley foi afogada ou deixada inconsciente por ele, que então escondeu seu corpo no meio da fonte e, se ela ainda estivesse viva, a deixou morrer. Algumas testemunhas disseram que viram um barco a remo na água naquela noite, entre outras acusações. Os filhos apostam mais em um acidente infeliz, que Shirley nadou no lago para clarear a mente, mas quando estava pronta para sair, se levantou, caiu para trás e bateu a cabeça na bica de onde sai a água, morrendo afogada,

A ver qual será a versão da série A Dama do Lago.

O desaparecimento e morte de Esther Lebowitz

A personagem Tessie Fine representa o cruel assassinato de Esther Lebowitz, também em Baltimore e no mesmo ano de 1969. Esther tinha 11 anos, que foi abusada sexualmente e morta numa tarde de setembro, com seu corpo sendo encontrado em uma vala perto de sua casa depois de dois longos dias de buscas que mobilizaram a cidade e o país.

Segundo testemunhas, na volta da escola para casa, Esther foi vista pela última vez com vida quando parou na loja de peixes tropicais de propriedade de Wayne Stephen Young. Quando ela não voltou da escola, os pais acionaram a polícia e logo os jornais transformaram a busca em uma cobertura sensacionalista.

O corpo sem vida de Esther, gravemente machucado, foi encontrado jogado na floresta perto de uma área deserta, não muito longe de onde morava. A investigação desconfia que o assassinato aconteceu durante um estupro ou tentativa de estupro, mas as acusações foram retiradas.

Além das testemunhas tendo visto Esther na loja de Wayne, o cascalho encontrado no cadáver da menina combinava com o cascalho do aquário na loja, e quando a polícia revistou o porão da loja, descobriu fios de seu cabelo e um martelo com seu sangue. Além disso, quando interrogado, Wayne, que tinha apenas 23 anos na época, falhou no teste de polígrafo e confessou o assassinato.

Mudando a confissão para “insanidade momentânea”, especialistas em psicologia ficaram divididos, com uns acreditando nele (tinha uma mãe repressora, com quem tinha brigado há pouco e teria tido um surto) outros identificando premeditação e frieza. O júri levou menos de 30 minutos para condená-lo à prisão perpétua, só não teve sentença de morte justamente por conta dos testemunhos conflitantes sobre sua sanidade. Wayne morreu atrás das grades, em 2015.

Tensão e mistério na versão da série

A Dama do Lago vai mesclar as diferenças e semelhanças dos dois crimes, prometendo gerar muita discussão nos dias de hoje. A série estréia no dia 19 de julho. Vamos acompanhar!


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