Quem acompanha a dança clássica mundial sabe que entre as mais populares do momento estão as estrelas do Royal Ballet: Marianela Nuñez e Natalia Osipova, sendo que a russa é literalmente um foguete. Conhecida por sua elasticidade e leveza, frequentemente a bailarina “desafia a gravidade” com saltos tão altos que parece ter asas. Porém, depois de alguns anos lidando com “dor crônica”, como ela mesma resume, a estrela está presa ao chão por alguns meses.
“Após quatro anos suportando dores crônicas e o cancelamento imprevisto da minha apresentação programada, finalmente passei por um procedimento cirúrgico com o objetivo de aliviar meu desconforto. Vejo isso como uma oportunidade de embarcar em uma jornada de reabilitação e recuperação”, escreveu no Instagram. “Infelizmente, ainda estou no meio da minha recuperação e não poderei comparecer ao evento na Cidade do México @despertaresmex. Peço sinceras desculpas àqueles que anteciparam minha presença no México e espero sinceramente por uma oportunidade de visitá-la em um futuro próximo”, acrescentou.
Natalia foi corajosa. A frequência de bailarinos machucados ao longo de extenuantes temporadas ou treinamentos não é pequena e, ainda em 2018, ela celebrou estar fora do grupo. “Não tive nenhuma lesão séria que me fez ficar fora por um ano ou meio ano. Tive lesões menores. Tive uma lesão no quadril em que meu quadril estava saindo do encaixe o tempo todo e descobri que rompi a cartilagem, e me disseram que eu não podia mais dançar e que eu tinha que fazer uma cirurgia porque ela continuaria a se deslocar. Acabei conseguindo tratar, mas tive uma situação em que pensei que nunca mais conseguiria dançar e fiquei muito deprimida. Foi muito difícil. Eu simplesmente não conseguia acreditar que era verdade. Então me forcei a fazer o tratamento, fazendo todo o possível, e consegui voltar a trabalhar bem rápido”, ela compartilhou em uma entrevista na época, explicando que se recuperou sem passar por uma cirurgia. “Decidi que conseguiria lidar com isso sozinha. E com a ajuda de um ótimo fisioterapeuta, consegui fortalecer adequadamente todos os músculos ao redor da lesão. Eu me escutei, sabia que não queria a cirurgia. Graças a Deus tudo se encaixou e consegui trabalhar novamente”, continuou.


No entanto, em junho de 2024, em uma entrevista ao The Times, Natasha (como chamam fãs e amigos), que tem apenas 38 anos, já prevê estar se encaminhando para a etapa final de sua carreira na dança clássica, estimando ter “talvez cinco, talvez 10 anos”. Isso porque, justamente, nos últimos três anos vinha lutando contra a lesão no tornozelo que a forçou a cancelar várias apresentações antes da cirurgia. “Preciso remover um pequeno pedaço de osso”, explicou há poucos meses, esperando conseguir terminar sua temporada antes. Não foi possível e agora ela já está em recuperação, mas longe dos holofotes.
Nascida em Moscou em 1986, Natalia Osipova alucinava seus pais com suas travessuras de escalar arvores e quebrar janelas desde cedo, sonhando com uma carreira de ginasta. Porém, mesmo para uma menina tão ativa, as algumas quedas feias inspiraram a troca de barras: em vez da ginástica, a fixa do balé poderia ser mais apropriada, entrando para o balé com cinco anos.
Em apenas três entendeu que essa seria sua vocação e passou para o treinamento mais sério, se formando em 2004 já com destaque. O irônico é que embora brilhante, a bailarina tenha lembranças vívidas de se apontada como inadequada por ser baixa e forte. Eram anos onde ainda precisava se encontrar como artista e as críticas a marcaram profundamente. Mesmo assim, em 2010 já era a principal do Bolshoi e uma estrela internacional.


Depois de passar em diferentes companhias ao redor do mundo, Natalia Osipova é uma das bailarinas principais do Royal Ballet desde 2013 e Londres é mesmo sua casa. Na companhia, brilha nos tradicionais Giselle, Lago dos Cisnes e Romeu e Julieta, assim como peças mais modernas ou até peças “diferentes” do que esperaria dela, sempre se destacando e conquistando o público. Até como atriz já deu seus primeiros passos, num papel coadjuvante no longa Joika, sobre a bailarina americana Joy Womack, a primeira americana a ser formar na rígida escola do Bolshoi.
O período de recuperação de Natalia Osipova deve afastá-la das apresentações até o final do ano, mas pode render mais anos para a bailarina no palco mais à frente. Aqui nossa torcida por uma recuperação rápida e alguns momentos da grande estrela nos palcos.
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