Recap do penúltimo episódio House of the Dragon: lutas de poder e traições

No penúltimo episódio da segunda temporada de House of the Dragon, percebemos que a guerra civil está confusa de todos os lados, sem liderança mas cheia de seguidores. Há uma meta, o Trono de Ferro, mas não há exatamente um propósito. Vou explicar melhor, a definição ambígua é reflexo do momento da história.

Do lado dos Verdes, até o momento vencendo a partida porque efetivamente seguram o trono, o Rei coroado se recupera de suas feridas na única batalha que participou, completamente destruído por dentro e por fora e em dor constante, com Aemond aguardando o exército que o apóia chegar ao próximo destino para lutar e do lado dos Pretos, há dois lados: o que Daemon tem lutado com dificuldade em Harrenhal, que é reunir as Casas de Riverland para apoiar Rhaenyra, e o lado dela, que não sabe o que o tio está fazendo, se recusa a cobrar uma resposta e – influenciada pela dúbia Mysaria – topa qualquer coisa para ganhar poder sobre os dragões que estão sem cavaleiros em Dragonstone. Receita avançada para o desastre.

Em King’s Landing, um rei incapacitado e um regente sem visão

Comecemos com os Verdes, que tem uma parte bem mais simples no jogo: ficar na defensiva.

Eu não sou dos fãs que contabilizam a velocidade de viagem em Westeros, na temporada passada viajar parecia mais rápido – se anunciava alguém, ele aparecia na Corte – mas deve ser que é por conta da Guerra pois Otto Hightower ainda não voltou para a capital. Isso tem um impacto maior porque sem a Mão do Rei para decidir o que fazer, Aemond pode dar ordens, mas quem ouve?

Alicent está em crise com a Lei do Retorno. Foi oficialmente demitida do Conselho, não tem conexão com os filhos que a preferem longe e invés de cuidar de Aegon, fica lambendo as próprias feridas. “Ganhou” uma cicatriz igual à que impôs à Rhaenyra e vive na pele o que a amiga enfrenta também: misoginia e opressão em uma sociedade machista. Não tem função, especialmente em dias de Guerra e por isso vai acampar na floresta, para repensar na vida (e contemplar suicídio?), nada de impedir Ser Larys Strong de tomar conta de seus filhos ou mencionar a visita de Rhaenyra. Está no compasso de espera para a volta do papai, tão inútil por hora como se espera dela.

Aemond é caolho, sabemos, e por isso não tenha a visão completa do cenário ameaçador à sua volta. Ao humilhar e se opor à Larys, reduziu sua regência em tempo e alcance mais rápido do que o seu sonhado embate com Daemon, pois o Mestre dos Suspiros é o maior vilão de House of the Dragon, sem concorrência.

Não é por empatia que Larys está empenhando na recuperação de Aegon, estando presente e sendo exigente, com aparência de atencioso ao Rei. Aegon está literalmente entregue em suas mãos e Larys tem pressa para minar as chances de Otto como Mão. Por isso, deixa Aemond vulnerável à estratégia de Rhaenyra com omissão vital de informação.

A ação mais maliciosa e importante de todo episódio não foi a semeadura de dragões, foi a decisão de Larys de acabar com Aemond. Ele é informado do que está acontecendo em Dragonstone e deixa acontecer. A atuação gigantesca de Matthew Needham é um dos pontos altos de House of the Dragon.

Quando Aemond descobre, no final do episódio, é tarde demais e agora os Verdes estão em desvantagem bélica: Rhaenyra tem mais dragões e pessoas para usá-los.

Rhaenyra adota a “estratégia Oprah: distribui dragões

Olha, Rhaenyra passa por maus bocados cercada de homens que a defendem como Rainha mas não a respeitam como líder. Nem mesmo Jacaerys a considera fazendo um bom trabalho e ele, diferentemente dos outros, sabe da profecia e da visão diplomática de sua mãe, que quer o trono porque tem uma responsabilidade moral que apenas herdeiros oficiais são informados. Um argumento tênue, tão frágil como uma mulher enfrentar sozinha as estruturas da sociedade patriarcal. Em outras palavras: Rhaenyra está fazendo tudo que acham que ela faria por ser mulher: bobagens.

Rhaenyra perdeu sua principal conselheira, Rhaenys, e deu a posição de Mão para Corlys de consolo porque o sogro chegou a Dragonstone todo orgulhoso, mas não tem feito nada nem mesmo procurado sua rainha para conversar. Ele está mais preocupado consigo mesmo, de restaurar sua frota e lidar com seu (s) filho (s) bastardo (s) do que achar a Rhaenyra e pôr ordem na casa. Uma zona!

O único focado e eficaz em todas as atitudes e ideias tem sido Jace, que conseguiu aliados no Norte e Riverlands, que pensou um plano de emergência para os Dragões e que viu sua mãe, influenciada pela suspeita namorada, ruir tudo em um gesto desesperado. Pobre Jace.

Jace deu a idéia à Rhaenyra de buscar cavaleiros para usarem os dragões disponíveis, mas traçou um plano tanto para justificá-lo como para assegurar que apenas pessoas confiáveis os dominassem. Seria difícil, era arriscado, mas havia previsão de comprometimento. Graças ao conselho de Mysaria, Rhaenyra foi mais imediatista e obvio que estragou tudo.

Ao descobrir que Seasmoke elegeu Addam de Hull como seu cavaleiro (R.I.P. Laenor, onde estivesse vivendo), Rhaenyra vê a saída para dar um cala boca nos homens que a questionam e se armar contra Aemond. Sob incentivos de Mysaria, claro, ambas sem a menor noção de Governo ou Guerra. Ora, sem questionar mais profundamente quem é Addam, a rainha se agarra no que ela já deveria saber: bastardos podem voar dragões tanto quanto Targaryens de pura linhagem. Seus filhos eram essa prova e Jace fica, justificadamente, magoado com a mãe por expô-lo oficialmente ao improvisar e ampliar a proposta que ele mesmo fez. É uma cena espetacular, aliás.

Jace sempre soube que seu pai era Ser Harwin Strong, mas se agarrou ao que Rhaenyra explicou no episódio 6 da 1ª temporada: ele era um príncipe Targaryen por causa dela e os dragões comprovavam isso. Como resumiu minha irmã: Rhaneyra ganhou a guerra, mas perdeu o trono. Ela tem mais armas para aniquilar os Verdes, que é o que ela acha que vai conquistar o respeito no Conselho e em Westeros, mas acabou de destruir a ordem sucessória pois como alerta Jace, literalmente qualquer um agora – especialmente os bastardos – pode se sentir apto a ser Rei, uma vez que ela o nomeou herdeiro. Uma zona que ela terminou a discussão sem captar o perigo, o que faz dela inapta para reinar no meu livro. Rhaenyra quer a Coroa pelo ego, igualmente à Daemon ou Aegon, nada do discurso hipócrita de missão divina ou preocupação de evitar derramamento de sangue.

Ao ignorar o alerta de Jace, não consultar Corlys ou pensar duas vezes, Rhaenyra se sente poderosa e validada, mas assim como Aemond, encurtou seus dias.

A semente da traição semeada de todos os lados

Rhaenyra está muito mal servida. Ser Corlys sempre quis uma coisa que era governar em nome de sua esposa. Como Mão, poderia governar por Rhaenyra, mas agora que sabe que seus bastardos podem voar dragões, sua lealdade volta a ficar flexível. Ele não precisa de uma Targaryen de escudo, tem o mar e o ar e Steve Touissant é outro que captou perfeitamente a elegância e ganância de sua personagem.

Sua expressão quando sabe que Addam está com Seasmoke é o prenúncio de seu futuro: ele nem precisa ou quer questionar a decisão de Rhaenyra de sair distribuindo dragões para bastardos, com isso ela colocou um filho dele na possível sucessão e é só o que ele quer. Jace está tão certo!

E chegamos então à ansiada sequência da semeadura, onde vemos que Ulf the White e Hugh Hammer saem vivos e armados com grandes dragões. Ver tantos dragões é o que muitos querem e estão fascinantes.

Descobrimos que Hugh é na verdade tio de Viserys e Daemon, uma revelação que muda toda perspectiva do que vai acontecer até o final de House of the Dragon e uma curiosidade espetacular. É claro que se você não leu Fogo & Sangue vai ficar bastante confuso de como uma princesa Targaryen virou prostituta e a série não se importa. Pelo menos não por hora. Agora Hugh voa com Vermithor e Ulf com Silverwing e é porque Ulf vai se exibir em King’s Landing que Aemond finalmente descobre o que Rhaenyra fez, sem poder usar Vaghar para encarar Syrax, Vermax, Moondancer. Vermithor e Silverwings juntos. E potencialmente, Caraxes. A vantagem numérica aérea é dos Pretos e a Guerra ganha novos contornos.

A hora da verdade para Daemon

Harrenhal virou uma terapia intensa, alucinógena e dura para Daemon, seja em delírios ou realidade. Ele demanda de todos o reconhecimento de Rei, não apenas consorte, porque não está errado ao reconhecer que Rhaenyra tem o título, mas nenhuma Casa a seguirá sem um homem como ele ao seu lado, portanto pra que manter as formalidades e não admitir a verdade?

O que ele percebe é que assim como as mulheres não vencem o preconceito, sua impopularidade tampouco o qualifica para que seja aceito. Jogar sujo tem consequências e ele joga de forma imunda. Depois de noites sem dormir, semanas sem dar atualização de como está sua missão de reunir forças para lutar pela esposa, Daemon consegue os números para lutar, mas ainda tem que entender o que ele realmente quer para ele mesmo.

Em seus delírios constantes, sabemos que ele se sente mal pela morte de Jaehaerys, que tem vontade de matar Rhaenyra e que a vê ainda muito jovem, que queria se sentir especial e melhor que Viserys (a cena com sua mãe) e agora tem que, lembrando de como a Coroa destruiu o irmão, assumir se a quer para si ou realmente vai lutar por Rhaenyra.

A resposta é um tanto óbvia, o caminho foi longo e um tanto repetitivo, mas nos permitiu conhecer Daemon por dentro como não está nem nas páginas. O problema que ele não antecipou foi ter deixado Mysaria em Dragonstone. Até onde ele sabia, presa, mas, quando voltar, verá que ela ocupou seu lugar na cama e nos ouvidos de Rhaenyra e recuperar esse lugar será um desafio ainda maior do que lidar com Aemond e Vhagar.

E agora? Como vamos nos despedir?

O episódio final de House of the Dragon servirá para reencontrarmos Otto Hightower, conhecer Daeron Targaryen, e entender os próximos passos. Sei que os que odeiam Ser Criston Cole, um tanto afastado agora que Aemond é regente e preferiu trazer o avô de volta. Esse estranhamento entre eles pode ser por ciúme duplo: Ser Criston defendeu Aegon quando Aemond tentou se livrar dele e está claro que o príncipe sabe do que Alicent e Cole andavam fazendo nas horas vagas. Ou seja, mandou Ser Criston Cole para a morte certa e ela pode ser a conclusão da temporada.

A minah dúvida é se nos despediremos de Ser Criston ou de Jace primeiro, e, seguindo a escola da temporada anterior, acredito que será o adeus ao príncipe bastardo. Infelizmente.

Outra relação que promete evoluir é a de Aemond e Helaena, uma teoria popular ainda não explorada. Vemos que Aemond pede a ela que voe com ele na batalha, será que a série vai mudar tanto o livro assim?

Seja como for, temos apenas um domingo antes do longo hiato novamente. Podemos sonhar com a República em Westeros?


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