Uma grande surpresa para muitos, especialmente os mais jovens, é que em 2024 o “melhor filme” britânico do século 20, segundo a pesquisa do British Film Institute tenha sido O Terceiro Homem, que, em setembro de 2024, completa 75 anos.
Vencedor da Palma de Ouro em 1949 e vencedor do Oscar de Melhor Cinematografia – Preto e Branco para Robert Krasker em 1951, o filme de Carol Reed foi um sucesso de crítica em sua época e chegou ao topo de dezenas de listas de melhores nas décadas que se seguiram. Agora é considerado por muitos especialistas um dos melhores filmes já feitos, com algumas das melhores performances, música e cinematografia já criadas.

A trama se passa na Viena pós-Segunda Guerra Mundial, uma cidade dividida em zonas controladas pelos Aliados (Estados Unidos, Reino Unido, França e União Soviética). O personagem principal é Rollo Martins (Joseph Cotten), um escritor de livros de faroeste que chega à cidade a convite de seu amigo de infância, Harry Lime (Orson Welles), que lhe prometeu um emprego. No entanto, ao chegar, Martins descobre que Lime morreu recentemente em um acidente de carro.
Desconfiado das circunstâncias da morte do amigo, Martins começa a investigar e descobre que há algo muito mais sinistro por trás do acidente. Ele encontra várias pessoas que conheciam Lime e começa a perceber que seu amigo estava envolvido em atividades criminosas, incluindo o mercado negro de penicilina adulterada, que causou a morte de várias crianças. A história se desenrola com várias revelações chocantes e a reviravolta mais significativa ocorre quando Martins descobre que Lime está vivo e fingiu sua própria morte para escapar das autoridades.
A cidade de Viena, que é maravilhosamente capturada pela cinematografia icônica de Krasker, é a grande personagem do filme, dividida, explorada, misteriosa. Com um Orson Welles no auge (e em uma de suas atuações mais elogiadas) O Terceiro Homem é um filme para ser visto várias vezes e estudado em detalhes.

Mesclando imagens com movimentos expressionistas alemães, outra inovação do filme foi a trilha sonora, que dispensou orquestras e apostou na Cítara de Anton Karas, e até hoje soa extremamente moderno por isso.
O Terceiro Homem é dos filmes prediletos de Akira Kurosawa e Martin Scorcese, sendo que esse escreveu sua tese de formatura em cima da obra. Sabe aqueles filmes que são obrigatórios? Sem dúvida esse é um deles. Com suas falas infinitamente citáveis, prêmios e prestígio, o filme foi restaurado em 4K e se mantém assustadoramente atual mesmo 75 anos depois. Faz parte das lendas do cinema, para os fãs de histórias e filmes de qualidade, vale conferir porque também é um estudo da capacidade humana para a depravação, exploração e avareza. Mais do que uma obra prima de estilo e fotografia, é “uma jornada profunda em um coração de escuridão”. E, uma obra-prima.
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